'Santa Teresinha viveu o centro do Evangelho'

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02 de outubro de 2019

No dia 1º de outubro, a Igreja celebra a memória litúrgica de Santa Teresinha do Menino Jesus, doutora da Igreja e padroeira das missões.

Na tarde desta terça-feira, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, presidiu missa solene na Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus, em Higienópolis.

A missa foi concelebrada pelos frades carmelitas descalços, responsáveis pela Paróquia.

MODELO DE SANTIDADE

Na homilia, Dom Odilo destacou que Santa Teresinha é uma santa admirada por muitos católicos e partilhou que também nutre uma grande devoção pela Santa carmelita.

"Ainda na adolescência, eu pude ler sua autobiografia, intitulada 'História de uma alma', e fiquei muito impressionado com seu testemunho de fé", afirmou o Cardeal, chamando a atenção para o fato de, desde cedo, a pequena Teresa manifestava o desejo de se consagrar a Deus, a ponto de recorrer ao Papa Leão XIII para autorizar o seu ingresso no Carmelo.

"O que impressiona em sua vida consagrada no Carmelo é a experiência de fé que ela viveu, de forma bela e simples, sendo reconhecida como um caminho de vida espiritual que vale para todos", completou.

O Arcebispo explicou que por essa razão, a Igreja a coloca como um exemplo a ser imitado, tanto que a proclamou doutora da Igreja.

PEQUENA VIA

"O caminho da fé vivido por Santa Teresinha é o da infância, da filiação e do reconhecimento de Deus como Pai" acrescentou Dom Odilo, referindo-se ao modelo de espiritualidade proposto pela Santa, também conhecido como "pequena via".

"O reconhecimento de Deus como Pai expresso pela filiação divina também se estende aos outros. Não posso reconhecer Deus como Pai sem reconhecer os outros como meus irmãos. Santa Teresinha nos ensinou este caminho", frisou o Cardeal.

Dom Odilo enfatizou que a carmelita viveu o centro do Evangelho. "Ela viveu a vida espiritual de forma prática e simples, que podem ser imitadas por todos nós".

Por fim, o Arcebispo recordou que nesta data também se inicia o Mês Missionário Extraordinário, convocado pelo Papa Francisco para a Igreja em todo o mundo. "Que possamos viver uma verdadeira conversão e renovação missionária, como nos pede o Papa Francisco", concluiu. 

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Dom Odilo Scherer comemora 70 anos de vida

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24 de setembro de 2019

O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, presidiu no domingo, 22, na Catedral da Sé, missa em ação de graças pelo seu 70º aniversário, completado no sábado, 21.

A celebração reuniu padres, fiéis, colaboradores, familiares e autoridades, dentre as quais, o governador do Estado de São Paulo, João Doria, e o prefeito da capital, Bruno Covas.

“Obrigado a todos pela presença... Eu sei que tem muita gente fazendo aniversário por esses dias, em setembro, início da primavera nasceu muita gente. Quero convidar a agradecermos juntos a Deus pelo dom da vida, alegra-nos juntos por estarmos vivos, isso é dom, é graça de Deus, é coisa boa”, afirmou Dom Odilo, no início da missa.

GRATIDÃO

No final da missa, o Cura da Catedral, Padre Luiz Eduardo Baronto, saudou o aniversariante em nome de todo o povo da Arquidiocese. “Deus seja bendito pela sua vida. Em pleno início da primavera o senhor faz aniversário. A primavera é uma estação cheia de significados para toda a criação e mais ainda este ano para o senhor, afinal, chegou aos 70 e renovar-se é preciso”, disse.

“Aos 70 anos, sua vida transformou-se em fruto de amor para a Igreja, especialmente pela Igreja de São Paulo, que desde sua nomeação como Arcebispo tornou-se a sua esposa, uma esposa que o Senhor ama e cuida. Deus o recompense por tudo”, continuou o Cura.

Em seguida, Dom Odilo recebeu como presente uma muda de oliveira, e um quadro que retrata a Catedral da Sé.

BIOGRAFIA

Nascido em 21 de setembro de 1949, em Cerro Largo (RS), ele foi ordenado sacerdote em 7 de dezembro de 1976 na cidade de Quatro Pontes (PR), na Diocese de Toledo. Em 28 de novembro de 2001, São João Paulo II o nomeou Bispo Auxiliar de São Paulo, sendo ordenado em 2 de fevereiro de 2002, pelo então Arcebispo de São Paulo, Cardeal Cláudio Hummes, na Catedral de Toledo.

Em 20 de março 2007, ele foi nomeado 7º Arcebispo de São Paulo, tomando posse em 29 de abril de 2007. Em 24 de novembro 2007, Dom Odilo foi criado Cardeal da Igreja.

(Colaborou: Jenniffer Silva)

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Cardeal Scherer ressalta que preocupação da Igreja com a Amazônia não é recente

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02 de outubro de 2019

Durante sua viagem a Roma, por ocasião do encontro da presidência do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam) com o Papa Francisco e departamentos de Cúria Romana, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, conversou com o Vatican News sobre assuntos relacionados ao Sínodo para Amazônia, que acontecerá entre 6 e 27 de outubro, no Vaticano.

Primeiro Vice-Presidente do Celam desde maio, Dom Odilo comentou seu recente artigo publicado no jornal O Estado de S. Paulo, no dia 14, com o título “Sínodo da Amazônia no fogo das polêmicas”, fazendo referência às queimadas que vêm acontecendo na região amazônica.

ÂNIMOS INFLAMADOS

“As atenções estão voltadas para as questões de mudanças climáticas que estão sempre mais acentuadas e, também, as discussões internacionais sobre a parte de cada um nas responsabilidades em torno dessas mudanças. Entraram vários tipos de interesses e enfoques”, explicou. Nesse sentido, Dom Odilo afirmou que por conta desse contexto, até o Sínodo para a Amazônia, convocado pelo Papa Francisco em 2017, acabou “na mira dos ânimos mais aquecidos”.

O Arcebispo destacou, ainda, que há um conjunto de fatores que favoreceram tanto o crescimento dos incêndios quanto das polêmicas entorno das questões ambientais no País. Na entrevista, ele apontou como exemplo o fato de o atual Governo Federal ter dado “sinais de afrouxamento das leis de controle ambiental”, desativando ou enfraquecendo organismos voltados para esse fim.

‘CRISTO APONTA PARA A AMAZÔNIA’

No entanto, o Cardeal Scherer enfatizou que a preocupação da Igreja Católica com a destruição da Amazônia e com os problemas ambientais daí decorrentes não se iniciou com o atual governo do Brasil. Para confirmar isso, ele recordou o que afirmaram os participantes do encontro preparatório do Sínodo, realizado em agosto, em Belém (PA), na qual expressaram novamente sua preocupação diante das questões ambientais da Amazônia e das ameaças contra a ação da Igreja naquela região.

“Recordaram que desde 1952 os bispos da área vêm tomando posição diante desses problemas. Em 1972, o Papa Paulo VI fez um forte apelo em favor da Amazônia. ‘Cristo aponta para a Amazônia’, disse ele, indicando que a Igreja devia inserir-se mais e mais naquela realidade”, mencionou o Arcebispo.

O Cardeal Scherer também lembrou o documento "Em defesa da Amazônia", emitido pelos bispos da região em 1990, chamando a atenção para o desastre iminente, “com consequências catastróficas para todo o ecossistema mundial”. De igual modo, os apelos em favor da Amazônia também aparecem nas conclusões da 5ª Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, realizada em Aparecida em 2007, quando afirma que: “A natureza deve ser protegida contra toda forma de depredação e destruição irracional. Cabe-nos uma responsabilidade moral diante das ameaças à Amazônia”.

EVENTO ECLESIAL

O Purpurado ressaltou que o Sínodo para Amazônia é um evento da Igreja Católica com o objetivo de “refletir sobre o conjunto da realidade amazônica, envolvendo o homem, o ambiente natural e a missão da própria Igreja na grande Amazônia”.

“O Papa Francisco não é contrário à soberania nacional nem à autodeterminação de nenhum país, nem convoca bispos para tramarem contra os legítimos interesses de cada povo e cada país. Não se justifica a suspeita, levantada no ambiente aquecido das paixões nacionalistas, de que a ação da Igreja Católica na Amazônia sirva a interesses estrangeiros”, enfatizou o Cardeal.

Dom Odilo conclui o artigo reiterando que a soberania brasileira sobre sua parte da Amazônia é inquestionável para a Igreja. E citando novamente o manifesto de Belém: “Entendemos, no entanto, e apoiamos a preocupação do mundo inteiro em relação a esse macrobioma, que desempenha uma importantíssima função reguladora do clima planetário.”

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Cardeal Scherer realiza visita missionária em Pemba, Moçambique

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18 de agosto de 2019

O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, realiza até 21 de agosto uma visita missionária à Diocese de Pemba, em Moçambique, no continente africano, como representante da presidência do Regional Sul 1 da CNBB.

O objetivo da visita é acompanhar de perto as missões mantidas pela CNBB na região, além de motivar os missionários brasileiros.

A Regional Sul 1 da CNBB mantém três projetos missionários na Diocese de Pemba. Ao todo, 12 brasileiros entre padres, religiosos(as) e leigos(as) participam do projeto batizado Missão Africa-Pemba, nas aldeias de Nangade, Mazeze e Metoro.

A Diocese de Pemba tem como bispo Dom Luís Fernando Lisboa, brasileiro radicado em Moçambique há 17 anos, seis como bispo. Possui 2,1 milhão de habitantes, 22 paróquias, cada qual com dezenas de capelas e comunidades espalhadas em aldeias.

Dom Luís Fernando, em entrevista ao O SÃO PAULO, conta que a Igreja Católica em Moçambique desempenha um papel fundamental no desenvolvimento da população. Segundo o Bispo, milhares de pessoas nunca pisaram em uma escola. O sistema público de ensino é bastante precário, chegando a ter até cem alunos em uma única sala de aula.

“Nas pequenas aldeias, é oferecido somente o primeiro estágio do ensino fundamental. Nas aldeias médias, o ensino vai ate o segundo estágio, e somente nas grandes cidades há o ensino médio. Cerca de 40 % da população é analfabeta. Grande parte da rede de ensino disponível é mantida pela Igreja Católica, com subsídios do Estado”, explicou o Bispo.

Missão de São Jose

Em seu segundo dia de visita, na terça-feira, 13, Dom Odilo conheceu a Missão de São Jose. Fundada em 1934 por missionários Monfortinos e localizada no município-distrito de Montepuez,  a missão comporta o Santuário Nossa Senhora de Fatima, centro de peregrinação e sede da paróquia local; o Seminário Propedêutico São Paulo Apóstolo e a Escola Comunitária Secundaria Dom Bosco, uma das poucas em Moçambique a oferecer o ensino médio. Atualmente, a escola atende cerca de 400 jovens com até 25 anos.

Com 220 mil habitantes, Montepuez é a segunda maior cidade de Pemba.

Na chegada, Dom Odilo e a equipe que o acompanha foram recebidos pelos seminaristas com um canto de boas -vindas. Após conhecer todo o complexo da missão, o Cardeal presidiu a Santa Missa, cantada pelos seminaristas em Makua, um dos mais de 30 idiomas nativos falado em Moçambique.

Em sua homilia, o Cardeal Scherer, falando dos mártires São Ponciano, Papa; e Santo Hipólito, Presbítero, cuja memoria foi celebrada, recordou a todos que a Igreja Católica, ao longo dos séculos, sofreu e tem sofrido diversas perseguições, incluindo o martírio de Papas, mas nem por isso acabou. “A Igreja pertence a Jesus Cristo”, recordou.

Pemba tem sofrido violentos ataques nos últimos meses. Um grupo de homens invadiu quatro aldeias durante a noite, matando seus moradores e incendiando as suas casas. Nenhum grupo reclamou a autoria.

“Estamos diante de um inimigo invisível”, afirmou Dom Luís Fernando à reportagem. O Bispo não acredita que os ataques tenham motivação religiosa, mas sim, econômica. Suspeita que visam afastar a população local da região, rica em gases e derivados de petróleo.  

A missa foi concelebrada por Dom Luís Fernando, pelo Padre Dinis, Reitor do Seminário Propedêutico, pelos sacerdotes brasileiros em missão na região e pelo Diretor do Jornal O SÃO PAULO, Padre Michelino Roberto, que acompanha Dom Odilo nessa visita missionaria. Participaram ainda o Diácono Marco Domingues, Secretario Administrativo da Regional Sul 1; jornalistas da TV Canção Nova, além de um grupo de leigos que fazem parte da missão.

CLIQUE E VEJA AS FOTOS DA VISITA DE DOM ODILO À MISSÃO SÃO JOSÉ

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Deus sempre é o centro da Liturgia

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10 de mai de 2019

O Cardeal Gerhard Ludwig Müller, Prefeito Emérito da Congregação para a Doutrina da Fé, visitou a Arquidiocese de São Paulo entre os dias 26 e 28 de abril para o lançamento do primeiro volume da coletânea das “Obras Completas” (“Opera Omnia”) do teólogo Joseph Ratzinger, o Papa Emérito Bento XVI.

Publicado pelas Edições CNBB, o volume tem como título “Teologia da Liturgia – O Fundamento Sacramental da Existência Cristã”. Esse também foi o tema das conferências que o Cardeal realizou na Faculdade de Teologia da PUC-SP, no Ipiranga, na sexta-feira, 26, e no Mosteiro de São Bento, no centro, no sábado, 27. 

O Cardeal Müller foi acolhido pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo e Presidente da Sociedade Ratzinger do Brasil, criada em 2017 pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasl (CNBB), com a finalidade de traduzir e divulgar as obras de Bento XVI e promover atividades de estudo e pesquisa sobre seu pensamento teológico. Editor responsável pela tradução e organização da coleção dos escritos teológicos de Ratzinger em Língua Alemã, Dom Gerhard também realizou conferências em Porto Alegre (RS) e no Rio de Janeiro. 

 

A LITURGIA

Nas conferências, o Cardeal Müller explicou que, ao longo de sua vida acadêmica, o Papa Bento XVI sempre se esforçou por alcançar uma compreensão adequada da Liturgia. “O que está em debate não é a forma, o exterior do rito e alguns de seus detalhes, senão sua compreensão cristológica e a participação ativa na Liturgia no espírito teocêntrico”, afirmou.

“A congregação da Igreja em torno de Cristo, Palavra e sacramento, sobre o altar, é expressão da atualização do sacrifício de Cristo ao Pai, que inclui, também, a entrega de todos os membros deste corpo ao Pai. Dessa maneira, realiza-se a comunhão mais íntima do homem com Deus e com os seus semelhantes, em Cristo, a Palavra de Deus feita carne, e Senhor crucificado com seus braços estendidos, clamando ao Pai. A Liturgia sempre é teocêntrica, ou seja, Deus é o centro”, afirmou o Cardeal.

 

CORPO DE CRISTO

Ainda segundo o pensamento de Ratzinger, a Liturgia deve ser compreendida como expressão total e objetiva da vida da Igreja e um instrumento para a formação de um senso eclesial. “Na Liturgia, acontecem a união com Jesus Cristo, a impressão da Palavra de Deus na ação do homem e o direcionamento da vontade do coração humano pelo poder do Espírito Santo, o seguimento de Cristo, a experiência da comunidade dos fiéis, a manifestação da comunhão de vida com Cristo e com todos os membros do seu corpo”, ressaltou Müller. 

A Igreja é, portanto, a comunhão com Deus e com os demais fiéis como membros de seu corpo. “Não somos membros de uma mesma associação, mas de um mesmo corpo, que é Cristo. A Igreja oferece a si mesma ao ser oferecida por Cristo ao Pai”, continuou o Purpurado. 

 

REFORMA

Ao tratar da reforma litúrgica proposta pelo Concílio Vaticano II, o Cardeal Müller ressaltou que tal reforma não deve ser entendida como “uma ruptura com a Tradição”. 

“A contraposição da Teologia e Liturgia pré-conciliares e pós-conciliares é contrária à vida da Igreja e demonstra ser cada vez mais um instrumento ideológico que faz romper a unidade da Igreja na continuidade da sua tradição apostólica e a mediação histórica da Igreja na Revelação”, disse. 

Por essa razão, a Liturgia não deve ser transformada em “campo de experimentos e hipóteses teológicas”, pois possui a sua grandeza naquilo que ela mesma é e não naquilo que se realiza com ela. “A liturgia não é expressão da consciência da comunidade, é a Revelação acolhida na fé e, portanto, a sua medida é a fé da Igreja, o recipiente da Revelação”.

 

VALOR DE DOMINGO

Ao comentar a apresentação do Cardeal Müller, Dom Odilo recordou as palavras de Bento XVI no discurso inaugural da V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, em 2007, no qual o Papa Emérito falou sobre a missa dominical como centro da vida cristã. 

“A participação dos pais com seus filhos na celebração eucarística dominical é uma pedagogia eficaz para comunicar a fé e um estreito vínculo que mantém a unidade entre eles”, diz o texto citado pelo Arcebispo. 

No discurso, Bento XVI reforça, ainda, a necessidade de os cristãos sentirem “que não seguem um personagem da história passada, mas Cristo vivo, presente no hoje e no agora de suas vidas”. 

 

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Dom Odilo defende o dever do Estado em garantir a liberdade religiosa e de expressão

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10 de abril de 2019

Anualmente, desde 2015, a comunidade de estudantes brasileiros na região de Boston, nos Estados Unidos, organiza a “Brazil Conference at Harvard & MIT”, um espaço plural para discutir o passado, o presente e o futuro do Brasil.

A edição 2019 aconteceu entre os dias 5 e 7, com diferentes painéis de diálogos envolvendo pesquisadores acadêmicos, políticos e autoridades civis e religiosas.

No sábado, 6, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, participou de um dos painéis, que tratou das relações entre Estado e Religião no Brasil, com enfoque na questão da laicidade do Estado.

Mediada pela jornalista Flávia Oliveira, do grupo Globo, a atividade também contou com a participação de Luís Roberto Barroso, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF); de Raquel Dodge, procuradora-geral da República; e da deputada federal Geovania de Sá (PSDB-SC), que integra a bancada evangélica na Câmara dos Deputados.

O SÃO PAULO apresenta a seguir uma síntese da fala do Cardeal Scherer no evento.

 

LAICIDADE

Inicialmente, o Arcebispo de São Paulo lembrou que no Estado laico não há uma religião oficial, garantindo-se, assim, a liberdade a todos os cidadãos e organizações religiosas de manifestação a respeito da própria religiosidade.

Dom Odilo recordou uma fala do Papa emérito Bento XVI na Conferência de Aparecida, em 2007, na qual o Pontífice afirmou que se a Igreja se transformasse diretamente em sujeito político, perderia sua independência e autoridade moral.

“A autonomia dos âmbitos estatal e religioso é, sem dúvida, um bem, quando adequadamente compreendida e praticada”, afirmou o Arcebispo, apontando, ainda, que tal independência não implica, necessariamente, ruptura ou hostilidade de ambas as partes nem obrigatório alinhamento quanto ao entendimento de temas referentes ao bem comum, direitos humanos, justiça social, entre outros.

 

PLURALISMO E NÃO TOTALITARISMO

Dom Odilo ressaltou que o Estado também deve garantir a todos os cidadãos a liberdade de expressão: “Se os cidadãos que têm fé religiosa não pudessem expressar livremente suas convicções ou lhes fosse tolhido o direito a participar das responsabilidades da sociedade e do próprio Estado, estaríamos diante do pensamento único e oficial, próprio dos Estados totalitários. A liberdade religiosa e o sadio pluralismo da convivência social ficariam comprometidos e os cidadãos religiosos passariam a ser discriminados e considerados de segunda categoria, o que não é raro acontecer”.

 

LIVRE ORGANIZAÇÃO

O Arcebispo de São Paulo também disse que no Estado laico deve ser assegurada às organizações religiosas “sua livre organização para atingir seus objetivos, sempre no respeito à lei comum. Não é, pois, aceitável que o Estado seja alocado a serviço de uma única corrente de pensamento, seja laico, seja religioso”.

Dom Odilo afirmou, ainda, que há uma ética natural, com valores fundamentais consolidados ao longo de milênios, como o respeito à vida, à família, à liberdade religiosa, à liberdade em geral, à justiça, à solidariedade, que devem ser respeitados.

 

O LUGAR E O AGIR NA POLÍTICA

Dom Odilo ressaltou que não cabe à Igreja substituir o Estado, mas que, como uma das organizações da sociedade, “a Igreja sente-se no dever de oferecer a sua contribuição específica, também por meio da formação ética e da oferta de critérios de discernimento coerentes, que tornem as exigências da justiça compreensíveis e politicamente realizáveis nas diversas circunstâncias históricas e sociais”.

Apontou, também, que cabe aos leigos e não à instituição eclesial participar da militância política. “No Estado laico, os católicos proporão as suas próprias convicções e agirão em nome próprio como cidadãos e não como representantes da instituição religiosa”, e que, por essa razão, “o templo católico não pode ser o local adequado para manifestações meramente cívicas ou políticas, sejam elas de quaisquer coloridos políticos ou ideológicos. Em tempos de plena liberdade democrática, como vivemos no Brasil, o lugar para essas manifestações é a praça pública e os espaços representativos da sociedade”, afirmou.

O Arcebispo de São Paulo também lembrou que o Papa Francisco tem exortado os católicos na América Latina a participar ativamente da vida pública.

 

POR QUE NÃO HÁ UMA FRENTE CATÓLICA NA CÂMARA?

Na fala final do painel, Dom Odilo esclareceu o porquê de a Igreja Católica não ter uma espécie de frente parlamentar no Congresso Nacional para tratar de algumas pautas.

“Achamos que não é o caso de fazer uma bancada católica, pois o parlamentar católico deve se sentir à vontade em participar de todas as causas boas que apareçam em qualquer frente e proposta que sejam apresentadas no Parlamento”, comentou, afirmando, ainda, que a participação na Igreja Católica dará a esse parlamentar princípios e convicções dos quais ele se valerá na hora de defender e propor leis.

 

PAPEL DA FAMÍLIA

Durante o evento, Dom Odilo foi questionado por um dos participantes sobre a função da família na sociedade brasileira.

O Arcebispo de São Paulo enfatizou que a família deve ser protegida, estimulada e amparada para que possa assumir suas funções humana e social, competências estas que não devem ser repassadas ao Estado. Ele comentou, ainda, que quando não há uma boa formação das pessoas no seio da família, o Estado colhe os maus frutos, como a delinquência e outros desajustes sociais.

“A família natural é formada por um homem e uma mulher, naturalmente considerando os filhos que podem vir ou não. Essa constituição originária da família, segundo a natureza, é prioritária. Por isso, as outras formas ou expressões de famílias não podem ser simplesmente igualadas ao que seria a família natural em seu papel humano e social”, afirmou.

Dom Odilo também reiterou o posicionamento da Igreja em favor da dignidade humana em todas as idades, da concepção à morte, opondo-se, assim, a práticas como aborto e eutanásia.

 

O QUE DISSERAM OS OUTROS PARTICIPANTES DO PAINEL

RAQUEL DODGE, procuradora-geral da República

Ao fazer uma retomada sobre as relações entre o Estado e as religiões no Brasil, ressaltou que o Estado deve assegurar a liberdade da prática religiosa e dos posicionamentos das religiões sobre diferentes temas, e que os debates a respeito destes devem ressoar no Parlamento brasileiro para que os frutos das reflexões sejam sistematizados em leis.

LUIS ROBERTO BARROSO, ministro do STF

Defendeu o direito de as Igrejas não realizarem celebrações de casamentos homoafetivos. Elogiou o fato de o STF ter equiparado tais uniões civis a uniões estáveis convencionais. Barroso também considerou o aborto como uma prática ruim, que o Estado deve evitar que ocorra, mas sem, no entanto, criminalizar a mulher que o pratica.

GEOVANIA DE SÁ, deputada federal

Destacou que as diferentes Igrejas chegam aonde nem sempre as devidas políticas públicas do Estado chegam. Comentou que os valores de amor e respeito, cultivados na família, na escola e na Igreja, são fundamentais para a manutenção da democracia. E destacou que, no Estado laico, a pluralidade de ideias e opiniões deve ser respeitada.

 

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Dom Odilo participa de encontro sobre católicos com responsabilidades políticas

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09 de abril de 2019

A cidade de Assunção, no Paraguai, sedia até sexta-feira, 12, o “Encontro de católicos com responsabilidades políticas a serviço dos povos latino-americanos”. Esse momento de diálogo entre políticos, bispos e cardeais engajados no âmbito da ação de políticas públicas no Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Chile.

A iniciativa é do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam) e da Pontifícia Comissão para a América Latina (CAL) e dá sequência às reflexões do encontro do Celam realizado em Bogotá, na Colômbia, em dezembro de 2017, que buscou renovar a consciência sobre a importância da presença e contribuição de discípulos e missionários da vida pública”. Também responde a um chamado do Papa Francisco ao laicato católico para que tome parte ativa na vida e nos destinos de seus países e povos.

O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, participa do evento que tem como objetivo de propiciar o compartilhamento de experiências, testemunhos e reflexões sobre a ação dos leigos católicos que assumem responsabilidades públicas a serviço dos povos latino-americanos, ao mesmo tempo que estes se colocaram em atitude de escuta e diálogo com os bispos e cardeais.

Nesse sentido, acontecerão dois painéis significativos: um sobre “O que dizem os políticos aos pastores?”, e outro sobre “O que dizem os pastores aos políticos?”.

Nos três dias de evento, os participantes irão refletir sobre a realidade democrática dos países do Cone Sul, as prioridades e desafios para uma política democrática segundo o magistério do Papa Francisco e do Episcopado Latino-Americano, e a regeneração da vida política, a partir da contribuição da Igreja, do diálogo, do pluralismo político e da Doutrina Social da Igreja.

A expectativa dos organizadores é que no encontro sejam tratados pontos fundamentais como: os desafios da identidade, unidade e integração latino-americanas; custo de vida; Matrimônio e família; importância da educação; crescimento econômico com justiça e igualdade; inclusão dos setores marginalizados e “descartados”; políticas para o pleno emprego; reabilitação da dignidade da política e da promoção de participação popular; cuidado da casa comum em sua ecologia natural e humana; combate contra o narcotráfico, corrupção e violências; construção da paz e das convergências nacionais e populares em favor do bem comum.

 

Entre os expositores do encontro estão o Cardeal Rubén Salasar Gómez, Arcebispo de Bogotá e Presidente do Celam; o Cardeal Marc Ouellet, Presidente da Comissão Pontifícia para a América Latina; o professor Rodrigo Guerra, membro do Dicastério da Santa Sé para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral; e o senhor José Antonio Rosas, Diretor da Academia de Formação de Líderes Católicos.

Na quinta-feira, 11, os participantes irão peregrinar ao Santuário Nacional de Caacupé, onde serão recebidos por Dom Ricardo Valenzuela Rios.  

 (Com informações da Conferência Episcopal Paraguaia)
 

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Via Sacra da Criança e do Adolescente acontece no próximo dia 12

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02 de abril de 2019

A Pastoral do Menor da Arquidiocese de São Paulo realizará a Via Sacra da Criança e do Adolescente na sexta-feira, 12 de abril. Este ano o lema “Serás libertado pela direito e pela justiça” dialoga com as reflexões da CF 2019.

Em carta enviada aos párocos, administradores paroquiais da Arquidiocese de São Paulo, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, falou sobre a relevância social do evento e da importância da valorização da vida.

LEIA A ÍNTEGRA DA CARTA

 

 

“A Via Sacra é momento forte em de defesa da vida, sobretudo de crianças e adolescentes. Um tempo de testemunho público da nossa fé na grande Metrópole e de anunciar que o Reino de Deus chegou para transformar as relações humanas e sociais para serem respeitosas, justas, solidárias e fraternas, escreveu o Cardeal.

 

PROPÓSITOS

A Via Sacra da Criança e do Adolescente terá início às 8h30, na Praça da Sé, com a bênção inicial e a primeira estação. Em seguida, haverá uma caminhada pelas ruas do centro da cidade.

Nas estações, ocorrerão atos em memória dos crimes ambientais (recordando os rompimentos das barragens nas cidade mineiras de Mariana, em 2015, e de Brumadinho, 2019), das vítimas da chacina ocorrida na Escola Estadual de Suzano (SP).

Também será dado destaque para os problemas decorrentes da ausência de Políticas Públicas de saneamento básico, moradia, saúde, educação, segurança e amparo à infância e adolescência na cidade de São Paulo.

Outros detalhes sobre a iniciativa podem ser obtidos pelo telefone (11) 3105-0722 ou pelo e-mail pastoraldomenor@gmail.com, com Sueli Camargo ou Ivan Bezerra.

 

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‘Escolher Deus em primeiro lugar’

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11 de março de 2019

Os retiros de carnaval são uma alternativa para muitos católicos que desejam passar os dias de festas que antecedem o início da Quaresma. São muitas as opções voltadas paras diferentes idades, realizadas por paróquias, comunidades e movimentos. Uma delas é o “Reviver”, que foi promovido pela Comunidade Católica Shalom do domingo, 3, a terça-feira, 5.

Na Arquidiocese de São Paulo, o “Reviver” aconteceu simultaneamente em três lugares diferentes, na Comunidade São Pio, no Parque de Taipas, Região Episcopal Brasilândia; no Colégio Agostiano Mendel, no Tatuapé, Região Episcopal Belém; e na Paróquia Nossa Senhora da Anunciação, na Vila Guilherme, Região Episcopal Santana, onde o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, presidiu a missa de encerramento do retiro.

Realizado em todo Brasil, o Reviver tem o objetivo de oferecer uma experiência de fé e espiritualidade para as pessoas no período do carnaval. “Muitas vezes, as pessoas acham que o Carnaval é só folia e festa, mas também pode ser ocasião de viver uma experiência com o amor de Deus”, explicou, ao O SÃO PAULO, Breno André Alves Dias, responsável pela missão da Comunidade Shalom na Arquidiocese de São Paulo.

 

PARA TODAS AS IDADES

Este ano, o evento teve como tema “Cristo é a nossa paz” (Ef 2,19). “Diante de tudo o que vivemos no mundo, anunciar a paz é essencial. Só que, para nós, a paz não é simplesmente a ausência de guerras e conflitos. A paz é uma pessoa, Jesus Cristo”, destacou o Responsável.

Durante a manhã, o tema central é desenvolvido e, à tarde, acontecem cursos voltados para jovens, famílias e pessoas que estão iniciando a caminhada de fé. Ao longo do dia, há momentos de oração, adoração ao Santíssimo Sacramento e missas. É um retiro para todas idades, inclusive para as crianças, por meio do “Reviver Kids”, com atividades de evangelização e oração voltadas especificamente para as crianças. “A proposta é poder reunir toda a família para que possa celebrar o amor de Deus”, acrescentou Breno.

 

COMUNIDADE MISSIONÁRIA

Dom Odilo iniciou a homilia chamando a atenção para o caminho sinodal vivido pela Arquidiocese de São Paulo, com destaque para o resultado dos levantamentos da realidade religiosa e pastoral realizado em todas as paróquias. Ele salientou que os resultados da pesquisa reforçam a necessidade de uma conversão pastoral e missionária na cidade: “Precisamos ser missionários, e vocês estão sendo uma comunidade missionária, procurando testemunhar a sua fé, ajudando outros a testemunhá-la”.

O Arcebispo recordou que a ação missionária não é apenas aquela realizada pelos que partem para outros países. “A Igreja tem de ser missionária também aqui. São Paulo é uma terra de missão. Nós temos muito trabalho a ser realizado. Precisamos compartilhar experiências como essa deste retiro, pare que outros possam vivê-la”, acrescentou, chamando a atenção para os muitos habitantes da cidade que se declararam católicos na pesquisa do sínodo, mas que não possuem nenhum vínculo com a comunidade eclesial. “Isso constitui um enorme campo de missão dentro de casa”, frisou.

 

DEUS EM PRIMEIRO LUGAR

Ao refletir sobre os textos bíblicos da liturgia do dia, Dom Odilo enfatizou o relato do Evangelho segundo São Marcos, que narra o encontro de Jesus com o jovem rico. “O texto diz que o jovem foi embora triste, pois tinha muitos bens. Com isso, Jesus não quer dizer que os ricos não se salvarão, mas que é preciso fazer uma escolha por Jesus, desapegar-se dos bens”, explicou.

O Cardeal continuou a reflexão reforçando que o apego aos bens se torna uma verdadeira idolatria que cega, capaz de tornar as pessoas insensíveis diante do bem maior, que é a vida eterna: “Deixar tudo é realmente fazer a escolha de Deus em primeiro lugar. E essa escolha não é feita somente pelos padres e freiras, mas também por todos os cristãos. Os bens são importantes, mas não podem ser idolatrados, pois Deus é o bem maior. É o primeiro mandamento: amar a Deus sobre todas as coisas”

 

QUARESMA

Dom Odilo também recordou o início da Quaresma, na Quarta-feira de Cinzas, 6. “Esse é um tempo de preparação para a Páscoa e, por meio da penitência, nós nos preparamos para renovar as promessas do nosso Batismo e nossa profissão de fé católica. Durante a Quaresma, somos convidados a fazer uma avaliação da nossa vida”, disse, incentivando todos a viverem esse período por meio do jejum, da oração e da esmola, como propõe a Igreja.

 

HÁ 15 ANOS EM MISSÃO

Em 2019, a Comunidade Shalom comemora 15 anos de missão na Arquidiocese de São Paulo. Em 19 de março de 2004, a associação de fiéis iniciou suas atividades na Região Episcopal Santana, a pedido de Dom Odilo, então Bispo Auxiliar de São Paulo.

O apelo missionário foi a principal motivação da Comunidade Shalom para realizar, pela primeira vez, três retiros simultâneos na Arquidiocese. “São Paulo é uma cidade muito grande. Por isso, é importante que as pessoas tenham oportunidade de participar de um evento desses sem precisar se locomover tanto. Sabemos que três eventos ainda são poucos quando pensamos no tamanho da cidade, mas este ano já contabilizamos em torno de 1,6 mil pessoas participando desses eventos”, ressaltou André Dias.

Para o Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Anunciação, Padre Antônio Laureano, acolher o “Reviver” na Paróquia foi uma oportunidade de conhecer melhor o trabalho evangelizador da comunidade. “Nossa comunidade se surpreendeu pelas várias atividades desenvolvidas nesses dias. Tudo isso confirmou o comprometimento da Shalom com a Igreja”, afirmou.

 

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‘Convertei-vos e crede no Evangelho’

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08 de março de 2019

O Cardeal Odilo Pedro Scherer presidiu, na Catedral Sé, missa solene da Quarta-feira de Cinzas, 6, que deu início ao tempo litúrgico da Quaresma. Nesta ocasião, a Igreja no Brasil também abriu a Campanha da Fraternidade 2019, cujo o tema é “Fraternidade e Políticas Públicas”.

A Quarta-feira das Cinzas é um dia especial de jejum e penitência, em que os cristãos manifestam seu desejo pessoal de conversão a Deus por meio do rito de imposição das cinzas.

TEMPO FAVORÁVEL

Na homilia, Dom Odilo chamou a atenção para o refrão do canto de entrada da celebração - “Este é o tempo favorável, este é o dia da salvação” (cf. 2 Cor 6,2) - para ressaltar o sentido do tempo quaresmal como convite à conversão em preparação para a Páscoa. “A Quaresma inicia com um apelo forte e insistente à conversão. As palavras ‘convertei-vos e crede no Evangelho’, ditas durante a imposição das cinzas, não são apenas rituais, mas um apelo de Jesus no início da pregação do Evangelho”, afirmou.

 

EXAME DE CONSCIÊNCIA

O Arcebispo recordou, ainda, que a Quaresma é ocasião de fazer um profundo exame de consciência sobre o modo como se vive o Cristianismo, as promessas batismais e os deveres que emanam da fé em Jesus. “A liturgia da Quaresma nos repetirá de várias formas este lembrete que hoje já ouvimos: ‘Hoje não fecheis o vosso coração, mas ouvi a voz do Senhor’. Deus nos fala no hoje de nossas vidas e, se estivermos atentos, nós o ouviremos”, disse.

“Como consequência dessa atitude de conversão, vem o reconhecimento da própria insuficiência e das escolhas erradas”, acrescentou o Cardeal.

 

CF 2019

No fim da missa, Dom Odilo entregou um exemplar do manual da Campanha da Fraternidade a representantes das regiões episcopais e vicariatos ambientais da Arquidiocese, incentivando todas as comunidades e organizações a aprofundar o tema proposto para a Igreja no Brasil.

Caminho de recolhimento em vista da Páscoa

A Quaresma é o tempo litúrgico de preparação para a Páscoa, celebração máxima da fé cristã. Desde o século IV, esse período de 40 dias é proposto como um tempo de penitência, renovação e conversão para a toda a Igreja.

O nome desse tempo deriva da palavra latina quadragesima. A exemplo de Jesus, que se retirou no deserto por 40 dias para orar e jejuar antes de iniciar sua vida pública, os cristãos são convidados a um “retiro e recolhimento” em vista das celebrações dos mistérios da Paixão, Morte e Ressureição do Senhor. “Todos os anos, pelos 40 dias da grande Quaresma, a Igreja une-se ao mistério de Jesus no deserto”, destaca o Catecismo da Igreja Católica (n. 540)

O número 40 também faz referência a outros acontecimentos bíblicos, como os 40 dias do dilúvio, os 40 anos de peregrinação do povo hebreu pelo deserto e os 40 dias em que tanto Moisés quanto Elias passaram retirados na montanha.

De acordo com o Catecismo da Igreja Católica, tanto a Sagrada Escritura quanto os primeiros Padres da Igreja destacam as três obras quaresmais: o jejum, a oração e a esmola, que “exprimem a conversão, em relação a si mesmo, a Deus e aos outros”

 

JEJUM E ABSTINÊNCIA

Na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta- -feira da Paixão, a Igreja prescreve o jejum e a abstinência de carne como um sacrifício em memória da Paixão de Cristo, que entregou a sua carne para a salvação da humanidade.

É chamada de jejum a privação voluntária de comida durante algum tempo por motivo religioso, como ato de culto a Deus. Na Bíblia, o jejum pode ser sinal de penitência, expiação dos pecados, oração intensa ou vontade firme de conseguir algo.

A abstinência de carne é prescrita a todos os maiores de 14 anos, enquanto o jejum aos maiores de 18 anos até os 59 anos. As pessoas doentes ou que estão muito debilitadas não estão obrigadas a cumprirem esse preceito.

 

ORAÇÃO

O exercício da oração indica todas as formas de relacionamento pessoal com Deus. O Catecismo lembra que a humildade é o fundamento da oração. “A humildade é a disposição necessária para receber gratuitamente o dom da oração: o homem é um mendigo de Deus” (n. 2559).

“Seja qual for a linguagem da oração (gestos e palavras), é o homem todo que ora. Mas, para designar o lugar de onde brota a oração, as Escrituras falam às vezes da alma ou do espírito ou, com mais frequência, do coração (mais de mil vezes). É o coração que ora. Se ele estiver longe de Deus, a expressão da oração será vã”, acrescenta o Catecismo (n. 2562).

 

ESMOLA

A prática da esmola refere-se às obras de misericórdia e a todas as formas de caridade que devem ser praticadas ao longo de toda a vida cristã. A doutrina da Igreja ensina que a prática da caridade cristã também implica renúncia e abnegação, isto é, dar a vida, dar-se aos outros.

São João Paulo II, na carta apostólica Salvifici Doloris, de 1984, apresenta a parábola do bom samaritano como um paradigma da caridade cristã, quando ele põe todo o seu coração, sem poupar nada, para socorrer o homem ferido à beira da estrada. Em outras palavras, dá a si próprio ao outro. “O homem não pode encontrar a sua própria plenitude a não ser no dom sincero de si mesmo”, diz o Santo.

 

‘A fraternidade é expressão elevada do amor ao próximo’

Antes da missa da Quarta-feira de Cinzas, o Cardeal Odilo Pedro Scherer concedeu uma entrevista coletiva, na Catedral da Sé, para apresentar o tema da Campanha da Fraternidade (CF) 2019. O Arcebispo de São Paulo enfatizou aos jornalistas que o principal objetivo da CF é promover a fraternidade na convivência comum e aprofundar o aspecto do amor ao próximo.

“A fraternidade é expressão elevada do amor ao próximo. Ela deve ir além de afetos vagos ou de gestos de filantropia e marcar de forma nova as relações interpessoais e também as relações sociais e públicas, para não dizer políticas. Jesus ensinou que precisamos passar da medida ética universal – ‘Não faça ao próximo o que não gostarias que fizessem contra ti’ – para a forma proativa do amor ao próximo: ‘Amai-vos como eu vos amei’”, disse Dom Odilo.

 

BEM-COMUM

O Arcebispo explicou aos jornalistas que a Campanha deste ano coloca a questão do uso e da destinação dos bens públicos, administrados pelas diversas instâncias dos três níveis do Estado: municipal, estadual e federal. “Nas denúncias e constatações de corrupção desses últimos anos, ficaram evidentes os problemas da má gestão ou desvio de recursos e de apropriação indébita do dinheiro e do patrimônio público, que deveriam servir à promoção do bem comum, em prol da sociedade inteira, e não para beneficiar alguns poucos”, enfatizou.

Dom Odilo acrescentou que os gestores públicos têm a competência e a obrigação de fomentar políticas para o emprego do dinheiro público na promoção da justiça social, da superação da miséria e dos sofrimentos do povo mais vulnerável e para promoção de oportunidades de vida digna para todos os cidadãos. “Em resumo, trata-se de promover uma autêntica fraternidade entre todos os cidadãos”, reiterou.

Segundo o Cardeal, os católicos devem participar ativamente na elaboração de projetos que promovam políticas públicas que estejam voltadas para a promoção do bem comum.

(Colaborou: Flavio Rogério Lopes)
 

PUC-SP promove debates sobre tema da CF 2019

Nos dias 26 e 27 de fevereiro, a PUC-SP realizou debates sobre o tema “Por políticas públicas com transparência e participação, à luz da Campanha da Fraternidade 2019”. O evento aconteceu nos campi Marquês de Paranaguá, Ipiranga e Monte Alegre, promovido pela PUC-SP e a Arquidiocese de São Paulo.

Entre os participantes dos debates estavam Américo Sampaio, da Rede Nossa São Paulo; o Padre José Arnaldo Juliano, teólogo; e os professores da PUC-SP Rosana Manzini, da Faculdade de Teologia; Rafael Barreto da Cruz, do Departamento de Engenharia; e Aldaiza Oliveira Sposati, da Pós-graduação em Serviço Social.

 

CNBB ressalta relação da CF com a espiritualidade quaresmal

Durante a cerimônia oficial de lançamento da Campanha da Fraternidade, na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), na Quarta-feira de Cinzas, 6, em Brasília (DF), o Presidente da entidade, Cardeal Sergio da Rocha, reforçou a importância de relacionar o tema da CF com a espiritualidade quaresmal.

“Sabemos que uma das principais exigências da espiritualidade quaresmal é justamente a fraternidade, o amor fraterno, com seus vários níveis e exigências”, afirmou Dom Sergio.

 

OBJETIVOS

Dom Sergio ressaltou que um dos principais objetivos da Campanha “é promover uma participação maior na elaboração de políticas públicas nos diversos âmbitos da vida social (saúde, educação, segurança pública, meio ambiente…)”, disse. “De tal modo, que esta Campanha, com um tema de caráter mais abrangente, retoma e dá continuidade a outras que tiveram temas mais específicos. Ela estimula o exercício consciente e responsável da cidadania, despertando o interesse pelas políticas públicas, tema exigente e ainda pouco conhecido”, acrescentou.

“Graças a Deus, a Campanha da Fraternidade tem repercutido não apenas no interior das comunidades católicas, mas também nos diversos ambientes da sociedade. Pela sua natureza, ela sempre vai muito além da Igreja Católica. Tem contado, cada vez mais, com a participação de muitas entidades da sociedade civil, de escolas, de outras igrejas cristãs e de órgãos públicos. A Campanha exige ações comunitárias, além das iniciativas pessoais. Exige sempre muito diálogo, reflexão e ação conjunta, especialmente para desenvolver o tema das políticas públicas. A construção de políticas públicas deve ser tarefa coletiva numa sociedade democrática e participativa”, concluiu Dom Sergio.

(Com informações de CNBB)
 

 

 

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