Cultura

Intimidade divina

“A oração mental é um meio indispensável à vida interior e, normalmente, é a sua respiração espontânea. Ordinariamente, porém, tal não se verifica, se a alma não se esforçar por se aplicar a ela durante certo tempo; por outras palavras, é preciso aprender a fazer oração.

Para ensinar às almas esse piedoso exercício, foram surgindo os métodos de meditação. Existem vários – e todos eles têm o seu valor – entre eles o método teresiano, assim chamado por ter a sua origem nos ensinamentos de Santa Teresa de Jesus, fundadora das Carmelitas Descalças e grande mestra de vida espiritual.

Há dez anos [em 1957] expusemos esse método num opúsculo intitulado ‘Pequeno catecismo da vida de oração’, que foi traduzido nas principais línguas europeias e também em algumas asiáticas. É apenas uma exposição do método teresiano, extraído das obras dos numerosos escritores carmelitas que trataram dessa matéria. A sua vasta difusão mostrou que tal método corresponde às necessidades e aos desejos de muitos. Por isso, julgamos oportuno dar um passo em frente, oferecendo às almas de vida interior uma coleção de temas de meditação para todos os dias do ano, baseada no conceito teresiano da oração mental e no seu método correspondente.

A noção que nos deixou Santa Teresa da oração mental é bem conhecida. Na sua autobiografia, escreveu que ‘é um trato amigável, no qual a alma fala muitas vezes intimamente com Aquele de quem se sabe amada’. Santa Teresa salienta especialmente a índole, a tonalidade afetiva da oração mental: é um ‘trato amigável’, ou seja, uma troca de ‘mútua benevolência’ entre a alma e Deus, em que se ‘fala intimamente’ com Deus – sabe-se que a intimidade é fruto do amor – e fala-se com Aquele cujo amor se conhece.

Cada um dos elementos dessa definição contém a ideia do amor; mas no fim, a Santa lembra que a alma deve também ‘conhecer’, dar-se conta da existência do amor de Deus para com ela. É esse precisamente, segundo Santa Teresa, o papel do entendimento na oração.

Por isso, ainda segundo Santa Teresa, na oração mental há de existir o exercício da inteligência e o da vontade: a inteligência procura compreender que Deus ama a sua criatura e deseja ser amado por ela; a vontade, respondendo ao convite divino, ama. Isso é tudo.

Não pode ser mais claro o conceito da oração. Mas como pôlo em prática? Eis o papel do método. (...).

A fim de se convencer do amor que Deus lhe tem, a alma escolhe como tema de reflexão uma verdade de fé, apta a manifestar esse amor; por isso, recorre à leitura de um texto apropriado. Todavia, não basta ler; é necessário aprofundar, e isso faz-se por meio da reflexão, ou seja, da meditação (...).

As meditações aqui publicadas são baseadas nesse método. Começa-se com a presença de Deus, isto é, com um bom pensamento que põe a alma em contato com Deus e a orienta para Ele. A leitura faz-se lendo um ‘ponto’ da meditação. E como muitas pessoas de vida interior fazem meditação duas vezes por dia, cada meditação tem dois pontos.” (Do prefácio).

 

FICHA TÉCNICA:

Autor: Frei Gabriel de Santa Maria Madalena

Páginas: 1.237

Editora: Loyola

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