Celebramos hoje o martírio de São Pedro e São Paulo, ocorrido em Roma no tempo do imperador Nero. Inúmeros cristãos foram levados à morte por sua fé em Cristo, entre eles Pedro, crucificado de cabeça para baixo, e Paulo, decapitado.

Paulo estava preso e, sabendo que sua hora se aproximava, escreveu ainda uma última carta, a segunda, a seu jovem discípulo e amigo Timóteo. Nesta carta, Paulo deixou como herança e estímulo aos cristãos de todos os tempos uma profissão de fé em três breves frases: “Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé”. Oxalá possamos todos dizer a mesma coisa na hora da nossa partida com a consciência de que a vida é uma luta que não abate os fortes; que a corrida se completa sem canseira nem desânimo; que a fé perdura como luz iluminando, do começo ao fim, toda a aventura de uma vida bem vivida.

Pedro também estava preso e Deus lhe concedeu fazer o seu êxodo. Pedro “saiu, e foi para outro lugar”, dizem os Atos (12,17). Que lugar? Aquele que Jesus foi preparar (Jo 14,2). O êxodo de Pedro é descrito no Livro dos Atos com muitas das palavras empregadas no relato do êxodo do Egito. É contado também com um vocabulário semelhante ao de São João quando fala da morte de Jesus na cruz. De fato, Pedro está saindo deste mundo para outro lugar, aquele que Jesus foi preparar na casa do Pai. Ninguém pode detê-lo. O Apocalipse, no capítulo 11, fala de duas testemunhas, cujos cadáveres ficaram expostos na praça da grande cidade, mas foram penetrados por um sopro de vida, puseram-se de pé e subiram para o céu na nuvem. São eles Pedro e Paulo. Paulo, mesmo morto continua a nos falar por sua vida e seus escritos. Pedro, por sua vida, seus escritos e pela boca de seu sucessor, o Papa Francisco.

Trinta anos depois da morte desses santos Apóstolos, São Clemente, o terceiro sucessor de Pedro, escrevia aos coríntios: “Pedro... sofreu numerosos tormentos, e depois de ter dado testemunho, se foi para a glória que lhe era de vida... Paulo mostrou o preço da paciência... Depois de ter ensinado a justiça ao mundo inteiro e ter atingido os confins do Ocidente, deu testemunho diante daqueles que governavam e assim deixou o mundo, indo-se para o lugar santo... A esses homens... juntou-se grande multidão de eleitos, que... padeceram muitos ultrajes e torturas, deixando entre nós magnífico exemplo” (5, 3-7; 6,1). Esse é Paulo, que ensinou ao mundo o Evangelho da Salvação. Esse é Pedro, aquele que confirma os seus irmãos na fé, a quem Jesus deu as chaves do Reino.