Editorial

As lições da pandemia

J á passa de 1 milhão o número de pessoas infectadas com o novo coronavírus em todo o mundo. O vírus não escolhe classe social, sexo, descendência ou preferências políticas, e, embora haja grupos mais vulneráveis para a contaminação, como os idosos e os doentes crônicos, a COVID-19, doença decorrente da infecção, também tem levado à morte pessoas com um histórico saudável desde então.

Situações de dor, perdas e incertezas, como as que vivemos agora, lançam-nos ao realismo da existência humana: somos todos iguais, frágeis e dependentes da misericórdia de Deus: “O rico e o pobre se encontram; a todos o Senhor os fez” (Pr 22,2). Por outro lado, permitem-nos um amadurecimento sobre a própria existência e a fé em Deus, como recordou o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, na celebração do Domingo de Ramos deste ano: “Temos, portanto, a possibilidade de mudar, de sermos mais fiéis, humildes, ter mais amor pelo próximo e procurar fazer com que a cruz de Cristo, que pesa na vida de tantas pessoas, seja mais leve”.

O valor da solidariedade humana também é um dos aspectos que se sobressaem neste cenário provocado pelo novo coronavírus. Quem hoje estende a mão para ajudar o próximo, seja com uma palavra de conforto, seja com algum tipo de auxílio material – doação financeira, alimentação, itens de limpeza e higiene pessoal –, amanhã pode ser que também precise de ajuda, afinal, o momento é de incertezas e de instabilidade para todos.

Dependemos uns dos outros para vencer o novo coronavírus. E um exemplo disso vem da própria Ciência. Já está em fase de testes clínicos no Brasil uma técnica de tratamento contra a COVID-19 que faz uso do plasma de pacientes curados da doença. Nessa substância que compõe o sangue, estão os anticorpos, e a Medicina espera que os que forem doados pelos que já venceram a batalha contra o novo coronavírus possam ajudar a reverter mais rapidamente a situação daqueles que se encontram com um quadro grave de COVID-19.

A técnica em questão ainda está em fase de testes. Por ora, o combate efetivo ao novo coronavírus se faz com medidas preventivas ao contágio: higienização frequente das mãos, limpeza dos ambientes e o isolamento social, recomendado pela maior parte das autoridades sanitárias, dentre as quais a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Informar-se bem sobre a doença e seus desdobramentos também é um excelente antídoto aos efeitos colaterais da pandemia, entre os quais a ansiedade e os medos em relação ao futuro. Nesse sentido, a recomendação da própria OMS é de que as pessoas busquem informações apenas em fontes fidedignas e evitem o “bombardeio desnecessário de informações”, pois “a enxurrada de notícias sobre um surto pode levar qualquer pessoa à preocupação. Informe-se com os fatos e não com os boatos ou as informações erradas”.

“O drama que estamos atravessando nos impele a levar a sério o que é sério, a não nos perder em coisas de pouco valor; a redescobrir que a vida não serve, se não se serve. Porque a vida se mede pelo amor”, disse o Papa Francisco, na missa do Domingo de Ramos deste ano. Amar a Deus com todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu pensamento, e amar a teu próximo como a ti mesmo (cf. Mt 22,37-39), lições do mandamento do amor de Deus válidas sempre, também agora em tempos de pandemia.

LEIA TAMBÉMCoragem de abraçar a Cruz

Para pesquisar, digite abaixo e tecle enter.