Editorial

A quarentena em família e a fé

Trancados em nossas casas, recebemos pela TV, rádio, sites, postagens nas redes sociais e grupos de WhatsApp variadas notícias e informações sobre as consequências danosas do novo coronavírus, como o aumento diário do número de mortos e infectados e os impactos da pandemia na economia.
Os fatos são ruins! Evitar qualquer tipo de aglomeração humana, reduzir a mobilidade ao máximo possível e estimular o isolamento social, sobretudo de idosos e dos que fazem parte do grupo de risco – pessoas que, independentemente da idade, possuem histórico de doenças cardiorrespiratórias, diabetes ou com baixa imunidade –, são medidas indispensáveis para evitar o crescimento descontrolado da COVID-19 no Brasil.
Neste momento em que não se pode sair de casa nem para ir à missa, resta vivenciar da melhor forma possível esta quarentena em família e fazer bom uso dos meios de comunicação e das mídias sociais. 
Um dos caminhos pode ser o de reatar os mais simples laços familiares que talvez tenham se perdido na vida moderna: as refeições com todos à mesa, as histórias das gerações passadas, as conversas olho a olho para a partilha de angústias e alegrias. E por que não ligar diariamente para os pais e avós – caso não morem na mesma casa –  ou conversar pelo aplicativo de mensagens com algum parente mais distante com quem não se fala há algum tempo?
Na lista de prioridades desta quarentena também deve estar a vivência da fé em família, com as orações em conjunto em diferentes momentos do dia, a reza do Santo Terço e a transmissão dos valores cristãos às novas gerações. Neste itinerário de fé, as famílias não estão sozinhas. Contam com a proximidade da Igreja. Na missa matutina na Casa Santa Marta, no sábado, 21, o Papa Francisco rezou pelas famílias que não podem sair de casa e desejou que “saibam encontrar o modo de comunicar bem, de construir relações de amor na família e vencer as angústias deste tempo juntos, em família”.
O fortalecimento desta Igreja doméstica também pode estar em rede. Neste tempo de quarentena, muitas famílias têm assumido o protagonismo dos ambientes virtuais das paróquias e novas comunidades para compartilhar, a partir de seus lares, a meditação do Evangelho, os momentos de oração, as catequeses etc. 
Na experiência de fé dos primeiros cristãos, a Igreja nas casas garantia o senso de pertença à família de Deus. Também hoje, cada lar é a própria Igreja, a comunidade de comunidades, e, como sempre, cada pessoa é o templo vivo de Deus. A unidade eclesial também não deve ser esquecida. Todos são chamados a acompanhar a Santa Missa pelos meios de comunicação e pelas mídias sociais, em algum momento específico do dia, deixando as tarefas domésticas de lado por alguns instantes, para se unir espiritualmente à comunidade de fé, apresentar suas intenções a Deus e renovar as esperanças de um novo tempo. 
E se o isolamento social priva a maior parte dos fiéis do sacramento da Comunhão, que essa comunhão seja espiritual, de união a Jesus Cristo e à Igreja. “Meu Jesus, eu creio que estais presente no Santíssimo Sacramento. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós. Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, a meu coração. Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que torne a me separar de Vós!” (Comunhão Espiritual, Santo Afonso Maria de Ligório).

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