Liturgia e Vida

‘Brilhe a vossa luz diante dos homens’ (Mt 5,16)

Não possuímos “luz” própria. Podemos “iluminar” o nosso entorno apenas na medida em que refletimos a fé e a caridade de Cristo. A “luz” a que se refere o Evangelho não é simples “bondade” ou misticismo vago, mas, sim, a fé em Nosso Senhor e a vida conforme os seus mandamentos. 

A luz da fé é dada por Deus no Batismo e deve ser constantemente alimentada pela oração e a recepção dos sacramentos. Pela fé, cremos em tudo o que Deus ensina por meio da Igreja. A fé nos abre o intelecto para o sobrenatural; para entender os mandamentos; para esperar a vida eterna; e para enxergar a constante ação da Providência sobre o mundo. A fé nos faz ver os acontecimentos com o olhar de Cristo. Pela fé, notamos as moções do Espírito Santo em nossa alma e nos tornamos filhos de Deus à semelhança de Jesus. 

Se a nossa vida for iluminada pela fé, o nosso modo de pensar e de agir mudará. Uma fé viva faz com que deixemos de lado as obras más, das trevas. Por isso São Paulo diz aos cristãos convertidos: “Outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor. Procedei como filhos da luz. O fruto da luz é toda espécie de bondade, de justiça e de verdade” (Ef 5,8-9). Por isso, também Deus recomenda pela boca de Isaías: “Reparte o pão com o faminto, acolhe em casa os pobres e peregrinos. Quando encontrares um nu, cobre-o, e não desprezes a tua carne.

Então, brilhará tua luz como a aurora” (Is 58,7-8). 

O bem praticado gratuitamente ao próximo, especialmente aos pobres, serve como um luzeiro em meio a um mundo de egoísmo e confusão. Além disso, a caridade – que deve existir em primeiro lugar no seio da família – torna-se inclusive um caminho de reparação e conversão de nossas faltas. A Escritura diz que “a caridade cobre uma multidão de pecados” (1Pd 4,8). E Isaías acrescenta: “Se acolheres de coração aberto o indigente e prestares todo o socorro ao necessitado, nascerá nas trevas a tua luz e tua vida obscura será como o meio-dia” (Is 58,10). É a isso que se refere o Senhor, quando diz no Evangelho: “Que brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está nos céus” (Mt 5,16). 

Obviamente, Ele não nos propõe o exibicionismo ou a hipocrisia vaidosa de quem deseja parecer bonzinho aos olhos dos demais. Afinal, o mesmo Jesus diz: “Quando deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a direita, de modo que tua esmola fique escondida” (Mt 6,3-4). O Senhor apenas pede que, vivendo sinceramente de fé, tenhamos uma vida de filhos de Deus; esta será externada, naturalmente, por meio de boas obras. Afinal, “em Jesus Cristo, o que vale é a fé operante por meio do amor” (Gl 5,6). 
O mundo, mais do que nunca, precisa de Deus. E, embora fracos, somos os Seus instrumentos para propagar a luz do Senhor. Segundo São Paulo, Ele nos quer “irrepreensíveis e íntegros, filhos de Deus sem defeito, no meio de uma geração má e perversa, na qual brilhais como luzeiros no mundo” (Fl 2,15).

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