Liturgia e Vida

A Apresentação do Senhor

O fato de serem as três pessoas mais santas deste mundo não fazia Jesus, Maria e José se esquivarem ou diminuírem a importância das leis religiosas de seu tempo. Cristo levaria à perfeição a lei, tornando caducos os sacrifícios antigos, mas foi apresentado no Templo; resgatar-nos-ia por meio da Cruz, mas foi “resgatado” pelo sacrifício de dois pombinhos. A Virgem Maria não possuía pecado e deu à luz de modo virginal; ainda assim, submeteu-se à “purificação” então prescrita.

A docilidade às práticas religiosas estabelecidas por Deus por meio da autoridade religiosa por Ele instituída é reflexo da virtude da justiça, que nos dispõe a dar a cada um - inclusive ao Senhor - o que lhe é devido. A justiça, por sua vez, supõe o exercício da humildade. Assim, a missa dominical, a Confissão periódica, o dízimo, a abstinência de carne às sextas-feiras e dias de jejum, a Comunhão feita em estado de graça e em jejum, manifestam a nossa humildade no trato com Deus. Com essas e outras práticas, adoramos o Senhor não apenas por meio dos afetos, pensamentos e da inclinação natural, mas também por intermédio da obediência. Mostramos que é Ele quem rege nossa vida.

Não à toa, na Apresentação de Jesus, Deus deu a duas pessoas humildes e religiosas a alegria de reconhecer o Senhor. Simeão, por ser “justo e piedoso” (Lc 2,25), foi docilmente “movido pelo Espírito” (Lc 2,27) até o santuário; previu que Cristo seria um sinal de contradição e que uma espada traspassaria o coração da Virgem. Quem quer que obedeça ao Pai nesta vida enfrentará contrariedades! Já Ana era uma viúva para quem a adoração e o louvor não tinham limites: “Não saía do templo, dia e noite servindo a Deus com jejuns e orações” (Lc 2,37). Assim são os que reconhecem a face do Senhor: pessoas justas e de oração.

Quando Jesus foi apresentado, entrou no templo como uma criança a mais. Naquele tempo, somente o Sumo Sacerdote podia entrar no “Santo dos Santos”, o lugar onde se acreditava que, devido à presença da Arca e das Tábuas da Lei, estava o Senhor. Porém, Cristo era a verdadeira Presença real, substancial e mesmo física - de Deus! Anos depois, diria: “Destruí este templo e em três dias Eu o reconstruirei” (Jo 2,19), referindo-se ao seu Corpo, que recebemos na Eucaristia. Este é o melhor “Santuário” onde adoramos e nos unimos a Deus. Somente Ana, Simeão, José e Maria, no entanto, eram capazes de reconhecê-Lo!

Para Simeão, porém, era o bastante! Tomou-O com reverência nos braços e disse: “Agora, Senhor, podes deixar teu servo partir em paz; pois meus olhos viram a tua salvação!” (Lc 2,29). Nós também O vimos; não sob o aspecto de um Menino, mas do Pão. E neste dia, acendemos velas para reconhecer que somente Ele é a “Luz para iluminar as nações” (Lc 2,32). Sob o brilho desta chama, permaneçamos fiéis à religião e às práticas de justiça! Esperemos com piedade a salvação que não falha! Não nos percamos nas obras das trevas, pois o Senhor está conosco.

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