Editorial

Contar a nossa história

Na mensasagem para o 54o Dia Mundial das Comunicações Sociais, o Papa Francisco nos embra da importância das histórias para a nossa vida. "Na confusão de vozes e mensagens que nos rodeiam, temos necessidade de uma narração humana, que nos fale de nós mesmos e da beleza que nos habita; uma narração que saiba olhar o mundo e os acontecimentos com ternura, que conte a nossa participação num tecido vivo e revele o entrelaçado dos fios pelos quaos estamos ligados uns aos outros". 

As histórias não apenas expõem fatos e acontecimentos. “As narrativas marcam-nos, plasmam as nossas convicções e comportamentos, podem ajudar-nos a compreender e dizer quem somos”, diz o Papa Francisco. Por isso, a leitura e o diálogo são decisivos para a nossa formação, para nossa capacidade de reflexão, para o conhecimento de nossa realidade mais pessoal.

Somos filhos de Deus! Devemos portanto, "olhar o mundo e os acontecimentos com ternura", como diz o Papa. Nossa vida - eis a realidade fundamental de nossa existência, é uma narrativa de amor, cuja narrador definitivo é Deus, "o único que tem o ponto de vista final".

Para conhecermos nossa verdadeira história, precisamos antes contá-la a Deus. “Nunca é inútil narrar a Deus a nossa história: ainda que permaneça inalterada a crônica dos fatos, mudam o sentido e a perspectiva. Narrarmo-nos ao Senhor é entrar no seu olhar de amor compassivo por nós e pelos outros. A Ele podemos narrar as histórias que vivemos, levar as pessoas, confiar situações. Com Ele, podemos recompor o tecido da vida, costurando as rupturas e os rasgões”.

Ao contarmos a Deus a nossa história, ao deixarmos que Ele nos mostre o verdadeiro sentido dos acontecimentos, vislumbramos que a fé é mais do que simples adesão a um conjunto de verdades. Nesse diálogo com Deus, vemos que o eixo da nossa história é Jesus Cristo. “A história de Cristo não é um patrimônio do passado; é a nossa história, sempre atual. (...) Deus tomou a peito o homem, a nossa carne, a nossa história, a ponto de se fazer homem, carne e história”.

Por isso, nada em nossa vida é desimportante. “Não existem histórias humanas insignificantes ou pequenas. Depois que Deus se fez história, toda a história humana é, de certo modo, história divina”, diz o Papa Francisco.

Ele também nos alerta que “nem todas as histórias são boas. (...) Quantas histórias nos narcotizam, convencendo-nos de que, para ser felizes, precisamos continuamente ter, possuir, consumir”. O Papa nos convida a ter “coragem para rejeitar as (narrativas) falsas e depravadas”. Aqui está um campo atual de reflexão. A que histórias assisto na TV e no cinema? Quais livros leio? Quais séries recomendo? Quais histórias compartilho?

Não rejeitemos o convite do Papa Francisco a “respirar a verdade das boas histórias”.

Nesse caminho, há um percurso obrigatório. “A Bíblia é a grande história de amor entre Deus e a humanidade”. Que possamos conhecer, viver, contar e compartilhar cada vez mais a Palavra de Deus. Não são apenas fatos passados. Ali está a nossa história, a nossa verdadeira história.

Para pesquisar, digite abaixo e tecle enter.