Liturgia e Vida

‘Convertei-vos, porque o reino dos céus está próximo’ (Mt 4,17)

Segundo o Evangelista São Mateus, é com estas palavras que Jesus começou a sua pregação. Deste imperativo tão simples, pode se deduzir que somos pecadores necessitados de mudança. Essa mudança que o Senhor nos pede, contudo, é exterior e interior.

A mudança exterior consiste em adequar o nosso modo de agir e falar aos Mandamentos de Deus. Para abrir-nos a Deus e à fé é necessário mudar de caminho: “Deixai o mal e aprendei a fazer o bem” (Is 1,17). Não à toa, no Antigo Testamento, a palavra comumente utilizada para designar a conversão – šûv – significa literalmente “retornar”; precisamos retornar a Deus e a seus caminhos por meio de boas obras.

Essa mudança de caminho, no entanto, somente é possível se houver uma mudança interior. Afinal, a fé é uma luz que ilumina o nosso modo de ver as coisas e tem o poder de modificar nossas preferências, afetos e convicções. Devemos esperar receber do Senhor a graça de reconhecer sinceramente nossos pecados e de ter um verdadeiro arrependimento de cada um deles. Dele também esperamos receber a virtude da caridade, que nos move a praticar o bem. É Deus quem realiza a conversão – com a nossa cooperação – por meio de uma mudança antes de tudo interna!

Por essa razão a palavra que Jesus utiliza ao exortar-nos - “convertei-vos” (Mt 4,17) – é metanoeite, que pode significar, literalmente, “mudai de mentalidade”! A conversão verdadeira leva o homem a não apenas dizer-se genericamente “pecador”, mas a identificar quais são os seus pecados, a doer-se por eles e a detestá-los. A conversão faz um indivíduo detestar coisas más que antes amava; e a amar coisas boas e pessoas que antes detestava. O homem a quem Deus concede a mudança de mentalidade proporcionada pela fé passa a ver Deus, o mundo, a si mesmo e aos demais com novos olhos.

Isso acontece diariamente na vida de muitas pessoas! E aconteceu de modo bastante extraordinário na vida de alguns cristãos. São Paulo, por exemplo, deixou de perseguir Cristo e a Igreja ao cair na estrada de Damasco. Santo Inácio abandonou o desejo de glórias militares para buscar somente a glória de Deus após ler a vida dos santos e fundou um “exército” para Cristo. O rico Alfonso Ratisbona caiu de joelhos diante de Nossa Senhora em Roma, convertendo-se do Judaísmo ao Cristianismo e decidindo se tornar sacerdote...

Enfim, a conversão e a santificação são um dom de Deus! E a mudança exterior, a que tanto almejamos, somente é possível por meio de uma mudança de mentalidade interior. Esta, por sua vez, é um presente do alto, que devemos suplicar diariamente.

Diante disso, pergunto-lhe: você crê que é possível ser santo? Você crê que é possível abandonar todos os seus pecados? Você quer isso? Crê na eficácia do perdão e do auxílio de Deus por meio do sacramento da Confissão? Crê que o mesmo Senhor que lhe pede uma vida santa lhe assegura os meios necessários para isso? “Convertei-vos, porque o reino dos céus está próximo”!

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