Comportamento

Dia dos Pais!

Costumo brincar com os casais, dizendo que quando os pais saem com os pequenos em lugares abertos e com muita gente, a mãe, segurando suas mãos firmemente, adverte: “Não saiam do lado da mamãe...” E pensa: “Porque o pai pode perdê-las!” Nada é tão firme quanto estar nas mãos da mãe. Ela é quem cuida, quem tem o laço mais forte de corações. Fica o pai como o acompanhante. Carrega a bolsa ou leva o carrinho, mochila, pacotes, brinquedos... 

A história desse comportamento diferencial remonta às cavernas. Os motivos encontram argumentações antropológicas que não vêm ao caso agora. Continuamos, de certa maneira, seguindo esse modelo, que assegura no comportamento conjugal o bem-estar da família.

Alguns resumem tudo isso em: o homem é provedor e a mulher cuidadora. Há muitos anos, porém, esse resumo não é adequado. Em muitos lares, as mulheres comportam-se até mais como provedoras do que os homens, que também se manifestam muito capacitados para os cuidados. A sociedade passa por transformações, mas não se pode negar que, na maioria das famílias, os filhos percebem a mãe como cuidadora, enquanto o pai fica num plano mais administrativo, financeiro e conselheiro, e é a autoridade em última instância para as decisões (em geral, previamente consultadas e aprovadas pela esposa).

A paternidade surge na concepção. É a mulher quem engravida, mas o pai, a seu modo, também deve “engravidar”: vibrar e acompanhar a cada dia essa espera que culmina com o nascimento de uma nova pessoa, alguém que não existia e agora ali está: “Meu filho!”

Alguém que a partir de então transformará todo o seu caminho de vida, e que muito dependerá dele para experimentar as alegrias da existência. Desde o começo, a participação do pai é fundamental. Esperar que os filhos cresçam porque “não sei lidar com crianças” é erro gravíssimo. Permanecer o máximo possível como pai presencial, principalmente na infância, é fundamental. As crianças identificam seus pais pelo tempo que convivem com eles. Não é um título administrativo que as crianças aprendem para respeitar, mas é uma condição de amor pela qual elas desenvolvem afetos e passam a desejar estar com seus pais, simplesmente porque é bom: “Este é o meu pai!”

Em meio a todas essas responsabilidades, exigentes no sacrifício pessoal, o pai sabe que seu lugar está em oferecer segurança a todos da família. Uma segurança sem alarde, sem prepotência, sem capa de super-herói, na qual todos possam conviver na serenidade de saber que lá está alguém para dar uma solução, um caminho. Alguém que pode consertar o brinquedo que quebrou; sair na madrugada fria para comprar o remédio; tentar ajudar na lição que está difícil; levar na festa do amigo, bem na hora em que iria começar o segundo tempo do jogo do seu time; comprar o vestido (mais um!) para o dia da festa a que todos vão (e ficar sem trocar os sapatos já furados que ninguém percebe); passar a madrugada em claro pela febre do mais velho, e levar o leite para a esposa, grávida do próximo, que não pode levantar...

A maioria dos pais se comporta como agentes dos bastidores. São responsáveis para que todos que atuam possam ser muito aplaudidos, e alegram-se com sinceridade por isso, pois o amor é sincero e gratificante. Mas passam, muitas vezes, sem que ninguém os veja, e muitos até esquecem que alguém estava trabalhando no lado oculto do palco.

Certa vez, atendi um rapaz muito bem profissionalmente, e este resolveu avaliar financeiramente tudo o que o pai havia gastado com ele: das fraldas à universidade. E num gesto de orgulho, conseguiu aquela quantia atualizada e cheio de si a entregou ao pai, como se nada mais lhe devesse a partir de então. Perguntei em quanto ele havia avaliado as noites sem dormir; o sacrifício por levar o melhor sorriso para família, com as dificuldades da vida profissional; horas-extras para não faltar o pão; quanto custara na sua tabela desistir de realizar um sonho de anos economizando, para pagar uma viagem para o filho que passava por dificuldades emocionais... Não havia como avaliar, e o rapaz saiu pensativo. 

A paternidade é dos maiores desafios que um homem pode enfrentar. Mas a sua realização acarreta, para aqueles que se esforçam por exercê-la com a dignidade do amor, alegrias sem limites; ainda que acompanhadas de algumas dificuldades. Parabéns a esses corajosos! E que encontrem em São José a intercessão para o caminho de se aproximar, com santidade, cada vez mais de Deus Pai. Felicidades!

 

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