Liturgia e Vida

‘Louco!’ (Lc 12,20)

18º Domingo do Tempo Comum – 4 DE AGOSTO DE 2019

Fomos criados para possuir e amar a Deus eternamente no Céu. O coração humano tem um “espaço” infinito, a ser ocupado pelo próprio Senhor. Queremos um Tesouro imenso, aspiramos à Beleza suprema, desejamos a alegria, o prazer, o amor, a posse, a segurança e a paz perfeitos, que somente Ele pode proporcionar. 

Mas, desde o pecado original, procuramos preencher esse espaço imenso com as criaturas. Eis a raiz de todos os males! Apegamo-nos desordenadamente a coisas e pessoas e experimentamos a cobiça, o egoísmo, a sensualidade, o ciúme… Trocamos o Criador pelas criaturas, praticando, sem nos dar conta, uma idolatria. Por isso, São Paulo exorta: “Fazei morrer o que em vós pertence à terra: imoralidade, impureza, paixão, maus desejos e a cobiça, que é idolatria” (Cl 3,5). O primeiro Mandamento da lei de Deus – amar o Senhor sobre todas as coisas – é, entre todos, o mais violado!

 
Nascemos, sim, para “acumular”, para deixar uma marca e uma herança neste mundo; nascemos também para amar e ser “um só” com os demais. Porém, esse “acúmulo” e essa união têm em vista a eternidade! Se nos esquecermos disso, cairemos no pecado! O Senhor ensina: “Ajuntai para vós tesouros no céu, onde não os consomem nem as traças nem a ferrugem, e os ladrões não furtam nem roubam” (Mt 6,20). A grande herança que deixaremos é o auxílio para a salvação eterna dos demais: as obras de misericórdia corporal e espiritual, os sacrifícios, as orações, a prática dos mandamentos, a fé, a esperança e o amor. 

Há pessoas que vivem uma avareza clara. Ambiciosos, colocam o acúmulo de bens acima das pessoas e de Deus. Outros, mesmo que já possuam bens materiais, perdem o sono e a alegria, com medo de reduzir o padrão de vida e o nível social. Em uma ou outra situação, sempre é tempo de mudar! Quando percebem o erro, essas pessoas costumam lamentar profundamente o tempo, a paz e o amor desperdiçados. 

Mas, na maioria dos casos, a avareza se manifesta de modo mais sutil: no desejo de conquistar uma “justificada” segurança e um “merecido” descanso. Como o rico do Evangelho deste domingo, sonhamos em, depois de trabalhar duro, dizer a nós mesmos: “Tens uma boa reserva. Descansa, come, bebe, aproveita” (Lc 12,19). Parece uma atitude razoável… Mas, para quem pensa assim, o Senhor – que ensinou a pedir o “pão de cada dia” – tem duras palavras: “Louco! E para quem ficará o que tu acumulaste?” (Lc 12,20).  

É justo que alguém queira oferecer uma boa condição material à sua família. Porém, é uma loucura pensar que os bens podem nos proteger. Eles nada podem contra a morte, a tristeza e a falta de sentido de vida. Aliás, “quem ama o dinheiro nunca se fartará. Quem ama a riqueza não tira dela proveito” (Ecl 5,9). O dinheiro não comprará o resultado de nosso juízo e não nos acompanhará à sepultura depois da morte. E, se o usarmos mal, ele será um testemunho contra nós mesmos! Ele até nos torna agradáveis a homens interesseiros, é verdade… Mas jamais nos justificará diante de Deus.

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