São Pedro e São Paulo
SOLENIDADE DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO APÓSTOLOS – 30 DE JUNHO DE 2019
Apresentado a Jesus por André, Pedro foi o primeiro apóstolo a reconhecê-lo como Messias e Filho de Deus (cf. Mt 16,16). Cedeu a Ele a barca numa das primeiras pregações; presenciou os discursos e milagres de sua vida pública; e aprendeu do Senhor ao pé do ouvido. Viu a Transfiguração; a ressurreição da filha de Jairo; caminhou sobre as águas; esteve na Última Ceia, tendo os pés lavados – ainda que contra a vontade – pelo Mestre; e orou com Jesus no Getsêmani. Quando Cristo perguntou se os apóstolos queriam ir embora com a multidão que O abandonava, Pedro se adiantou aos demais e respondeu: “A quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna!” (Jo 6,68).
Chegou a negar o Senhor por três vezes, é verdade. Isso, no entanto, não lhe impediu de receber uma missão absolutamente singular: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus” (Mt 16,18s). E ainda: “Confirma os teus irmãos!” (Lc 22,32); “Apascenta as minhas ovelhas!” (Jo 21,16). Foi o primeiro Papa e o líder do apostolado aos judeus.
São Paulo, ao contrário, não conviveu com Jesus. Conheceu-O somente ao cair por terra na estrada de Damasco, quando, sob o reflexo de uma luz, o Senhor lhe perguntou: “Por que me persegues?” (At 9,4). Ele mesmo diria “Não mereço ser chamado apóstolo, pois persegui a Igreja de Deus” (1Cor 15,9).
Sem falsa modéstia, porém, afirmaria também: “Trabalhei mais do que todos [os apóstolos]. Contudo não eu, mas a graça de Deus em mim” (1Cor 15,10). Foi o maior missionário da Igreja, consumindo-se pela salvação dos gentios. Com personalidade forte e reta, uma vez repreendeu o próprio Pedro publicamente (cf. Gl 2,14).
Quando preso, levou à conversão o carcereiro: “Crê no Senhor Jesus e serás salvo tu e a tua casa!” (At 16,31).
Orgulhava-se de ter sofrido muito pelo Evangelho: açoites, naufrágios, assaltos, deserto, falsos irmãos, vigílias, jejuns, frio e a responsabilidade para com toda a Igreja (cf. 2Cor 11,23ss).
Prestes a morrer, deixou-nos um maravilhoso testemunho: “Agora está reservada para mim a coroa da justiça, que o Senhor, justo Juiz, me dará; e não somente a mim, mas também a todos os que esperam com amor a Sua manifestação gloriosa” (2Tm 4,8).
Suas vidas, tão diferentes, uniram-se no amor a Deus e à Igreja, e na morte sofrida por causa da fé! Pedro, segundo a Tradição, foi crucificado de cabeça para baixo; Paulo foi decapitado. Um pela cruz e outro pela espada santificaram com seu sangue o solo de Roma. O sentido de suas vidas – literalmente gastas por amor a Deus e ao próximo – pode ser resumido nestas belas palavras: “Eu tenho certeza de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem o presente, nem o futuro, nem as potestades, nem as alturas, nem os abismos, nem outra qualquer criatura nos poderá separar do amor de Deus manifestado em Cristo Jesus Nosso Senhor” (Rm 8,38s).