Liturgia e Vida

‘Todos nós bebemos de um único Espírito’ (1Cor 12,13)

Na Solenidade de Pentecostes, suplicamos ao Senhor que nos conceda os dons do Espírito Santo. Que, como aos Apóstolos, Ele nos dê sabedoria, para enxergarmos o mundo com Seus olhos; entendimento, para compreendermos as realidades sobrenaturais; conselho, para escolhermos o bem em cada situação; fortaleza, para suportarmos as adversidades; ciência, para percebermos a marca e o desígnio de Deus em cada criatura; piedade, para nos relacionarmos com Ele como filhos; e temor, para que detestemos e evitemos, acima de tudo, o pecado. 

Pediremos, também, que permaneçamos na graça do Espírito Santo, isto é, livres de pecados mortais. E faremos o compromisso de caso, infelizmente, O ofendamos, recuperarmos o quanto antes a presença amável do Espírito Santo, por meio de uma boa Confissão. Afinal, o Apóstolo disse: “Não extingais o Espírito!” (1Ts 5,19). E, ainda: “Não entristeçais o Espírito Santo de Deus, com o qual fostes selados! Toda amargura, cólera, ira, gritaria e blasfêmia sejam eliminadas do meio de vós, bem como toda a maldade!” (Ef 4,30ss). 

E já que em Pentecostes foi concluída a fundação da Igreja de Cristo, esta festa deve também nos levar a contemplar o mistério de sermos seus membros. Os discípulos que haviam sido escolhidos e chamados pelo Mestre, que foram por Ele instruídos e que perseveravam em oração com a Mãe de Jesus (cf. At 1,14) receberam um vínculo espiritual comum: “Todos nós bebemos de um único Espírito” (1Cor 12,13). O Espírito Santo derramado em Pentecostes é a alma que faz com que a comunidade dos Apóstolos seja de fato o Corpo Místico de Cristo. É como uma seiva vivificante que distribui a vida e a graça aos ramos enxertados na videira que é Jesus Cristo (cf. Jo 15,1ss). Por meio Dele, formamos “um só coração e uma só alma” (At 4,32).    

Graças à presença do Espírito Santo, a Igreja é muito mais do que uma “associação” ou um grupo reunido em vista de objetivos comuns. Graças ao Espírito Santo, a Igreja é santa e guardará, até o final dos tempos, os sacramentos e o depósito da fé. Graças ao Espírito Santo, nem mesmo as perseguições externas ou as infidelidades dos membros enfermos (muito mais nocivas!) poderão destruí-la! Graças ao Espírito Santo, quem está na Igreja, une-se a Cristo e a todos os fiéis da terra, do céu e do purgatório. 

Sem o Espírito Santo, nada podemos fazer; sem Ele, não existe comunhão com a Igreja e, tampouco, com Deus. Por isso, Paulo diz: “O homem mundano não aceita as verdades que vêm do Espírito de Deus, pois lhe parecem absurdas; não é capaz de compreendê-las” (1Cor 2,14). E São Judas alerta: “No fim dos tempos, surgirão escarnecedores que levarão a vida de acordo com os próprios desejos ímpios. São estes que causam divisões, estes seres mundanos que não têm o Espírito” (Jd 1,18-19).  

Peçamos à Virgem Maria, repleta do Espírito Santo, que a presença e a eficácia do Paráclito cresçam em nós! Ele nos guardará na oração, na fé e no amor a Deus.

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