Liturgia e Vida

‘Senhor, Tu sabes que eu te amo’

Neste domingo, Pedro tem a oportunidade de “redimir-se” diante do Senhor e dos discípulos. Afinal, ele caíra feio, ao negar o Mestre por três vezes. Agora, também por três vezes, Jesus confirmará o amor daquele que Ele mesmo estabelecera como pedra sobre a qual construiria a Igreja.

Depois de comer, diante dos demais, o Ressuscitado lhe pergunta: “Simão, tu me amas mais do que estes?” (Jo 21,15)… O Senhor mesmo ensinara: “A quem muito foi dado, muito será pedido” (Lc 12,48). Pedro fora escolhido, andara sobre as águas, recebera a graça de reconhecê-Lo como Cristo antes dos outros, estivera na Transfiguração e na Última Ceia. Eleito como “fundamento” da Igreja, era o ponto de referência dos irmãos. A tantos benefícios, teria de corresponder com uma principal “exigência”: um maior amor! “Tu, que recebestes mais, me amas mais?”… Pedro já não nega: “Tu sabes que eu te amo” (Jo 21,15).

O Senhor lhe pergunta uma segunda vez, “Tu me amas?” (Jo 21,16). Deste modo, o reabilitava também em face dos demais. Restaura a sua autoridade de Pastor: “Apascenta meus cordeiros… apascenta as minhas ovelhas!” (Jo 21,15- 16). Os desígnios de Deus não são facilmente quebrados, nem mesmo pela infidelidade humana! Porém, era necessário que todos compreendessem que o pecado contra Cristo é também ruptura com a Igreja. E Pedro, novamente, diz: “Tu sabes que eu Te amo” (Jo 21,16)! Assim, traduz o que sentimos ao pecar mais por fraqueza do que por deliberação: “Eu Te neguei, mas sabes que nunca deixei de Te amar”

Pedro se entristece quando Jesus lhe pergunta pela terceira vez: “Tu Me amas?” (Jo 21,17). Parece humilhante… Diante de todos, uma vez mais! Porém, apenas bons sentimentos não bastam! O Senhor lhe havia ensinado a perdoar até “setenta vezes sete” vezes em um único dia. Quer agora mostrar-lhe que, por quantas vezes eventualmente cair, tantas terá a chance de manifestar arrependimento e amor. O Apóstolo, enfim, diz palavras que nos servem como uma jaculatória para sempre que constatarmos nossos pecados: “Senhor, Tu sabes tudo, Tu sabes que eu Te amo” (Jo 21,17)!

Então, definitivamente, Jesus encarregou Pedro com seu “Ofício de Amor”: “Apascenta minhas ovelhas” (Jo 21,17). Ele havia dito “Satanás pediu para te peneirar como o trigo, mas Eu orei por ti, para que tua fé não desfaleça. Tu, uma vez convertido, confirma os teus irmãos!” (Lc 22,31s). Agora, Pedro já pode confirmar-nos! E dá-nos ainda o conforto de saber que Jesus ora também por nós, para que nossa fé não desfaleça e para que nos convertamos.

Porém, Pedro relegará definitivamente a tríplice negação ao passado não somente por meio de palavras, e, sim, com a vida. O Senhor lhe promete uma graça ainda maior que a inicial, a qual somente o amor verdadeiro pode alcançar: o martírio. “Outro te cingirá e te levará para onde não queres ir” (Jo 21,18). Apesar de todas as quedas, Pedro se tornará discípulo. Seguirá os dois passos do Mestre: Amor e Cruz.

 

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