Liturgia e Vida

‘Batiam no peito e choravam por Ele’ (Lc 23,27)

Com o Domingo de Ramos, inicia-se a Semana mais importante do ano! O ramo que receberemos na procissão deve ser colocado em um lugar visível de nossas casas. Além de abençoar o lar, ele nos recordará que continuamos, ao longo de todo o ano, unidos ao mistério da Paixão e Morte de Cristo.

Entraremos com Jesus em Jerusalém para passar toda a Semana Santa ao Seu lado, como num retiro espiritual. Faremos o propósito de consolá-Lo em meio às polêmicas com os judeus, diante da traição de Judas, no Getsêmani, em Sua prisão, flagelação, coroação de espinhos, humilhação pública e crucifixão. No entanto, o faremos com a certeza de que, quando buscamos consolá-Lo, é Ele na verdade Quem nos consola, como às filhas de Jerusalém (cf. Lc 23,28).

São Lucas mostra que, mesmo durante a Paixão, o Senhor não pensou em Si mesmo. Em meio à angústia mortal, pensou primeiro em Seu Pai. Orando a Ele de joelhos, Jesus foi consolado por um Anjo (cf. Lc 22,43).

E, assim, confirmou as palavras de São Paulo: “O Deus de toda consolação nos consola em nossas aflições, para que possamos consolar os que se encontram em qualquer aflição por meio da consolação que nós mesmos recebemos” (cf. 2Cor 1,3s).

Assim, o Senhor Jesus passou a Paixão fazendo o bem! Tentou pela última vez advertir a consciência do traidor, para que ao menos se arrependesse e se salvasse: “Judas, com um beijo tu entregas o Filho do homem?” (cf. Lc 22,48); curou a orelha de um dos que O prendiam (cf. 22,51); olhou profundamente para Pedro, fazendo com que se arrependesse amargamente da negação (cf. 22,61). Ironicamente, levou até mesmo Herodes e Pilatos – outrora inimigos – a se reconciliar (cf. 23,12). E a simpatia que causou neste serviu, ao menos indiretamente, para salvar a vida de Barrabás (cf. 23,25).

Enquanto se encaminhava ao Calvário, encorajou e advertiu o povo que batia no peito e chorava (cf. 23,27s). Sob intensa dor, orou pelos algozes e por todos ao ser crucificado: “Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem!” (cf. 23,34). Em meio à agonia atroz, já suspenso na Cruz, moveu um criminoso à fé e ao arrependimento, prometendo-lhe, ali mesmo, a salvação eterna: “Em verdade eu te digo: ainda hoje estarás comigo no Paraíso” (cf. 23,43).

Até o modo sereno e confiante como rezou aceitando a morte – “Pai, em Tuas mãos entrego o meu espírito” (cf. 23,46) – levou muitos do presentes a se converter e crer. O até então implacável soldado glorificou a Deus e reconheceu: “De fato! Este homem era justo!” (cf. 23,47). E muitos dos que assistiam a tudo como a um espetáculo voltaram para casa batendo no peito arrependidos (cf. 23,48).

Mais eficaz do que qualquer longa pregação, Sua Paixão deixou um perfume de bondade no ar e espalhou copiosamente consolação, conversão e arrependimento. Meditar a Paixão de Cristo, “batendo no peito e chorando”, irá nos levar a receber tal consolação. Assim, já não olharemos para nossa própria dor e, com Ele, consolaremos também os outros, aos quais Ele quer salvar.

 

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