Editorial

Momento de grandeza

Momentos excepcionais exigem comportamentos excepcionais. Todos já ouvimos histórias de pessoas comuns e comunidades aparentemente sem nada de especial, que demostraram uma bravura e uma solidariedade inesperada diante de catástrofes naturais e desastres de grandes proporções.

Deus se vale também dos momentos difíceis para nos convidar a sermos mais justos, solidários e comprometidos com nossos irmãos. A enorme crise política, moral e econômica que o Brasil enfrenta é uma ocasião para cada um de nós aprofundar as razões da nossa esperança na vida e o compromisso com o próximo e o bem comum. O alcance de nossas ações pode ser muito pequeno – não somos os grandes caciques políticos de Brasília, os magistrados ou os investigadores que têm o protagonismo na determinação dos rumos do País –, mas cada um de nós é o protagonista da própria vida, e tem uma contribuição a dar naquela parte da realidade na qual se move.

As recentes manifestações populares combinam a grandeza dos que querem construir uma história melhor para nosso povo com a raiva destrutiva que se manifesta nos atos de violência e vandalismo. Não há justificativa para esses atos violentos e vandalismo, que não trazem nada de bom para a sociedade e acabam, de um modo ou de outro, penalizando os mais fracos, os que mais dependem dos bens e serviços públicos. A ação das “forças da ordem”, por sua vez, tem que garantir a paz e a tranquilidade, sem gerar mais violência e insegurança.

Cada um de nós é chamado a não se deixar determinar pelas frustrações e pela raiva, mas agir segundo uma justa indignação, que se orienta pelo desejo de construção do bem comum, pela solidariedade para com os mais pobres e pela esperança que não se baseia na conduta dos políticos, mas sim na experiência de vida nova que o encontro com Cristo faz nascer entre nós. Não é um momento de desesperança ou ceticismo, mas sim de grandeza humana; não de raiva ou violência, mas de solidariedade e busca da justiça.

As práticas políticas a que nossos homens públicos estão acostumados, baseadas no corporativismo e em negociatas, estão exauridas. Quanto mais insistem nelas, procurando perder os anéis para salvar os dedos, mais afundam o País no caos. Também para eles, esse momento é um desafio para encontrar uma grandeza esquecida ou adormecida. Se isso não acontecer, a crise se estabelecerá por mais tempo e com mais intensidade, e todo o povo sofrerá mais.

Seja qual for o caminho seguido pelo País, cada um de nós continua chamado a viver em Cristo essa grandeza humana que gera solidariedade e construção do bem comum. Não temos o controle dos destinos do Brasil, mas aquela parte que depende de nós será cada vez pior se não encontrarmos sempre mais as justas motivações para viver a grandeza que o momento exige.

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