Liturgia e Vida

‘Amai os vossos inimigos’ (Lc 6,27)

O verdadeiro amor se concretiza em obras. Por isso, o Senhor enumera ações que testificam a nossa caridade ao próximo: fazer o bem, bendizer, rezar e abrir mão de “direitos” em favor dos outros (cf. Lc 6,27-30). Nada mais justo do que praticar isso àqueles que nos amam: pais, irmãos, amigos, cônjuge, benfeitores…

Porém, Jesus nos pede para ir além do que é apenas “justo”, fazendo essas coisas também àqueles que nos querem mal: “Amai os vossos inimigos e fazei o bem aos que vos odeiam, bendizei os que vos amaldiçoam, e rezai por aqueles que vos caluniam”. Assim, o nosso amor se tornará como o amor de Deus, que “é bondoso também para com os ingratos e os maus” (Lc 6,35).

Afinal, “Cristo morreu por nós quando éramos ainda pecadores” (Rm 5,9)! Sua morte reconciliou- -nos “enquanto éramos inimigos” (Rm 5,10), sem que merecêssemos. Ele nos exigirá uma compreensão para com o próximo semelhante à que Ele tem por nós. E acrescenta: “Com a mesma medida com que medirdes os outros, vós também sereis medidos” (Lc 6,38). Afinal, “mais do que em dar, o amor consiste em compreender” (São Josemaría).

Para amarmos a quem nos odeia ou persegue, três coisas são necessárias. A primeira é olhar para o “inimigo” com distanciamento: como um filho de Deus. Olhemos menos para as ofensas que nos fazem sofrer e mais para o mal que nosso perseguidor faz a si mesmo! Sendo injusto, ele suja as mãos e o coração, afasta-se do Senhor e prestará contas a Deus por isso. Com realismo e sem vitimismo, seremos impelidos a rezar: talvez, por conta do mal praticado contra nós, esse infeliz venha a perder-se para sempre!

A segunda coisa a fazer é olhar para Jesus. Ele é “vítima de expiação por nossos pecados” (1 Jo 4,10), mas jamais foi “vitimista”. Não olhava para as blasfêmias sofridas, e, sim, para a salvação que nos queria alcançar. Movido por autêntico amor, “quando injuriado, Ele não retribuía com injúrias; atormentado, não ameaçava; antes, colocava a sua causa nas mãos d’Aquele que julga com justiça” (1Pd 2,23). Mais ainda, Ele intercede por nós! Sob a dor da Cruz, sem que os algozes nem sequer dessem sinal de conversão, orou “Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem!” (Lc 23,34). A sua paciência levou os inimigos ao arrependimento: “Na verdade, este era Filho de Deus” (Mc 15,39), diria o centurião após Sua morte.

A terceira coisa a fazer é exercitar o amor ao “inimigo” na prática! Começamos orando: dizendo a Jesus que amamos aquele que nos persegue e que queremos sua felicidade na terra e salvação eterna, mesmo que não sintamos assim! Deus ficará feliz com essa “mentira”, que revela um desejo sincero de amar. Procuraremos sorrir, ser gentis e não falar mal dessa pessoa. Pediremos por ele na missa e, sempre que necessário, recorreremos à Confissão, para que o Senhor transforme o nosso pobre coração!

Seguiremos o conselho do Apóstolo: “Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal pelo bem” (Rm 12,21).

 

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