Comportamento

Empatia

A vida é realmente muito interessante, tem movimentos cíclicos – vivemos algo, negamos, caminhamos em direção contrária e, quando menos esperamos, voltamos ao ponto inicial. Parece que o que se busca é o equilíbrio, porém, nesse caminho, acabamos percebendo que alguns hábitos eram melhores do que imaginávamos à princípio, quando os tomamos como “piegas”.

Vejam o que acontece hoje em dia com o convívio social: as pessoas vivem muito ensimesmadas, muito se fala, pouco se escuta, tudo que foge dos interesses imediatos de alguém pesa e aborrece. É comum encontrarmos jovens sem objetivos sólidos e claros para suas vidas, que encontram dificuldades para manter relações de trabalho que exigem maior empenho e nem sempre têm resultados rápidos. Se opta pelo mais fácil, mais prático, mais prazeroso e, mesmo assim, não são felizes. Temos cada vez mais casos de ansiedade, depressão, suicídios, hiperatividade, e tudo isso até mesmo em crianças. Pensando nelas, vemos uma realidade bem distante daquela infância gostosa e bem vivida: com cheirinho de bolo de vó, com brincadeiras gostosas com primos, com tempo ocioso para simplesmente ser criança.

Desde há algum tempo, a convivência familiar foi se modificando: os pais convivem pouco tempo com os filhos, muitas vezes “precisam” terceirizar a educação dos mesmos e estamos vivendo os resultados dessa “escolha” que fizemos. E, então, diante dessas inúmeras dificuldades no convívio social, desde entre crianças em escolas (bullying), até adultos no meio empresarial, surge a todo o vapor uma novidade: a empatia. Um movimento de explicar, teorizar, valorizar e estimular para que as pessoas desenvolvam a empatia. Fala-se muitíssimo da importância da empatia para relações mais saudáveis em todos os níveis e idades, e muitos já estudam como ensinar empatia aos filhos. Que bom! Sinal de sabedoria humana que acaba percebendo como retomar a rota.

O que acho importante refletirmos, porém, é que se trata de um resgate e não de uma novidade – há anos, quando o convívio familiar era maior e regado de mais envolvimento e menos recursos facilitadores, ensinava-se aos filhos o “pensar no outro”, desde muito cedo. As crianças eram estimuladas a pequenos serviços ou mesmo a alguns um pouco maiores, dependendo da circunstância, e aprendiam a sentirem-se felizes por estar servindo aos demais. Fazer algo para agradar ao papai ou à mamãe, compreender o choro ou a necessidade de um irmão, dividir um chocolate, brinquedo, atenção, fazia parte do cotidiano e, não era fácil, podia até “doer”, mas a rica lição era: colocar-se no lugar do outro, ser solidário, compartilhar vale a pena. Aliás, era comum ouvirmos a famosa regra de ouro: “não faça aos outros o que não quer que te façam”. A verdadeira felicidade está em fazer feliz, precisamos redescobrir essa verdade em nossas vidas.

Já que somos seres históricos capazes de aprender com nossas experiências, vamos questionar mais e refletir diante das mudanças que a pós-modernidade e seus recursos tecnológicos vão nos propondo: será que não estamos deixando de cultivar coisas importantes que nos trarão consequências graves num futuro próximo? Não seremos capazes de congregar os benefícios desses recursos, com uma educação realmente comprometida em formar pessoas de bem? Nenhum conforto ou facilidade compensa o desequilíbrio pessoal e social que estamos vivendo. Precisamos assumir o ônus de uma educação comprometida com o bem para podermos colher frutos de sólida felicidade no futuro.

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