Espiritualidade

Sair da indiferença...

A celebração do Natal é uma festa muito esperada e para a qual, em geral, fazem-se grandes preparativos. As luzes e os enfeites nas lojas, nas casas e nos locais públicos trazem alegria e brilho, além de despertar bons sentimentos e esperança. No período natalino, tudo parece se transformar pelos gestos de bondade e partilha, pelas reuniões em família e pelo reencontro das pessoas que deixam de lado suas desavenças. A troca de presentes também faz parte das festas, sobretudo para as crianças, que aguardam ansiosas para abrir os pacotes no Natal. Mas o que acontece depois? Depois do Natal parece que a vida vai voltando ao seu curso normal, e tudo vai retomando o ritmo de antes, com uma certa indiferença.

A indiferença é um sentimento bastante presente no cotidiano de nossas vidas. Estamos acostumados a ver e ouvir muitas coisas, mas não prestamos atenção ou paramos para pensar nisso. Indo e vindo pelo caminho, continuamos a encontrar pessoas que precisam de atenção ou que pedem alguma coisa, mas a vida segue com pressa. Também os encontros em família vão ficando mais difíceis, talvez um aniversário ou outro entre tantas atividades e compromissos. Fazer uma refeição em família também é difícil, pois exige tempo, disposição e organização para preparar tudo. A vida agitada, os compromissos e a agenda soam como uma música, e vamos dançando sob o ritmo apressado do dia a dia. O que aprendemos com a celebração do Natal? 

A celebração do Natal do Senhor recorda que Deus não ficou indiferente à condição humana e que não abandonou o homem sujeito às consequências do próprio pecado. O Verbo de Deus, Jesus, assumiu a natureza humana, despojando-se de sua glória, partilhando da dor e do sofrimento humano. Se a humanidade caminhava nas trevas, angustiada e buscando dar sentido à sua existência, a luz daquela noite santa trouxe nova esperança. Não caminhamos mais na solidão, porque o Filho Deus está entre nós, e sua presença é a confirmação da realização da promessa. O Natal não é um mito nem um conto alegórico ou fantasia; é um acontecimento salvífico que revela a ação de Deus, que entra na história humana de maneira real.

Do mistério do Natal, aprendemos várias coisas, entre elas a certeza de que Deus não é indiferente à realidade humana. Se temos essa certeza, então a celebração do Natal deve nos mover para longe de que qualquer indiferença. Não podemos simplesmente retomar nossas atividades e voltar ao ritmo da pressa e da agitação. É verdade que o tempo não para e que depois das festividades o trabalho deve recomeçar, mas também é verdade que a força da presença de Deus deve continuar a impregnar nossas atitudes. Não custa nada saudar uma pessoa pelo caminho, estender a mão a alguém que precisa. Ainda podemos reunir a família, sem tanta preocupação com a mesa, apenas para encontrar as pessoas. É preciso vencer a indiferença pela força da presença amorosa de Deus, e, assim, em todos os dias, poderse-á contemplar a discreta beleza do Natal do Senhor.

 

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