Editorial

Luz para todas as nações e povos

Para muitos cristãos, o Natal do Senhor é considerado um dos eventos mais aguardados do ano: momento de reunir os familiares e amigos, reconciliar-se, conviver fraternalmente! A presença do Menino Jesus em meio à humanidade é um sinal inequívoco de que Deus se torna um de nós, motivo de inspiração e apelo concreto à vivência de um existir renovado e santo! 

A Igreja, sabiamente, diante de tão grandioso acontecimento, não poderia restringi-lo a um único dia no calendário, motivo pelo qual o Tempo do Natal compreende diversas celebrações em torno do nascimento do Salvador e se estende até o domingo depois da Solenidade da Epifania do Senhor, com a celebração do Batismo de Jesus.

Em seu significado mais profundo, a Solenidade da Epifania é revestida de particular importância: recorda-nos que Aquele que nasceu em Belém é uma luz para todas as nações!

De origem grega, a palavra “epifania” significa “apresentação”, “manifestação”. No contexto da história da Igreja, essa palavra tornou-se estreitamente associada à revelação de Cristo em conexão com a visita dos Magos do Oriente. A adoração oferecida por eles é uma constatação de que a luz de Cristo veio para todos, mesmo para os gentios mais distantes. A ideia da Epifania é, portanto, que Jesus, nascido em Belém, seja reconhecido pelo mundo inteiro como Deus, demonstrando a universalidade da salvação, dirigida a todos os povos, raças, línguas e nações. Assim, se no Natal Deus aparece como homem, na Epifania esse homem aparece diante do mundo como Deus! 

Os Reis Magos, figuras centrais na celebração da Epifania, trazem consigo não somente presentes, mas verdadeiros ensinamentos, representando o percurso que todo homem deve seguir para chegar até Deus, segundo os ensinamentos do Catecismo da Igreja:

- Seguiam a estrela, ou seja, prestavam atenção aos sinais de Deus por meio de sua Criação, por meio de sua revelação natural;

- Peregrinavam por causa do profundo desejo de encontrar o verdadeiro Deus, Aquele que poderia satisfazer todas as expectativas e anseios de seu coração;

- Perguntavam onde estava o rei que haveria de nascer, o que lhes foi respondido por meio dos sinais das Sagradas Escrituras, de onde brota a revelação genuína do próprio Deus.

É certo que o homem jamais poderia encontrar a Deus se este não tivesse vindo se revelar a ele. Embora seja um desejo do coração humano, o homem poderia se perder nessa busca, levado por suas paixões, sentimentos e emoções se a empreendesse por si só. Por isso é que ganha uma dimensão extraordinária o desejo de Deus de se manifestar à humanidade. 

O Papa Emérito Bento XVI, em uma de suas homilias, fala do coração inquieto do homem, ou seja, existe no homem uma inquietude e existe também em Deus tal sentimento: “Não é apenas o homem que tem em si a inquietação constitutiva por Deus, mas essa inquietação é uma participação na inquietação de Deus por nós. Foi por estar inquieto conosco que Deus vem atrás de nós até a manjedoura. E mais: até a cruz!”

Tomemos o exemplo dos Reis Magos e ofereçamos a Deus nosso melhor presente: o ouro de nossa fidelidade, o perfume de nossa piedade e o bálsamo de nossa santidade!

 

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