‘Discernir’ juntos: momento precioso do caminho sinodal eclesial!
O discernimento é um “exercício de alta intensidade sinodal” que tem como atitude “acolher aquilo que o Espírito diz às Igrejas” (Ap 2,7).
O discernimento implica “ver” e “escutar” a realidade além das aparências e, com atenção, “escutar” profundamente a Palavra de Deus e o magistério da Igreja, para “colher” as direções a serem seguidas, a fim de que a mesma realidade possa ser transformada segundo o desígnio de Deus.
O discernimento é um ato eclesial, comunitário, que se faz “juntos” e, por isso, é o ponto alto de uma Igreja toda ela sinodal.
O discernimento, dom primordial do Espírito Santo, é uma experiência ascética, mística, espiritual da comunidade eclesial que não renuncia a encarar os conflitos, pois eles, no caminho sinodal, não podem ser ignorados e dissimulados, mas, sob a ação do próprio Espírito, são superados pela unidade da oração e da fidelidade à Palavra de Deus e ao magistério da Igreja, para que a Igreja seja sempre mais fiel ao mandato do Senhor que é o de “evangelizar com muito ardor missionário”.
Daí o “discernimento” ser o “ato” precioso do caminho sinodal que estamos percorrendo na Arquidiocese de São Paulo.
É ao exercício do “discernimento” que devemos dar grande importância nas assembleias que estão sendo realizadas nas paróquias, nas futuras assembleias regionais e, sobretudo, na assembleia sinodal arquidiocesana.
O exercício do “discernimento” implica:
1) Humildade em reconhecer as falhas que temos e que nos impedem de ser uma Igreja evangelizadora e missionária, uma Igreja que tem como “coração” o Evangelho de Jesus Cristo, uma Igreja que tem como missão viver a pobreza de Cristo e acolher os pobres como Cristo acolheu;
2) Despojamento da nostalgia de um passado vanglorioso e das utopias pessoais, para que a Igreja inteira se abra à “profecia”;
3) Consenso, que não significa apenas “concordar”, mas assumir “caminhos” que o próprio Espírito Santo está indicando à Igreja no tempo atual;
4) Acolher, com sinceridade, a realidade concreta que nos é apresentada, sem mascará-la, sem contorná-la, mas acolhê-la, pois é por ela que o Espírito nos interpela à conversão;
5) Docilidade à Palavra de Deus e aos ensinamentos do magistério da Igreja: nesse ponto, é importante ter ciência de que, hoje, temos uma eclesiologia em vigor que é a do Concílio Vaticano II e de que, como Igreja que somos, não deve prevalecer “o que eu quero”, mas, sim, o que a Igreja precisa para que ela seja um vigoroso e santo “sinal” da presença de Deus no lugar em que está.
Este será o grande “fruto” do sínodo que estamos realizando e celebrando na Arquidiocese de São Paulo: “crescer no exercício permanente do discernimento”, pois este é o “ato” primordial que nos conduz ao caminho de conversão, comunhão e renovação pastoral missionária.
Padre José Arnaldo Juliano dos Santos é Teólogo-Perito do sínodo arquidiocesanoLEIA TAMBÉM: Urgências da Igreja em São Paulo