Encontro com o Pastor

Urgências da Igreja em São Paulo

Em toda a Arquidiocese de São Paulo, acontecem as assembleias paroquiais do sínodo, como ponto alto do primeiro ano do caminho sinodal arquidiocesano. De posse das observações e contribuições dos grupos de reflexão sinodal em cada paróquia, do resultado da pesquisa sobre a situação religiosa e pastoral e do levantamento sobre os serviços pastorais e evangelizadores de cada paróquia, cada assembleia paroquial faz a sua reflexão sobre esses elementos da própria realidade.

As assembleias paroquiais do sínodo são uma ocasião para aprofundar e alargar o olhar sobre a realidade, para a tomada de consciência sobre os acertos e as lacunas na ação pastoral e sobre os passos a serem dados no “caminho de comunhão, conversão e renovação missionária” de nossa Arquidiocese, na fidelidade à Palavra de Deus e à própria missão.

Os resultados da pesquisa sobre a situação religiosa e pastoral, feita como parte do caminho sinodal, são reveladores e confirmam a percepção que já se tinha havia mais tempo: a necessidade de uma “nova evangelização”. É preciso passar das discussões intelectuais feitas em âmbitos da hierarquia eclesial ou de certos espaços de reflexão acadêmica para uma nova atitude na práxis eclesial, que chegue às bases da Igreja, lá onde ela aparece como comunidade de pessoas animadas pela fé, esperança e caridade, reunidas em torno de Jesus Cristo, mediante a Palavra de Deus, a Eucaristia e dos demais sinais sacramentais que a identificam e expressam.

As “urgências” da ação evangelizadora e pastoral da Igreja na cidade de São Paulo, apontadas e assumidas pelo 12º Plano de Pastoral da Arquidiocese (2017-2020), antecipam, de maneira acertada e em boa parte, as urgências e desafios revelados pela pesquisa do sínodo sobre a situação religiosa e pastoral. Precisamos, muito concretamente, ser uma Igreja em estado permanente de missão. Nossas paróquias e organizações eclesiais, mais que “postos de atendimento religioso”, precisam ser comunidades vivas e expressões de uma “Igreja em saída missionária”. As portas precisam estar abertas para acolher, mas ainda mais para ir ao encontro das pessoas e situações necessitadas da luz, do fermento, do sal, do bálsamo e da “alegria do Evangelho”. Temos muitos passos a fazer para realizarmos uma verdadeira conversão missionária e para sermos uma “Igreja em estado permanente de missão”

A pesquisa, direcionada especificamente para os católicos, também confirmou o que já se sabia: uma evangelização apenas muito superficial. Há um desconhecimento geral sobre a fé cristã católica e um “descolamento” flagrante em relação à vida da Igreja e em relação àquilo que a Igreja ensina. Temos a necessidade urgente de promover uma efetiva “iniciação à vida cristã” para suprir o vazio de catequese e de formação cristã. A Igreja, como comunidade de pessoas, tem sua identidade, e a evangelização leva a assimilar essa identidade, que se traduz na nossa adesão a Jesus Cristo e a seu Evangelho e, também, nossa adesão à própria Igreja, servidora de Jesus Cristo. Não se pode pensar que haja um “bom católico” sem comunhão com a Igreja, com posições contrárias àquilo que é parte dela e ao que ela ensina. Vamos perdendo o “jeito” de ser católicos e isso preocupa, pois pode levar bem depressa ao abandono total da Igreja.

Embora a Palavra de Deus já ocupe um lugar importante na vida de muitos católicos, a pesquisa mostrou que ainda existe uma lacuna considerável na evangelização centralizada na Palavra de Deus. Poucos são os católicos que têm o hábito da leitura diária da Palavra de Deus. Se considerarmos que a frequência semanal e regular à Missa dominical é inferior a 10%, certamente são ainda menos aqueles que, além da Missa, têm outro momento de encontro semanal com a Palavra de Deus. É urgente que a Igreja caminhe animada pela Palavra de Deus. Contrariamente, ela vai se alimentar em quais outras fontes? E quem não se alimenta, morre de fome e sede...

Da mesma forma, pela pesquisa feita, ficam patentes as demais três “urgências” do nosso 12º Plano de Pastoral: nossa Igreja precisa ser, muito mais do que já é, uma rica e dinâmica “comunidade de comunidades”; ela precisa, a exemplo de Jesus Cristo, ser comunidade “misericordiosa, a serviço da vida plena para todos”; e precisa ser “família de famílias”, valorizando cada família como pequena comunidade eclesial e chamando-a a participar, a seu modo, da missão da grande família eclesial.

 

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