Encontro com o Pastor

Iniciação à vida cristã: formar bons cristãos

No dia 5 de maio passado, depois de 9 dias de intenso trabalho, foi concluída a 55ª assembleia geral ordinária da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Aparecida (SP). Muitos foram os temas abordados sobre vários aspectos da vida e da missão da Igreja e sobre o grave momento vivido pelo Brasil. Os bispos, enquanto pastores do povo, não podem ficar alheios às angústias e aflições vividas pelos brasileiros.

O tema principal da assembleia foi a “iniciação à vida cristã”, entendida como um itinerário para formar discípulos missionários de Jesus Cristo.

Em outras palavras, para formar bons cristãos. Na V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, realizada há exatos 10 anos também junto do Santuário Nacional de Aparecida, tratou-se de duas dimensões inseparáveis da vida cristã: ser discípulos e missionários de Jesus Cristo.

Na última assembleia geral da CNBB, o tema foi retomado e, no documento que foi aprovado, os bispos falam da “urgência de um novo processo de iniciação à vida cristã”. Por que isso seria tão urgente? A resposta não poderia ser outra: trata-se de uma questão fundamental para a vitalidade da Igreja; ela é crucial para o presente e o futuro da Igreja e sua missão. O que é urgente, precisa ser enfrentado sem demora.

Não basta sermos uma “Igreja de batizados”, embora o Batismo seja uma graça imensa recebida de Deus. Ser batizado e não praticar a fé é como receber uma boa semente e guardá-la no depósito: ela nunca vai germinar nem produzir nova planta e frutos. Infelizmente, é o caso de muitos que receberam o Batismo, mas nunca foram além disso: não progrediram no caminho da fé e da experiência religiosa cristã. Nem se sentem parte da Igreja, que é a comunidade dos que foram batizados e na qual se aprende a ser cristão.

Viver a graça do Batismo significa corresponder a ela por meio das várias dimensões da vida cristã, que envolve o coração, a cabeça e as mãos, ou seja, os sentimentos, o conhecimento e as atitudes. A vida cristã envolve os afetos e a experiência do amor de Deus, o amor ao próximo e à Igreja, que é inseparável de Cristo. A vida cristã também requer conhecimentos sobre aquilo que cremos; não se ama nem se valoriza aquilo que não se conhece. E a fé se expressa através de atitudes que testemunham a adesão e o apreço por aquilo que cremos, sobretudo a caridade para com o próximo.

Em outras palavras, precisamos tornar-nos uma Igreja de discípulos e missionários de Jesus Cristo, que amam de maneira devotada o Mestre Jesus Cristo e se deixem instruir por ele e aprendem dele continuamente a sabedoria do reino de Deus para discernir sobre a vida e sobre as decisões a tomar. Enquanto discípulos, os cristãos precisam unir-se intimamente à Igreja, comunidade dos discípulos e corpo, do qual Cristo é a cabeça. Seria difícil e até impossível viver como bons cristãos de maneira isolada e sem ligar-se à Igreja.

Enquanto discípulos, os cristãos também tomam parte na missão de Cristo e da Igreja. O próprio Jesus assim o quis, quando enviou os apóstolos em missão e os tornou participantes de sua missão em toda parte e até o final dos tempos. (cf. Mc 16,15). O Papa Francisco não cessa de nos convocar para sermos “uma Igreja em saída missionária”, um povo missionário. Ser bom cristão também é envolver-se com a missão da Igreja no testemunho do Evangelho e na transmissão da fé aos outros.

Tudo isso requer, de nossa parte, uma mudança de posturas e uma verdadeira conversão. Já não se pode mais ver a Igreja como a instituição ou lugar, onde nós apenas vamos receber coisas sagradas: ela é a comunidade de fé daqueles que vivem como discípulos e missionários de Jesus Cristo no mundo e que anunciam as grandes obras de Deus para a vida das pessoas e do mundo. Ninguém nasce cristão: aprende-se a ser cristão ao longo da vida inteira, mediante um constante processo de iniciação e de formação cristã.

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