Comportamento

Baleia Azul: Censura ou Educação?

As últimas décadas foram caracterizadas por um movimento radical contra toda e qualquer censura. Tudo deve estar permitido para garantir os direitos de quem quer se manifestar a respeito de qualquer tema. Qualquer restrição que se faça a determinada publicação ou filme é vista como resquícios de uma “ditadura” que não pode voltar. De fato, as manifestações livres contribuíram significativamente para que todos pudessem ter o direito de falar. Contudo, é também necessário olhar para as consequências desse movimento, que gerou uma sociedade sem limites, oferecendo tudo a todos, sem discernimento, o que acaba por gerar graves riscos à própria vida.

Nunca é demais falar das dificuldades em se estabelecer os limites entre “o que posso” e “o que devo colocar à disposição de todos”. Nunca é demais lembrar que quando agimos assim, podemos nos esquecer da faixa mais vulnerável da sociedade, que é a infância e a adolescência. Não há fórmulas mágicas ou critérios unânimes sobre até aonde se pode ir. Se considerarmos essas etapas – infância e adolescência –, nas quais é cada vez mais difícil verificar alguma “padronização” comportamental, a partir de quando se pode permitir o acesso a certos conteúdos e ambientes? Como traçar os limites de uma “saudável  censura”,  que evite danos que podem ser mortais? Na prática, convivemos com crianças assistindo na TV à tarde o que só era permitido após a meia noite. Liberamos festas com bebidas alcoólicas (junto aos pais!) para adolescentes de 12 ou 14 anos. E, finalmente, chegamos à liberdade universal, que consiste em qualquer um ter acesso a um celular, onde se abre a janela para o mundo, sem qualquer restrição, sem proibições, sem respeitos e totalmente irresponsável (por não dizer criminosa). Fato atual e relevante é o terror da “baleia azul”, que vem provocando verdadeiro pânico nos pais de adolescentes ou mesmo crianças, por conta do noticiário alarmante sobre a participação nesses “jogos da morte”.

Não é verdade que a “baleia azul” seja um fenômeno isolado, que emergiu como vulcão ou tsunami na sociedade. Essa baleia teve um longo período gestacional, e uma visão histórica nos leva, sem grandes dificuldades, a verificar o porquê do seu surgimento. Criou- se, na verdade, todas as condições necessárias para que ocorresse essa catástrofe, e agora se quer analisar o fato como “surpreendente”! O que é surpreendente é ver os pais e os agitadores de uma sociedade sem limites – para os quais o processo de Educação tem que ser sem censuras promoverem agora fóruns de estudos para encontrar uma solução para a “baleia assassina”.

A educação de uma criança, que naturalmente vai para a adolescência, não pode ser encaminhada sem cordões de segurança. É injusto e irresponsável deixar que uma criança vá se desenvolvendo à custa de suas experiências pessoais, escolhendo o que bem entenda sem qualquer critério de valores. Há anos, convivemos com “baleias azuis” na Educação, quando fomos permitindo o acesso a programações perniciosas e a desenhos destrutivos, camuflados como ficção ou aventura; quando se abriram as portas a conflitos novelescos, “que revelam a realidade”, que entram nos lares como comi- da podre na hora do jantar, e não achamos que vai fazer mal. O mesmo se dá quando permitimos que se ofereça para leitura nas escolas - nas escolas! - livros que deturpam princípios básicos e inquestionáveis do ser humano, como a identidade de homem e de mulher, para que crianças façam “suas opções”; quando saturamos as crianças com propagandas enganosas, confundindo o valor de “ter” posses, em vez de “ser” uma pessoa.

Um cenário de guerra na Educação em favor da falta de censura leva precocemente à falta de sentido na vida pela desilusão. Não nos assustemos que a “baleia azul” tenha dado um golpe fatal. É preciso refazer as bases educacionais a partir da família. Com coragem, perseverança e esperança. E você também é responsável por isto.

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