Espiritualidade

A presença do Pai...

Agosto, mês das vocações, semana da família! Eis que somos impelidos a refletir sobre as vocações na Igreja, especialmente sobre as vocações da nossa Arquidiocese de São Paulo, pedindo ao Senhor da messe vocacionados e vocacionadas. Somos convocados, também, a rezar e movimentar as comunidades em torno do Evangelho da Família, promovendo a dignidade e a beleza de se construir a família a partir dos valores da fé e sob o olhar misericordioso de Jesus e Maria. 

Entre as vocações, queremos destacar a vocação a de ser pai, porque da vocação à maternidade temos muitas oportunidades para falar durante o ano, nas festas marianas, mas, às vezes, os pais ficam meio esquecidos nas homilias. É por isso que sinto a necessidade de retomar com vocês os ensinamentos do Papa Francisco sobre este tema, por ocasião das catequeses sobre a família proferidas no ano de 2015. Duas catequeses serão os pilares de nossa reflexão.

Para falar da figura humana do pai, precisamos partir da revelação de nosso Deus: Ele escolheu este título para se revelar aos homens. O próprio Deus disse: “Eu serei para ele um Pai e ele será para mim um filho” (2Sm 7,14). A vocação à Para falar da figura humana do pai, precisamos partir da revelação de nosso Deus: Ele escolheu este título para se revelar aos homens. O próprio Deus disse: “Eu serei para ele um Pai e ele será para mim um filho” (2Sm 7,14). A vocação à paternidade é dom divino, tem sua origem em Deus Pai, como nos afirma São Paulo quando escreveu que “dobra os joelhos diante do Pai, de quem recebe o nome toda paternidade no céu e na terra” (Ef 3,1.14-15).  

Neste horizonte da própria imagem de Deus que se revela como Pai, hoje falamos também de crise da paternidade: a nossa sociedade seria uma sociedade sem pais, ou seja, a figura do pai estaria simbolicamente ausente, quase removida.  O Papa Francisco destacou que “por vezes, os pais estão tão concentrados em si mesmos e no próprio trabalho ou então nas próprias realizações pessoais, que se esquecem até da família“ (cf. Papa Francisco. Catequese 20/01/2015)... O pai precisa ser uma presença de amor na família e não somente o provedor das necessidades materiais. Senão, pode acontecer como com aquele pai desesperado que, depois de ter dado ao filho a ‘mesada’ toda semana, para que este se divirta, um dia ouviu, com tristeza, dos lábios do mesmo filho: você nunca me deu nada. Por que me colocou neste mundo? 

A primeira “coisa” que um pai deve dar à sua família é a presença ativa, que se traduz na proximidade à esposa, no diálogo conjugal e na grandeza de alma em reconhecer com gestos e palavras a sua contribuição na edificação do lar. E que esteja perto dos filhos para transmitir o amor, o exemplo e acompanhá-los no seu crescimento. 

Missão difícil a de ser pai, mas o pai presente na vida dos filhos pode ter a certeza da ‘presença’ e luz do Pai dos pais. O pai presente poderá, certamente, dizer aos filhos um dia: 

“Serei feliz cada vez que te vir agir com sabedoria e comoverme-ei todas as vezes que te ouvir falar com retidão. Foi isto que desejei deixar-te, para que se tornasse algo teu: a atitude de ouvir e agir, de falar e julgar com sabedoria e retidão. E para que pudesses ser assim, ensinei-te coisas que não sabias, corrigi erros que não vias. Fiz-te sentir um afago profundo e ao mesmo tempo discreto, que talvez não tenhas reconhecido plenamente quando eras jovem e incerto. Dei-te um testemunho de rigor e de firmeza que talvez não entendesses, quando só querias cumplicidade e tutela. Fui o primeiro que tive de me pôr à prova da sabedoria do coração e velar sobre os excessos do sentimento e do ressentimento, para poder carregar o peso das incompreensões inevitáveis e encontrar as palavras certas para me fazer entender. Agora — continua o pai — comovo-me quando vejo que tu procuras comportar-te assim com os teus filhos e com todos. Estou feliz por ser teu pai!”. (cf. Papa Francisco. Catequese 04/02/2015). 

Para pesquisar, digite abaixo e tecle enter.