Encontro com o Pastor

Dez anos como Arcebispo de São Paulo

São Paulo e o Brasil estavam se preparando para a visita do papa Bento XVI, que vinha para a canonização de Santo Antônio de Sant’Ana Galvão e para a abertura da V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, em Aparecida. No dia seguinte à posse, já me dirigi a Itaici para o início da assembleia geral anual da CNBB, uma vez que ainda respondia pelo cargo de secretário geral da Conferência. Concluídos os trabalhos da assembleia, no dia 9 de maio, o papa Bento XVI já estava chegando em Guarulhos e coube-me acolher e acompanhar Sua Santidade, fazendo as vezes de anfitrião. A visita de Bento XVI foi marcante, sendo a sua primeira viagem distante e prolongada. Seguiram-se as três semanas intensas da Conferência de Aparecida.No dia 29 de abril passado transcorreu o 10º aniversário de minha posse como arcebispo de São Paulo. Lembro bem da cerimônia na catedral metropolitana, com grande participação de bispos, clero e povo. O Núncio Apostólico da época, Dom Lorenzo Baldisseri, fez ler a bula pontifícia de minha nomeação, ocorrida em 20 de março de 2007. Lembro da emoção que senti ao me dar conta, de fato, do tamanho da missão!

Dez anos diante da arquidiocese de São Paulo passaram muito rápido, mergulhado em atividades intensas e responsabilidades exigentes. Antes, como bispo auxiliar de São Paulo por cinco anos, pude conhecer par- te da Arquidiocese e do tamanho de sua vida pastoral. Como arcebispo, tendo que responder  em  primeira pessoa por toda a Arquidiocese, as responsabilidades aumentaram imensamente, desafiando meus limites humanos diante da tarefa de acompanhar mais de 300 paróquias, com uma diversidade muito grande; acompanhar o clero numeroso e também muito heterogêneo; animar os religiosos e leigos, nas suas numerosas expressões e organizações; estabelecer e cultivar relações fecundas com a sociedade civil, a imprensa, a comunicação social e as instituições públicas, promover a pastoral das vocações e a formação do clero, responder, em última instância, pela administração da Arquidiocese.

Naturalmente, tudo isso só podia acontecer mediante a ajuda de numerosos e bons colaboradores, o que nunca faltou, graças a Deus! Sou muito grato a todos os valorosos bispos auxiliares, aos dedicados padres e diáconos, religiosos e leigos, que ajudam a animar e servir esse numeroso povo de Deus em São Paulo. O bispo não trabalha sozinho e não é o único a responder pela vida de sua diocese. Nem é preciso dizer que, nesses dez anos à frente da Arquidiocese, pude experimentar a constante ajuda de Deus. Considero que, nesse período, algumas realizações foram especial- mente importantes, como a reorganização e revitalização da Cáritas arquidiocese na para o atendimento de numerosas emergências sociais aqui mesmo, ou também longe daqui; a criação de novas paróquias em áreas especialmente carentes e o estímulo à ajuda solidária entre paróquias; a reorganização do Vicariato Episcopal para a Pastoral da Comunicação e do Vicariato Episcopal para a Edu- cação e a Universidade, a reorganização da cúria, especialmente da chancelaria e do secretariado de pastoral. Mas também foram importantes a inserção da Faculdade de Teologia na PUC-SP, a criação da Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo e a reorganização da pastoral judiciária. O acompanhamento das numerosas organizações laicais e das entidades e instituições voltadas para o serviço dos pobres também demanda constante atenção.

Mais que tudo, porém, meu desejo é ver crescer na arquidiocese de São Paulo uma renovada consciência eclesial sobre a graça de pertencermos à Igreja de Jesus Cristo nesta cidade e sobre a vida e a missão desta mesma Igreja, que dependem de nós e de nossa colaboração com a ação de Deus. Hoje somos nós os continuadores da missão evangelizadora, já exercida aqui, antes de nós, por generosos e grandes pastores e servido- res do Evangelho. Penso nos grandes arcebispos e bispos de São Paulo, nos numerosos e zelosos padres e religiosos que nos precederam! Entre eles, contamos com santos e santas, como Anchieta, Frei Galvão, Padre Maria- no, Madre Paulina e Madre Assunta! Eles engrandecem a Igreja de São Paulo e nos estimulam a fazermos bem a nossa parte em nossos   dias.

Agora nos encaminhamos para a realização do primeiro sínodo da arquidiocese de São Paulo. Tenho muita esperança nos bons frutos que podem vir dessa iniciativa. Desde logo, porém, precisamos todos nos dispor a realizar bem o sínodo e a rezar para que o Espírito Santo nos ilumine e conduza. São Paulo Apóstolo, nosso Padroeiro, e os Santos desta Igreja, intercederão por nós e nos ajudarão.

 

 

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