Fé e Cidadania

CF2017 A Doutrina Social da igreja na Defesa Dos Biomas Brasileiros - Lições Mútuas

Este é o terceiro ano consecutivo em que a Igreja é chamada, no Brasil, a pensar a questão ambiental. Em 2015, refletimos sobre a Encíclica Laudato si’; em 2016, a Campanha da Fraternidade (CF) nos convidou a refletir sobre a “Casa comum, nossa responsabilidade”; e agora, em 2017, a CF tem por tema a “Fraternidade: Biomas brasileiros e defesa da vida”. Que lições nos ficaram de todas essas reflexões? Que contribuições podemos levar a nossos irmãos não católicos que também lutam pela defesa do meio ambiente e da vida?

A Doutrina Social da Igreja ganhou muito com suas reflexões sobre a questão ecológica.

Não há dúvida de que a percepção da justiça intergeneracional, de nossa responsabilidade diante das gerações futuras, presente na doutrina social, foi melhor compreendida a partir das contribuições de parte do pensamento ecológico.

Refletir sobre o necessário cuidado com a criação nos tem ajudado a recuperar dimensões da espiritualidade cristã que muitas vezes haviam se diluído no tempo. Perceber o mundo como um dom e um sinal do amor de Deus para conosco e recuperar o cuidado para com toda a criação são elementos da espiritualidade cristã presentes desde os primeiros séculos, passando por grandes santos, como São Francisco de Assis. Mas são percepções que facilmente perdemos, imersos em nossas preocupações e inquietações. Essa espiritualidade é justamente a grande contribuição que o Cristianismo traz aos movimentos ecológicos. Quem convive com esses movimentos sabe que, em muitos deles, há uma grande busca por espiritualidade e uma compreensão “religiosa” do mundo. Não nos esqueçamos que religião vem do latim religare, que indica a necessidade de religar a pessoa à Divindade – assim como a Ecologia trata da ligação que existe entre todos os seres. Num mundo cada vez mais banalizado e superficial, a recuperação da espiritualidade é uma força que reúne ambientalistas e cristãos.

A Doutrina Social da Igreja também reforça a consciência da profunda ligação que existe entre o meio ambiente e os mais pobres e excluídos na sociedade. Justiça social e conservação dos recursos naturais são indissociáveis na prática.

Num mundo cada vez mais polarizado e intransigente para com o outro, o Papa Francisco – mas não só ele – salientou a necessidade absoluta do diálogo no enfrentamento dos problemas socioambientais. Diálogo entre sociedade e governo, entre os diferentes grupos sociais, da ciência com a religião e a arte.

A defesa da “casa comum” e dos biomas brasileiros necessita de todos esses elementos, da colaboração solidária entre cristãos e ambientalistas. Nosso encontro com Cristo nos leva a aprofundar nossa experiência de fé e compromisso com o próximo também nesse sentido.

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