Liturgia e Vida

Palavras de conforto à pessoa abatida

DOMINGO DE RAMOS E DA PAIXÃO DO SENHOR – 25 DE MARÇO DE 2018

No Cântico do Servo Sofredor, lemos que o Senhor deu a seu Servo uma língua adestrada, preparada para saber o que dizer e dizer palavras de conforto a quem está abatido. O Servo é Jesus, e como Jesus, devem ser todos os seus discípulos. Ele sabe dizer palavra de conforto à pessoa abatida. O Servo sofredor sabe consolar e falar ao coração. O Pai lhe fala ao ouvido, Ele presta atenção e não resiste às palavras que ouve e faz o que o Pai manda. O Pai manda consolar. “Consolai, consolai meu povo, diz o vosso Deus, falai ao coração de Jerusalém” (Is 40,1-2). 

Bateram nas suas costas, arrancaramlhe a barba, deram-lhe bofetões, cuspiram-lhe no rosto. Foi o que fizeram com Jesus, que “esvaziou-se a si mesmo, humilhou-se e se fez obediente até a morte de cruz”, mas não deixou-se abater. Não perdeu o ânimo. Sabendo que Deus é o seu auxílio, sabia também que não sairia humilhado, apesar, podemos dizer, de toda a humilhação pela qual teve que passar. Ele é capaz de dizer uma palavra de conforto a qualquer pessoa abatida, porque “tendo Ele mesmo sofrido pela tentação, é capaz de socorrer os que são tentados”, lemos em Hebreus (2,18). 

Jesus entrega-se à morte, e morte de cruz, para confortar os abatidos e levantar os que estão prostrados. Abatidos e prostrados por seus próprios pecados e abatidos e prostrados pelos pecados dos outros. Precisamos que aquele que tira o pecado do mundo tire de nós o nosso pecado e perdoe nossas culpas. E precisamos, também, que Ele tire a maldade do mundo. Há quem precise de um conforto, porque foi abatido por seus próprios erros. Há quem precise de um conforto, porque foi abatido pela maldade dos outros. Maior, porém, é o abatimento quando provocado por quem parecia amigo. “O insulto despedaçou-me o coração e eu desfaleço. Esperei por compaixão e não apareceu, nem encontrei quem me consolasse” (Sl 68/69, 21), rezamos na Semana Santa. 

Em sua Paixão e Morte, Jesus assume em seu próprio corpo o sofrimento da humanidade. Ele se desfigura e mostra a figura do ser humano maltratado, vítima da violência e do desrespeito. O pecado age no mundo. A maldade domina, a violência impera. Alguns são abatidos pelos agentes do mal. Outros, e então a dor é maior, estão abatidos por quem se considera bom, mas perdeu a sensibilidade. Quem sofre compreende o sofrimento dos outros. Diz palavras de conforto à pessoa abatida quem tem um coração humano. A conversão começa pela mudança do coração de pedra, que é frio, e que se torna coração de carne (cf. Ez 36,26).
 

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