Fé e Cidadania

Cinco anos de Papa Francisco

Gestos, visitas e ações que valem uma encíclica. Essa poderia ser uma fórmula sintética de sublinhar os cinco anos do pontificado do Papa Francisco. Eleito à Cátedra de Pedro no dia 13 de março de 2013, Jorge Mario Bergoglio, a bem dizer, logo passou a usar uma linguagem de sabor popular, com os pés no chão e as mãos estendidas. Gestos simbólicos, sem dúvida, mas sobretudo marcados pela presença de um pastor fortemente temperado por uma espiritualidade radicada na Palavra de Deus e na comunhão com o próximo. 

Mas o contrário também é verdadeiro: um voo de pássaro às cartas encíclicas Lumen Fidei (2013) e Laudato Si ’ (2015), bem como à Exortação Apostólica Evangelii  Gaudium (2013) ou a seus discursos e mensagens em geral, bastará para dar-se conta de que seus escritos costumam ser tão simples quanto profundos, tão concretos quanto um olhar, um toque, um abraço, um ouvido atento, uma presença amiga. Vem à tona a figura evangélica do bom pastor que conhece suas ovelhas e estas conhecem sua voz (Jo 10,1-21). 

Na prática do Pontífice, os relatos evangélicos e a Boa Nova de Jesus Cristo possuem primazia absoluta, tanto em seu modo de falar quanto em seu modo de agir. Como o Mestre, sabe comunicar-se com as multidões – na Praça São Pedro, em Roma, ou nas visitas pelos diversos países – mas, ao mesmo tempo, é capaz de deter sua caravana quando alguém grita por “compaixão” (episódio dos dez leprosos – Lc 17,11-19) ou o  “toca” de mais perto (mulher que sofre de fluxo de sangue – Mc 5, 25-34), porque o desespero é maior. 

Por outro lado, a familiaridade com o Evangelho leva o Papa Francisco a igual vizinhança com os mais necessitados. A esse respeito, alguns gestos marcaram de forma particular a sua ação. No campo das migrações, por exemplo, visita as ilhas de Lesbos (Grécia) e Lampedusa (Itália), além da fronteira entre México e Estados Unidos. Acolhe em sua casa e em sua mesa o povo da rua. Tem visitado hospitais, casas de refugiados e presídios, inclusive lavando os pés dos prisioneiros. Manifesta um carinho especial para com os doentes, as crianças e as pessoas aflitas, chegando a telefonar-lhes ou responder suas cartas. 

Uma volta às fontes! Talvez esta seja uma outra forma de resumir o pontificado do Papa Francisco. Fontes entendidas aqui como a novidade do Evangelho, a Doutrina Social da Igreja e a situação concreta em que vive e se move a população mais pobre e indefesa. Daí sua insistência em passar da “globalização da indiferença e da economia que mata” à “cultura da solidariedade”.

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