Comportamento

WhatsApp: o fenômeno da comunicação

Hoje, dentro do celular, encontra-se uma ferramenta que tem modificado o comportamento social de uma maneira tremenda: o WhatsApp, mais poderoso que o Facebook, pois só depende do seu número de celular. Praticamente ninguém, ainda que com pouca idade, principalmente na sociedade urbana, não o conhece. Uma ferramenta recente que se espalhou como um raio. Era previsto. Contudo, o que ultrapassa a imaginação é o alcance na vida social que isso está acarretando, ainda sem podermos avaliar todas as consequências.

A percepção de onisciência e de onipresença começa a inquietar a intimidade das pessoas. De repente, o ser humano começa a se sentir capaz de saber de tudo e de estar em todos os lugares simultaneamente! E não se está preparado para isso. Recebem-se e enviam-se tantas mensagens, que a interação se coloca universalmente localizada com todos.  De imediato, essa sensação parece oferecer um poder incomensurável, como se já houvesse sido alcançado o topo das realizações da comunicação. Será que tudo é tão maravilhoso assim?

É inegável a utilização do WhatsApp como ferramenta de colaboração em tantas circunstâncias da vida moderna, desde o bate papo informal até oferecer recursos médicos que salvam vidas. Notificações simultâneas a muitas pessoas, que demorariam semanas no passado, agora são possíveis num toque de mágica. Mas, como todo recurso, é necessário ter o discernimento de quando, como e por quanto tempo deve ser utilizado. Nesses quesitos, o WhatsApp se apresenta como a tentação sem limites. Como qualquer tentação sem limites de segurança, esse é o caminho do vício. Diante do vício, nos tornamos reféns e não mais senhores da decisão. Pode parecer exagero, mas enquanto lê este artigo, verifique se já não interrompeu sua leitura por duas ou três vezes porque tocou o WhatsApp. Olhe o mundo ao seu redor. No Metrô, no ônibus, no restaurante, nas lojas, nos escritórios, na sua sala com seus filhos e esposo(a)... Será que a afirmativa acima é exagerada?

Diante do diálogo presencial com alguém, vem a mensagem. O que você faz? Interrompe a conversa para ver do que se trata ou deixa para ver depois? Verifica de imediato todas as mensagens conforme chegam uma a uma, ou reserva períodos no seu dia para verificá-las? Verifica e já responde ou aguarda o tempo para respondê-las? Em outras palavras: você controla o seu WhatsApp ou ele controla você? Essa é a grande diferença entre o que sabe apreciar uma taça de vinho e o outro que não consegue parar enquanto não esvazia a garrafa de vodka. 

Há quem diga que as pessoas estão se formando pela cultura do que passa no WhatsApp: notícias, filmes, histórias e piadas passam a ser o universo de conhecimento. E, nesse quesito das informações, se verifica um problema seríssimo no WhatsApp: calúnias, difamações, notícias duvidosas ou mesmo falsas, sem contar o conteúdo pornográfico, de violência e de intimidades que jamais deveriam sem compartilhadas. Não são poucos os que já estão se preocupando em dizer que nunca escreveram determinados textos, ou não estiveram em certos lugares, ou disseram o que foi notificado. A incerteza tomou conta de todos! Quando levado a grupos, os encaminhamentos de mensagens trocadas estão cada vez mais frequentes pela velocidade da digitação, e as consequências podem ser dramáticas. 

O WhatsApp, que é inimputável, pois é um recurso tecnológico, tem sido um dos fatores principais para o crescimento de uma epidemia grave do século XXI: a “velocite”, ou seja, a doença da velocidade. Cada vez se quer tudo mais depressa, e a grande maioria das coisas não necessita disso. Pelo contrário, a “velocite” tira a paciência, gera imprudência e negligência, aumenta a ansiedade, o desgaste físico e psíquico, gerando somatizações diversas. 

Essa ferramenta é fantástica! Porém, como todos instrumentos e recursos humanos, deve se submeter à vontade do homem, que deverá ser educado para isso. É fundamental a educação, principalmente a partir da infância, sobre o discernimento no uso dos recursos, quando se está vivendo essa magia da interação humana. 

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