Comportamento

Educação dos filhos: Que sucesso almejamos?

Como pais, somos chamados a educar nossos filhos. Temos o grave dever, mas também a oportunidade imperdível, de ser parte fundamental do processo de crescimento, aprendizagem e constituição desses que nos foram confiados. 

Muitos pais parecem ter uma ânsia incrível de que seus filhos sejam bem-sucedidos na vida, colocando esse como um dos principais objetivos do processo educativo. Existem verdadeiros estereótipos em torno do sucesso – parece bem-sucedido na vida escolar aquele que entra numa universidade pública, ganha prêmios de Matemática, figura entre as melhores notas da classe etc. Parece óbvio que alguém assim resultará num profissional bemsucedido – aquele que ocupa altos postos nas empresas, que tem uma renda invejável, é um grande empreendedor etc. 

Não desmerecendo esse tipo de sucesso, parece importante ampliarmos nossa visão. 

 Qual o verdadeiro objetivo do processo educativo dos filhos?  Se pensarmos na origem etimológica de educar, veremos que se trata de “trazer para fora”, “conduzir ao”, ou seja, podemos pensar em contribuir de modo positivo para preparar as pessoas para o mundo, para o convívio em sociedade.  “Conduzi-las para fora” de si mesmas. Que se conheçam e conheçam os outros, que percebam o bem que podem fazer aos que convivem com elas, que alcancem o máximo de seu potencial humano, intelectual, espiritual -  que percebam as diferentes possibilidades que existem para a vida. O processo de conduzir pressupõe conhecer. Cada filho é uma pessoa única, diferente, com potenciais e dificuldades, com temperamento e características próprias. Justamente por isso, o caminho a ser trilhado por cada um deve ser diferente. O objetivo, sim, é importante que esteja bem traçado – aonde esperamos que cheguem? Qual sucesso queremos que alcancem? Se o objetivo for serem “bem-sucedidos” que, segundo o Dicionário Aurélio, significa “que tem ou teve êxito, que está bem financeiramente”, que tipo de caminho trilharemos? O que ensinaremos como posturas e como prioridades no cotidiano? Muitas crianças acabam sendo massacradas em exigências inclusive escolares em nome de alcançar esse tipo de sucesso.  Ao fixarmos os olhos nessa possibilidade, corremos o grave risco de ignorar os dons e habilidades de cada um, exigindo de todos um mesmo resultado. Corremos o risco de submetê-los desde muito pequenos, sem nem observarmos suas características e habilidades, a escolas muito exigentes do ponto de vista do currículo, que tenham muitas lições, que se submetam a um ritmo alucinante de atividades, pois, em busca desse tipo de sucesso, imaginamos que quanto antes e quanto mais – melhor.  Sem querer, podemos acabar convencendo alguns de que são incapazes, de que não conseguem nunca alcançar aquilo que é colocado como meta – “sou burro, não consigo...”. Essa sim é uma perda inestimável – perde-se a confiança em seu potencial criativo, de aprendizagem, de superação. Agora, se objetivamos tirar de cada um o seu melhor, aproveitar ao máximo suas habilidades e potencialidades sejam quais forem, se objetivarmos criar pessoas de bem, que saibam fazer escolhas com lucidez, que saibam cuidar-se e cuidar dos outros, serem felizes e fazerem os demais felizes, ser “bem-sucedido” será um dos resultados possíveis e não um objetivo. 

Com certeza, mesmo que não venham a ser bem-sucedidos financeiramente, serão pessoas de sucesso – “que alcançam êxito, bom resultado” (Dicionário Aurélio), afinal, foram educados para extraírem o melhor de si e chegarem ao máximo de seu potencial. Se esse melhor passa por uma universidade pública de ponta, um curso de Engenharia ou Medicina, não importa. 

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