Editorial

O sínodo arquidiocesano diante de uma história de testemunho cristão

São Paulo está completando, nesse dia 25 de janeiro, 464 anos. Nascida a partir do colégio criado pelos missionários jesuítas, a história da cidade sempre esteve intimamente ligada a sua comunidade católica. De personalidades relativamente distantes no tempo, como São José de Anchieta (1534-1597) e Santo Antônio de Sant’Anna Galvão (1739-1822), a outras muito próximas a nós, como Dom Luciano Mendes de Almeida (1930-2006) e Dom Paulo Evaristo Arns (1921-2016), não seria possível entender a dinâmica do desenvolvimento de São Paulo, de seus conflitos e de sua humanidade, sem o testemunho cristão. 

Cidade voltada ao crescimento econômico e ao futuro, entre as críticas justas que se pode fazer ao povo paulista está sua dificuldade em manter viva a memória de seu passado. Circulando pela cidade, passamos em frente a suas muitas igrejas sem nos darmos conta de seu significado e de seu valor para a história do povo. Por exemplo, poucos sabem que o Pátio do Colégio não é mais o edifício colonial que muitos imaginam, mas sim uma nova construção que evoca uma história de lutas e recomeços, sempre confiada à proteção do Espírito. Quantos, ao ver o Mosteiro de São Bento, se dão conta que desde a pequena e humilde Vila de Piratininga, a vida de São Paulo é acompanhada pelo testemunho de uma comunidade de homens dedicados à oração e à contemplação? Ou sabem que os nomes da igreja (Santa Cruz das Almas dos Enforcados) e da praça onde se localiza (Liberdade) se referem a um acontecimento histórico que combina luta por liberdade e um evento tido por miraculoso? 

 Neste período em que se iniciam as reflexões do sínodo arquidiocesano, nada mais apropriado, no aniversário da cidade, do que nos perguntarmos sobre o que a Igreja Católica representa na história de São Paulo. Sem dúvida, um compromisso permanente com o testemunho do Evangelho, com o povo mais pobre e mais sofrido (a começar pelos índios que aqui viviam, destinatários privilegiados do esforço missionário dos jesuítas) e com a liberdade (a luta contra as arbitrariedades do Estado acompanha a vida dos católicos paulistanos desde sempre).

“Não é sem motivo que a Igreja vem nos conclamando para uma nova evangelização, a renovação da consciência eclesial e a consistente ação missionária. Faz-se urgente retomar a vida cristã genuína e a prática coerente da fé e da moral cristã”, lembra Dom Odilo Pedro Scherer na carta de convocação para o sínodo arquidiocesano. E continua: “para essa renovação missionária, o Papa Francisco nos chamou na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (2013) e não se cansa de indicar os rumos para sermos uma Igreja ‘em saída missionária’, em estado de permanente missão”. 

Como bem diz o lema do sínodo arquidiocesano, “Deus habita essa cidade, somos suas testemunhas”. 

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