Comportamento

Família, berço do amor

Vivemos tempos em que muito se fala de amor, liberdade, felicidade e, no entanto, percebemos um grande número de jovens insatisfeitos, deprimidos, buscando prazer na bebida ou nas drogas, desorientados. O número de suicídios cresceu assustadoramente entre os jovens. Segundo a OMS, o suicídio já mata mais jovens do que o HIV em todo o mundo. No Brasil, o índice de suicídios na faixa dos 15 a 29 anos é de 6,9 casos para cada 100 mil habitantes. 

 Esse cenário dramático nos leva a questionar: em que estamos errando? Será que estamos vivendo o verdadeiro amor, buscando uma felicidade sólida e uma liberdade efetiva ou estamos perdidos nesses conceitos, vivendo-os de modo equivocado? 

Observando as famílias modernas, podemos perceber o quanto estão perdidas para estabelecer seus princípios e valores e para determinar seus objetivos. Parece que a mentalidade materialista, que propõe a felicidade e realização no ter, tomou conta de tal modo da mentalidade das pessoas que pouco se almeja para além desse âmbito. As conquistas familiares giram em torno de uma casa bonita, passeios e viagens espetaculares, carros confortáveis, bons colégios... Aquilo que na verdade é meio e instrumento se torna fim e se faz objetivo de vida de alguns pais de família, e aquilo que de fato é fundamental fica em segundo plano sem que percebam.  Sem um sentido maior, cria-se um vazio imenso, vazio que pode levar a tantas consequências tristes e desastrosas. 

A família foi criada para ser berço e escola de amor. Que amor? O amor doação, o amor generosidade, o amor que visa o crescimento do outro. Aquele que mostra a verdade, que compreende  limitações, que exige crescimento, que dá suporte nas necessidades e dificuldades. Amor que, para além de sentimento, é decisão, compromisso, responsabilidade.

Esse amor é serviço. Sim, apesar de parecer absolutamente fora de moda, o amor que completa a pessoa e a faz verdadeiramente feliz é esse e não o amor egoísta. Se na família nos dispormos a servir ao cônjuge e aos filhos naquilo que eles precisam e não no que querem, estaremos construindo um ambiente feliz e formando pessoas equilibradas. Se não pouparmos esforços para conhecer e compreender cada um dos filhos como é, suas necessidades, temperamento, modo de se manifestar, potenciais, virtudes, limitações, tendências... iremos crescendo na possibilidade de amar e educar cada um de acordo com suas necessidades.  Segundo Juan Javalobyes, Doutor em  Pedagogia pela Universidade de Valência, na Espanha, “os filhos experimentam uma grande alegria ao saberem que não os educamos em série (...). Amamos todos com a mesma intensidade – o amor não se distribui; com a chegada de novos filhos, dispomos de uma nova safra de amor para o recém-chegado -, mas manifestamos de modo distinto, de acordo com as necessidades de cada um”. 

Viver esse amor nos faz mais envolvidos, afetivos, criativos! Esse é o papel da família – gerar amor - amor que frutifica em pessoas lúcidas, equilibradas, que fazem o bem, porque vivem esse bem em casa. Que se importam com os outros, porque aprenderam assim. Que encontram sentido na vida para além de seus próprios desejos e da busca de seu próprio prazer. Sim, amar é tarefa árdua, muitas vezes difícil, que provoca sentimentos ruins nos filhos e não somente prazer, pois “quem ama educa” (Içami Tiba), quem ama exige, quem ama dá limites, vive e ensina afeto. 

Famílias, vamos salvar nossas crianças, nossos jovens. Vamos dar sentido às suas vidas fazendo o que somos chamados a fazer: sermos verdadeiros berços de amor! 

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