Cultura

O sangue dos mártires

No dia 15 de outubro, a Igreja ganhou, pelas mãos do Papa Francisco, 35 novos santos, tendo entre eles vários brasileiros: os sacerdotes diocesanos Ambrósio Francisco Ferro e André de Soveral, o camponês Mateus Moreira e outros 27 leigos, incluindo quatro crianças. Mártires assassinados em 1645 em dois ataques perpetrados por holandeses calvinistas, em julho e em outubro daquele ano, nas cidades de Cunhaú e Uruaçu, atualmente Canguaretama e São Gonçalo do Amarante, respectivamente, no Rio Grande do Norte.

Para celebrar a canonização desses padres, leigos, mulheres e jovens que banharam com seu sangue o solo brasileiro, as Edições Loyola levam às livrarias a obra “O sangue dos mártires – A história dos primeiros mártires do Brasil”, escrita
pelo Padre José Freitas Campos. A obra apresenta a história dos massacres de Cunhaú e Uruaçu, tendo como base uma cuidadosa pesquisa realizada e divulga-da em livro no final dos anos 1980 pelo Monsenhor Francisco de Assis Pereira
(1935-2011), postulador da causa da beatificação dos mártires.
De acordo com o Monsenhor Pereira, todos foram assassinados porque os holandeses não aceitavam a prática do catolicismo nas áreas por eles dominadas. Ainda segundo Pereira, o camponês Mateus Moreira repetia a frase “Louvado seja o Santíssimo Sacramento” antes de ter seu coração arrancado pelas costas. No dia 16 de julho de 1645, em Cunhaú, 69 pessoas foram mortas durante uma missa presidida pelo Padre André de Soveral e, no dia 3 de outubro, outro grupo de 80 católicos foi assassinado juntamente com o sacerdote Ambrósio Francisco Ferro na cidade de Uruaçu.
Calcula-se que aproximadamente 150 pessoas tenham sido assassinadas nos dois morticínios, mas apenas 30 puderam ser identificadas, beatificadas e canonizadas. Desse total, 28 eram brasileiras, uma portuguesa e outra possivelmente francesa ou espanhola. O processo de beatificação dos mártires foi aberto em 16 de junho de 1989 e concluído em 5 de março de 2000, em uma cerimônia celebrada por São João Paulo II. Em geral, a beatificação e canonização requerem a comprovação de milagres, porém essa condição é dispensada em caso de martírio por motivos de ódio à fé católica.
Sobre os 30 mártires brasileiros, o Cardeal Cláudio Hummes, Arcebispo Emérito de São Paulo, em maio de 2010, no encerramento do XVI Congresso Eucarístico Nacional, fez a seguinte recomendação: “Esses mártires, caros irmãos e irmãs, são uma das maiores glórias da Igreja no Brasil. O seu martírio, reconhecido pela Igreja, contém grande força de evangelização. Devíamos torná-los conhecidos e venerados, porque nos ajudariam amar e valorizar o domingo e a missa dominical”.

Ficha técnica:
Autor: Padre José Freitas Campos
Páginas: 120
Editora: Edições Loyola

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