Espiritualidade

Chamados à santidade

Celebramos no dia 1º de novembro a Solenidade de Todos os Santos. Por meio dessa solenidade, a Igreja nos convida a olhar e dirigir a nossa oração para a imensa multidão de homens e mulheres que levaram a sério o chamado de Jesus e empregaram todas as forças do seu querer em fazer a vontade de Deus na própria vida. 

Sabiamente, nós, católicos, voltamos nossas orações aos santos e santas de Deus, porque conhecemos a força de sua intercessão em nosso favor, como nos ensina o Catecismo da Igreja Católica: “Os bem-aventurados, estando mais intimamente unidos com Cristo, consolidam mais firmemente a Igreja na santidade [...]. Eles não cessam de interceder a nosso favor, diante do Pai, apresentando os méritos que na terra alcançaram, graças ao Mediador único entre Deus e os homens, Jesus Cristo [...]. A nossa fraqueza é, assim, grandemente ajudada pela sua solicitude fraterna” (CIgC 956). 

Esta é uma dimensão muito importante dessa Solenidade, mas nós somos convidados a dar atenção a outra dimensão também importante, que perpassa as páginas da Bíblia: o chamado à santidade. 

Jesus, nosso Mestre e Senhor, chamou seus discípulos e discípulas à santidade: “sede perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48). O Apóstolo Paulo, seguindo os passos do Divino Salvador, afirma: “agora, porém, libertos do pecado, e como escravos de Deus, frutificais para a santidade até à vida eterna, que é a meta final” (Rm 6,22). 

Para o Apóstolo Paulo, a liberdade que alcançamos não é liberdade para fazer qualquer coisa, como se fosse possível viver num espaço eticamente neutro; somos libertados do pecado para direcionar todas as nossas potencialidades em realizar na vida a orientação fundamental para Deus, o Todo Santo.

Por isso, no Concílio Vaticano II, a Igreja, indefectivelmente santa, volta ao tema da nossa mais alta vocação, o mais alto chamado: “todos na Igreja, quer pertençam à Hierarquia quer por ela sejam pastoreados, são chamados à santidade, segundo a palavra do Apóstolo: ‘esta é a vontade de Deus, a vossa santificação’” (1 Ts 4,3; cfr. Ef 1,4) (LG 39). E para essa meta nos atrai o exemplo luminoso de tantos irmãos e irmãs que, no decurso dos séculos, a Igreja reconheceu como Beatos e Santos, propondo-os como modelos e guias.

Viver o chamado à santidade é tomar uma contínua decisão por Jesus, no bem estar ou na doença, na tribulação e nas horas difíceis, nos fracassos ou nos êxitos, nas derrotas que podem passar a família ou na alegria de viver o Evangelho da Família, nas lágrimas ou no sorriso de quem sabe que é amado por Deus. Significa, em qualquer tempo, viver com coragem a sua fé, dando, sem hesitações ou compromissos, o seu testemunho a Cristo como discípulo-missionário.

Responder ao chamado à santidade significa realizar plenamente aquilo que já somos enquanto elevados, em Cristo Jesus, à dignidade de filhos adotivos de Deus.  “Dos que vivem em Cristo se espera um testemunho muito crível de santidade e de compromisso. Desejando e procurando essa santidade, não vivemos menos, mas melhor, porque quando Deus pede mais, é porque está oferecendo muito mais: ‘Não tenham medo de Cristo! Ele não tira nada e nos dá tudo!’” (DA 352).

Virgem Maria, Rainha de todos os Santos, ajudai-nos.
 

Dom Sergio de Deus Borges 
Bispo Auxilisr da Arquidiocese na Região Santana

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