Comportamento

O binômio firmeza e carinho para o crescimento saudável da criança

Educar os filhos sempre foi um desafio. Atualmente, esse desafio parece estar cada vez maior – muitas são as teorias e métodos preconizados e inúmeros são os conselheiros de plantão. O que se observa na prática é uma dificuldade crescente de condução desse processo por parte dos pais que se sentem inseguros em diversas situações cotidianas. Mais do que poder escolher coisas, ter brinquedos e ter seus desejos satisfeitos rapidamente, o que promove um crescimento equilibrado e saudável para os pequenos é a percepção de que são cuidados pelos pais. Cuidar dos filhos pressupõe estabelecer rotinas, conviver, escutá-los (embora quando pequenos não falem com palavras) e estabelecer limites.

Conhecer as necessidades dos pequenos e abrir mão de alguns hábitos para estabelecer uma rotina adequada a eles é o primeiro passo rumo ao cuidado que a criança precisa sentir. Decidir sobre alimentação, tempo de sono, horário adequado para dormir e sair da cama, do que brincar ou não, entre tantas outras coisas, faz parte de uma série de decisões que o adulto precisa tomar em relação ao filho e que, certamente, gerarão descontentamentos. Porém, assumir com serenidade que somos, de fato, responsáveis por despertar sentimentos nem sempre tão agradáveis em nossos filhos é importante para exercermos bem o papel de pais. Diante de choradeiras e birras de descontentamento, pode nos encorajar a consciência de que estamos trocando um prazer imediato por uma felicidade mais perene. Encorajamento maior pode vir do fato de nos conscientizarmos de que, apesar de expressarem descontentamento e dor diante dos limites e negativas, estão sentindo em seu íntimo que estão sendo cuidados pelos pais – e isso é o que realmente importa. Sentirse cuidado e seguro dá à criança os subsídios necessários para crescer com equilíbrio.

Daí a importância da firmeza na conduta com as crianças – precisamos decidir e agir de modo a fazer prevalecer o que foi por nós, pais, decidido. Afinal, somos detentores de um conhecimento sobre a saúde, as necessidades, a consciência moral, que os pequenos ainda não têm para poderem escolher. Colocar com ações claras e firmes as permissões e restrições é fundamental. Agora, clareza e firmeza são absolutamente compatíveis com serenidade e carinho. Não é preciso agir com rigidez e grosseria para estabelecer os limites; aliás, não é saudável que seja assim. Precisamos nos conscientizar de que não somos monstros quando decidimos algo que é bom para a saúde e o crescimento de nossos filhos. É necessário nos libertarmos das lembranças que temos de atitudes autoritárias experimentadas na infância e sabermos que exercer nossa autoridade cuidando da saúde e equilíbrio de nossos filhos nada tem a ver com o mandonismo que fez parte de um momento de nossa história. Exatamente por esse motivo que se deve cultivar uma firmeza serena, levada à frente com carinho – até mesmo as notícias desagradáveis como: “não vou comprar esse brinquedo” ou “você não irá a essa festa” podem e devem ser dadas com carinho e solidariedade. Lembremos que explicações excessivas comprometem a clareza quando falamos com crianças – limite pressupõe pouca explicação. As reações escandalosas são normais e esperadas, porém, não podemos nos contaminar com elas, afinal, deveriam ser típicas somente nas crianças.

Esse binômio firmeza e carinho promoverá a segurança e conforto que os pequenos precisam para crescer com equilíbrio. Pensemos nisso.

 

Simone Ribeiro Cabral Fuzaro é fonoaudióloga e educadora e mantém o blog http://educandonacao.com.br

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