Editorial

Pai Nosso

“Somos filhos de Deus” (Rm 8,16)! Esta verdade tão simples é o fundamento da vida espiritual do cristão: “Vós recebestes um Espírito que faz de vós filhos. É por Ele que clamamos: Abbá, Pai”(cf. Rm 8,15). Precisamos a cada dia aprender a clamar com maior profundidade e verdade: “Pai Nosso”! Ele é o Pai, porque criou o Céu e a Terra; porque nos fez participar da filiação de Seu Filho Único; e porque nos permitirá contempla-Lo no Céu tal como Ele é. O Senhor é a fonte e a origem de toda a paternidade – corporal ou espiritual – neste mundo. Portanto, os pais devem saber-se representantes de Deus, tendo-O como fundamento e modelo de sua relação com os filhos.

As mudanças da sociedade, com o ingresso das mulheres no mercado de trabalho, favoreceram a percepção de que, na família, o pai não é apenas um “provedor”. Deus Pai não se limita a cumular-nos, por meio de Sua Providência, com bens materiais, mas, além disso, sustenta continuamente todas as coisas, interessando-se com olhar amoroso pelos mínimos detalhes das vidas de Seus filhos. De igual modo, o pai possui a bela e exigente missão de entrar na vida dos filhos, acompanhando-os e rezando continuamente por eles; de transmitirlhes um patrimônio espiritual, sendo seu primeiro educador na fé; e de dar solidez e segurança ao edifício da família. Como é irreparável a sua ausência! 

“Para conhecer-se bem e crescer harmonicamente, o ser humano precisa da reciprocidade entre homem e mulher”, disse, recentemente, o Papa Francisco. Para desenvolverem-se plenamente, as crianças precisam da ternura, dos afagos e atenções que as mães sabem dar de um modo todo especial. Mas, precisam também dos braços mais fortes, das palavras mais breves e resolutas e do rosto áspero dos pais. Na vida espiritual, o dom de piedade complementa o temor a Deus; a doçura da graça divina complementa o esforço ascético; e o colo largo da Virgem Maria complementa a via estreita do Evangelho. Do mesmo modo, na família, masculino e feminino são realidades complementares e indispensáveis aos filhos. Para o seu crescimento espiritual, não bastam os conselhos e orações femininos; é imprescindível o exemplo silencioso de um pai que crê e ama o Senhor.

Aos olhos de algumas pessoas, a fé, a misericórdia, a oração e a frequência à casa de Deus são “coisas de mulheres”… Contra essa deformação, especialmente os meninos precisam da presença e do amor de seu pai, que lhes fale como o rei Davi ao filho Salomão: “Sê corajoso, porta-te como homem. Segue os preceitos do Senhor teu Deus” (1Rs 2,2s). Quando um pai de família é religioso, traz consigo toda a família à luz da fé! Os caminhos do Senhor tornam-se como que “naturais” a todos, que conseguem acolher com segurança e sem conflitos a Palavra divina, bem como a autoridade da Igreja.

Neste dia dos pais, pedimos ao Senhor que os cristãos, sentindo-se muito filhos de Deus, aprendam, assim, a ser bons pais. E que, tomando São José como exemplo, saibam transmitir, com fortaleza e prudência, a fé, a piedade, a disciplina, o respeito e, principalmente, a caridade que tornam a família uma verdadeira Igreja Doméstica. 

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