Liturgia e Vida

Testemunhas oculares de sua glória

Todos os anos, no segundo domingo da Quaresma, lemos o Evangelho da Transfiguração, mas a festa da Transfiguração nós a celebramos no dia 6 de agosto. Mateus, Marcos e Lucas relatam como, no alto de um monte, Jesus mudou de figura diante de seus apóstolos Pedro, Tiago e João, e como apareceram ao seu lado Moisés e Elias.

Outro testemunho importante do que aconteceu naquele dia nos é dado por São Pedro em sua segunda carta. Ele viu o rosto de Jesus brilhar como o sol e suas roupas ficarem brancas como a luz. Viu também Moisés e Elias conversando com Jesus. Por isso, escreveu que ele e seus companheiros foram testemunhas oculares da glória de Jesus Cristo. O que aconteceu não foi uma fábula habilmente inventada. Tudo foi muito real e eles puderam ouvir a voz que dizia: “Este é o meu Filho bem-amado, no qual ponho o meu bem-querer”. Era a voz do Pai dizendo quem era aquele homem transfigurado no monte. Todos esses acontecimentos com a pessoa de Jesus confirmam as profecias, diz Pedro, e se tornam “uma lâmpada brilhando num lugar escuro até clarear o dia e levantar-se a estrela d’alva em nossos corações”.

A transfiguração de Jesus tem algo a ver com a profecia de Daniel, na qual uma figura humana, um filho de homem, envolvido por nuvens, aproxima-se do trono de Deus e recebe poder, glória e realeza. A visão profética descortina os últimos tempos, quando Jesus se manifestará como o Messias glorioso. A transfiguração no Tabor antecipa tanto as aparições do Ressuscitado quanto sua vinda final na glória. Prepara também os três representantes dos Apóstolos para o momento difícil do monte Calvário. Eles precisavam ver com antecedência a glória do Crucificado; ver o homem Jesus desfigurado, realizando em si mesmo tudo o que escreveram Moisés e os Profetas, fazendo levantar-se a estrela da manhã nos corações. Por antecipação, puderam ver a glorificação do corpo de Cristo maltratado e, nele, a “transformação do nosso corpo miserável conformado ao seu corpo glorioso” (Fl 3,21). Nosso corpo miserável será semelhante ao corpo transfigurado de Jesus.

Assim, a Igreja afirmou, em Puebla, que “só em Cristo se revela a verdadeira grandeza e só nele é que se conhece em plenitude a realidade mais profunda do homem” (169) e, em Medellín, que “somente à luz de Cristo se esclarece o mistério do homem” (1,4). À luz do Cristo transfigurado, vemos a transfiguração do ser humano e compreendemos a sua grandeza e a sua dignidade. Cristo é o revelador do Deus invisível e o revelador do ser humano.

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