Editorial

A riqueza dos avós no seio da família e da sociedade

Que maravilha o ciclo que a vida nos propõe – de um lado a impulsividade e dinamismo dos jovens, que por uma certa falta de visão, sentem-se aptos e prontos para desafios, por vezes, demasiadamente arriscados; de outro, a sabedoria e prudência dos idosos que já conseguiram acumular ao longo da vida uma vasta experiência a partir das diversas situações que vivenciaram.

Com as conquistas da ciência e os cuidados com a saúde, a expectativa de vida aumentou muito nas últimas décadas, e, portanto, temos em nossas famílias por mais tempo a presença dos avós. Apesar disso, a tendência da sociedade, de um modo geral, é a de descartar os idosos – tornam-se ultrapassados do ponto de vista do conhecimento tecnológico (tão valorizado atualmente), perdem agilidade e rapidez, que são habilidades fundamentais especialmente nas grandes metrópoles, onde o ritmo da vida é alucinante, enfim, muitas das vezes não correspondem àquilo que se valoriza na sociedade pós-moderna. É preciso, porém, revermos nossos conceitos e ponderarmos o quanto ganhamos com essa nova realidade. Segundo o Papa Francisco, em uma de suas catequeses sobre os avós: “O Senhor não nos descarta nunca. Ele nos chama a segui-Lo em cada idade da vida e mesmo a velhice contém uma graça e uma missão, uma verdadeira vocação do Senhor”. Somente por sua presença e por trazerem consigo uma história de luta e superações, já são testemunho vivo para os mais jovens: são a prova incontestável de que as dificuldades podem ser superadas, de que os matrimônios podem ser duradouros, de que o tempo promove amadurecimento e traz sabedoria.

Os avós são a história viva, são os transmissores de valores familiares fundamentais que podem ser até refutados em determinadas fases da vida, mas que são resgatados quando surgem as dificuldades e necessidades. São âncora, são esteio, são sinal. Eles se relacionam com o tempo com mais sabedoria e menos euforia – têm tempo para ouvir as crianças, para acolher os filhos, para ajudar com os netos. Valorizam cada momento de convívio, saboreando-os de modo diferente, próprio daqueles que já perderam muitas pessoas e experimentaram a fugacidade da vida. Suportam as dores e frustrações com a rijeza de quem as conhece de longa data e sobreviveu a muitas durante a vida. Têm tempo de se entregar com maior intensidade à oração pelos seus. Que riqueza enorme para a família e a sociedade a oração dos idosos!

É preciso criar espaços e possibilidades de um convívio saudável e frutuoso com os idosos. Que se sintam valorizados e amados nessa nova fase de vida que estão vivendo e que todos descubramos as riquezas e singularidades que ela traz.

O Senhor conta com cada um na fase de vida que se encontra, não podemos deixá-Lo esperando. Colocando-se em consonância com os idosos, disse o Papa Francisco em sua catequese: “Nós podemos agradecer ao Senhor pelos benefícios recebidos e preencher o vazio da ingratidão que o circunda. Podemos interceder pelas expectativas das novas gerações e dar dignidade à memória e aos sacrifícios daquelas passadas. Nós podemos recordar aos jovens ambiciosos que uma vida sem amor é uma vida árida. Podemos dizer aos jovens amedrontados que a angústia do futuro pode ser vencida. Podemos ensinar aos jovens muito apaixonados por si mesmos que há mais alegria em dar do que em receber. ”

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