Espiritualidade

Trabalhadores para a colheita

A produção de alimentos supõe duas atividades distintas, mas integradas, que são o plantio das sementes e a colheita dos frutos. Desde o princípio, essas duas atividades sempre foram muito importantes e ajudaram no crescimento e no desenvolvimento da humanidade. Foi justamente o crescimento da população que incentivou a busca de novos campos para aumentar a colheita e que, consequentemente, também gerou o aumento dos trabalhadores para a colheita. Essa importante atividade humana serviu de inspiração em diversas passagens da Escritura, carregadas de simbologia e significado.

Jesus usa, frequentemente, imagens como a do semeador e da colheita para falar da realidade do Reino e da sua relação com o tempo presente. Muitas pessoas acompanhavam Jesus, alguns porque gostavam de ouvi-Lo, outros esperavam receber uma cura, talvez quisessem testemunhar um milagre, mas outros tinham realmente o desejo de seguir seus passos, como discípulos. Em determinado momento da sua missão, Jesus escolheu alguns desse mais próximos e os enviou para caminhar à sua frente. O objetivo desse envio era a missão, ou seja, o anúncio da chegada do Reino de Deus. 

Ele escolheu 72 discípulos e os enviou como precursores, para fazer um primeiro anúncio, criando uma expectativa da chegada do Senhor. Jesus chamou esse trabalho de “messe”, ou seja, de campo que estava pronto para a colheita. Cada discípulo é um trabalhador, mas, ainda que pareçam muitos, a messe é grande, e, por isso faz-se necessária uma súplica insistente a Deus para que envie mais operários. Com o pedido de oração, Jesus mostra como o trabalho do discípulo só pode dar resultado, isto é, produzir frutos, se está ligado ao Senhor da messe. A oração fortalece e impulsiona o discípulo.

A colheita também significa a conclusão de uma etapa. Depois do plantio e do fruto maduro, chega a hora de recolher o que foi produzido. No contexto da Escritura, a colheita é o tempo de conclusão, do juízo de Deus. A presença de Jesus e, então, a realização das promessas do Antigo Testamento, mas na forma da misericórdia. A palavra e o ensinamento de Jesus são um convite à conversão, e se faz necessária uma escolha para a vida. Por isso, o tempo da colheita não é uma ocasião para medo, e, sim, de alegria e de encontro com o Senhor.

Trazendo a imagem da “messe” para nossa realidade, podemos pensar a Arquidiocese como um grande campo de trabalho. Cada um de nós, filhos da Igreja, os batizados, somos chamados a tomar parte no trabalho da evangelização. Cada qual segundo sua própria realidade, vivendo a sua condição de jovens ou adultos, de casados, de consagrados, de ministros ordenados ou de leigos servindo nos diversos ministérios e serviços eclesiais. Somos discípulos e, pela própria natureza do Batismo, também somos enviados em missão para comunicar a presença do Senhor Jesus.

Neste tempo em que a Arquidiocese de São Paulo celebra o seu primeiro sínodo, o convite à missão é ainda mais forte. A revisão da nossa história mostra que muito já foi semeado, mas também revela que ainda existem muitos campos que precisam ser trabalhados. A cidade cresceu e continua crescendo, os desafios se multiplicam, mas somos amparados pelo Senhor da messe, que envia o Espírito para renovar e animar o coração dos discípulos. Animados pelo testemunho dos santos e santas que nos precederam, somos impulsionados para a missão. A messe é grande, os operários são poucos, mas estão prontos para o trabalho. 

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