Liturgia e Vida

‘Todo aquele que escutou o Pai vem a Mim’ (Jo 6,45)

Nosso Senhor continua neste domingo o discurso sobre a Eucaristia. Àqueles que O ouviam com ceticismo, Ele explica a necessária relação existente entre crer em Seu Nome; alimentar-se da Eucaristia; e possuir a vida eterna. Crer em Jesus é consequência da iniciativa divina: “Ninguém pode vir a Mim se o Pai não o atrai” (Jo 6,44)… Mas é fruto, também, da obediência humana:  “Todo aquele que escutou o Pai vem a Mim” (Jo 6,45). Se cremos, é porque Deus nos escolheu: “não fostes vós que me escolhestes, Eu que vos escolhi” (Jo 15,16). Porém, não basta ser escolhidos; precisamos escutá-Lo! “Escutar a Deus” nas Escrituras significa “obedecer”, “abrir o coração”. É um sinal de humildade e de busca sincera da verdade. Diante de Pilatos, Jesus acrescentaria: “Todo aquele que é da verdade escuta a Minha voz” (Jo 18,37). 

Essa fé consistente em “ouvir a Cristo”, de um modo misterioso, une-nos, já neste mundo, à vida eterna: “Quem crê, possui a vida eterna” (Jo 6,47). Por meio da fé e do Batismo, recebemos a graça santificante. Tornamo-nos filhos de Deus e, no profundo de nossas almas em graça, a Trindade passa a habitar. Oculto e silencioso, há ali um “pedaço” do Céu. 

Por isso, o Senhor diz ao Pai: “a vida eterna consiste em que conheçam a ti e a Jesus Cristo que enviaste” (Jo 17,3); e afirma “Se alguém me ama, guardará minha palavra; e o meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada” (Jo 14,23). Conhecer e amar o Senhor significa viver, já neste mundo, um pouco do Reino dos Céus. A existência de quem crê transcorre toda em Deus. Ele habita em nós, inspira-nos, ilumina-nos a inteligência e move-nos a amar. Podemos fechar os olhos, adorá-Lo em nossa alma em graça e dizer com confiança: “Pai”! 

E o Alimento que sustenta essa vida da alma em Deus é a Eucaristia. No sacrifício da Missa, “nos unimos à liturgia do Céu e antecipamos a vida eterna” (Catecismo, 1326). Quando a Comunhão é recebida com as devidas disposições – com fé, tendo-se antes confessado todos os pecados graves, respeitando-se o jejum e portando-nos com modéstia – nós unimo-nos realmente a Jesus Cristo. “É-nos dado o penhor da glória eterna” (hino O Sacrum Convivium ), crescemos na fé, na esperança e no amor. Por isso, o Senhor diz: “Eu sou o pão vivo descido do Céu. Quem comer deste pão viverá eternamente” (Jo 6,51).

Que Nossa Senhora nos ensine  receber o Senhor com fé, pureza e amor, para que a Eucaristia nos guarde para a vida eterna!
 

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