Liturgia e Vida

‘Seu poder é um poder eterno que não lhe será tirado’ (Dn 7,14)

A palavra “Cristo”, que usamos para nos referir ao Senhor, significa “Ungido”. No Antigo Testamento, a unção com óleo pertencia ao rito para se constituírem reis, sacerdotes e, em certos casos, profetas. Assim, ao chamar Jesus de “Cristo”, confessamos que Ele é “o Profeta que deveria vir ao mundo” (Jo 6,14); o “Sumo Sacerdote santo, inocente e puro” (cf. Hb 7,26); e o Rei do Universo.

Já na Anunciação à Virgem, o Anjo anunciou que “Ele reinará para sempre e o Seu Reino não terá fim” (cf. Lc 1,33). Diante de Pilatos, o Senhor não negou: “Tu o dizes: eu sou Rei” (Jo 18,37). Jesus é Rei, em primeiro lugar, porque é Deus. Por meio d’Ele, as coisas e os homens foram criados; por meio d’Ele, tudo continua a existir (cf. Col 1,16s). Por meio d’Ele - Palavra viva de Deus –, o Senhor exerce poder sobre toda a criação: “Ele tem nas mãos as profundezas da terra” (Sl 94,4).

No entanto, também como Homem, Jesus é Rei. Ele reina sobre a Igreja. Por trás de nossos erros e acertos, Cristo não cessa de reger, governar, proteger, defender e, de tempos em tempos, corrigir os seus membros. Exerce esse reinado silencioso e constante, que assegura à Igreja a fecundidade e a promessa de que “as portas do inferno jamais prevalecerão” (cf. Mt 16,18). Na Paixão, muitos debochavam da placa - “Rei dos Judeus” - afixada sobre a Cruz, ao ver as humilhações e ferimentos do Senhor… Hoje, muitos têm dificuldade de perceber a Sua Realeza por causa das chagas e da humilhação imposta ao Seu Corpo Místico - a Igreja - pelos pecados e pela apostasia de alguns membros.

Afinal, como Jesus mesmo diz, “O Meu Reino não é deste mudo” (Jo 18,36). A realeza de Cristo ainda não foi manifestada. É preciso que o “Reino da Graça” se torne o “Reino da glória”: “agora, somos filhos de Deus e ainda não se manifestou o que seremos!” (1Jo 3,2). Por enquanto, o “joio” vive misturado ao “trigo”, os pecadores aos justos, a morte à vida, o passageiro ao eterno… No final dos tempos, porém, esse reinado se tornará evidente. Então, todos reconhecerão que Ele é o Rei do Universo inteiro: “Todos os olhos O verão, também aqueles que O traspassaram. Todas as tribos da terra baterão no peito por causa d’Ele” (Ap 1,7).

No entanto, o início do reinado de Cristo já é perceptível na vida dos santos. Eles têm os pensamentos, as palavras e as ações submetidos ao Seu domínio amoroso. Podem experimentar que Jesus reina com doçura e suavidade: “O Senhor é meu pastor, nada me falta. Em verdes prados me faz repousar. Para águas tranquilas me conduz e restaura minhas forças” (Sl 23,1ss). Não se incomodam em ter o Senhor como Rei, pois querem obedecer-Lhe, servir-Lhe, adorá-Lo e amá-Lo. E, por isso, saboreiam e podem transmitir aos outros, já neste mundo, um pouco do “reino da verdade e da vida, reino da santidade e da graça, reino da justiça, do amor e da paz”.

 

LEIA TAMBÉM: Qual a origem do celibato?

Para pesquisar, digite abaixo e tecle enter.