Liturgia e Vida

‘Reconheceram Jesus ao partir o Pão’

3º DOMINGO DA PÁSCOA 26 DE ABRIL DE 2020

O encontro do Ressuscitado com os discípulos a caminho de Emaús se assemelha a alguns momentos do relacionamento de cada cristão com o Senhor.

No início, os discípulos apenas “conversavam e discutiam” (Lc 24,15) entre si. O Senhor caminhava ao seu lado, mas estavam perdidos nas próprias opiniões e argumentos. Discorriam sobre como as coisas deveriam ter sido, quais os planos de Deus, ou por que Jesus teve um “fim” tão trágico… Presos a tais pensamentos, sem colocar em ação a fé e a contemplação, “estavam como que cegos, e não O reconheceram” (Lc 24,16).

Num segundo momento, provocados intencionalmente pelo Senhor – “O que foi?” (Lc 24,19) –, eles Lhe falam como a um estranho. Num monólogo, externam o que Ele já sabia perfeitamente. Contam a sua visão limitada dos fatos, as preocupações, a sua interpretação e as expectativas para o futuro… Enfim, fazem o que fazemos tantas vezes na oração, abrindo o coração a Jesus e falando-Lhe de nossa vida. Ele, porém, apenas escutava, em silêncio, e eles não O reconheciam.

Em seguida, na terceira etapa, é Cristo quem toma a palavra! Os discípulos não O viam nem compreendiam com clareza a verdade profunda do que lhes dizia. Porém, sentiam-se de algum modo confortados. Mais tarde, reconheceriam que lhes “ardia o coração”, enquanto Jesus falava (Lc 24,32), ainda que não pudessem chegar à conclusão definitiva sobre coisa alguma. Contudo, a esperança e a fé começavam a encontrar espaço em sua alma. A este ponto, pressentiam a vinda de algo grande e passaram inclusive a desejar estar com o Senhor: “Fica conosco” (Lc 24,29)!

No quarto momento, os discípulos estão à mesa com o Senhor. Embora tendo sido convidado, Jesus assume atitude de anfitrião: “Tomou o pão, abençoou-o, partiu-o e lhes distribuía” (Lc 24,30). Eles permitem, confiando e aceitando que o Viajante até então desconhecido é quem deveria assumir o controle da situação. Nesse momento, finalmente, seus olhos se abrem! Reconhecem o Senhor “ao partir o pão” (Lc 24,35).

Percebem que, na verdade, Jesus lhes havia alcançado pelo caminho, instruído e convidado à mesa. O “partir do Pão”, isto é, a Eucaristia, é o cume de nosso encontro com o Senhor nesta vida e o lugar onde O podemos reconhecer escondido sob as aparências do pão e do vinho. Na Santa Missa, primeiro o Senhor nos “explica as Escrituras” (Lc 24,27), como aos discípulos de Emaús, para enfim abençoar o pão, partir, e dar-nos o Seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade na Comunhão. Também a nós Ele Se dá a conhecer e logo “desaparece” (Lc 24,31) na sagrada Hóstia.

Nesta quarentena, peçamos ao Senhor que nos aumente o amor pelo Santíssimo Sacramento. Que Ele nos dê um grande desejo da Comunhão e faça-nos ver que a Eucaristia não é apenas um símbolo, mas é Ele próprio: o Senhor vivo e ressuscitado! Que o Senhor abrevie esta prova! E que, assim que possível, possamos nos confessar para, em estado de graça, reconhecermos com amor o rosto do Senhor ressuscitado e vivo na Eucaristia!

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