Comportamento

Qual é a sua religião?

Com décadas de globalização e de um mundo virtual a cada dia mais intenso, vivemos um acelerado processo de sincretismo cultural, pelo qual as tradições e características regionais de um povo apagam-se rapidamente da memória das pessoas, e parece que tudo vive o momento presente, sem passado e com um futuro incerto. O colorido e os relevos que contornam a história de um país ou civilização desaparecem em 50 tons de cinza e apresenta-se tudo igual para que se viva a ver- dadeira “democratização” da nova era. A identificação das diferenças torna-se preconceito repugnante, e o pluralismo é válido, desde que se siga a teoria do “vale-tudo” para quaisquer circunstâncias dentro da ordem mundial. A liberdade da autonomia perde o caráter de responsabilidade e cede o lugar para a independência do relativismo anárquico sem compromissos duradouros.

Nesse “admirável mundo novo” nada pode ficar de fora do caos, principalmente se o assunto é fé ou religião, resquícios medievais de um homem primitivo que inventou crenças para sanar a ignorância. Assim, oficializou- se que o laicismo deve corresponder a única alternativa para que todos possam conviver em harmonia e o Estado não se sinta influenciado por forças espirituais incontroláveis. Em outras palavras, nenhuma Verdade pode ser tombada como patrimônio da humanidade defendido por “A” ou por “B”, mas deve ser fluida conforme as diferentes vontades que surgem e se propagam em cada esquina.

“Pare o mundo que eu quero descer”, diria Raul Seixas. De fato, estamos numa nave desgovernada, sem conhecer porto-seguro que se aproxime. As repercussões atingem desde a educação dos filhos, até movimentos sociais, passando por quebra de paradigmas científicos e éticos que envolvem até o nascer e o morrer, alcançando as decisões políticas e institucionais, manifestas numa enorme angústia de incompreensão sobre qual escolha de valores fazer para se poder caminhar. O progresso sempre ocorreu, mas a velocidade nesse caos tornou-se uma doença que assume características epidêmicas na população mundial.

Onde estará o Norte? Em quem confiar? Em quem apoiar a nossa de- terminação, a nossa vontade, o nosso sentido em viver? A essas questões, os olhos têm duas direções: olhar para os céus ou para o próprio umbigo. É necessário transcender para poder re- tomar a realidade humana. O porquê da sua criação e seu destino. Estamos falando sem dúvida de crenças e religião. É urgente que a humanidade, em cada homem e mulher, volte-se para essa condição. E como fazê-lo?

O cenário apresentado empurra-nos a construir a nossa própria crença. A fé submete-se à razão científica ou ao extremo do achismo pessoal, em que cada um acredita no que bem entende ser o melhor para ele: “o que importa é ser feliz”. Como em um supermercado, se pega o que interessa em cada prateleira, e deixa-se aquilo que não agrade, ou contrarie. E mais, critica-se severamente como radicais os que optam pela adesão incondicional por um determinado caminho já conhecido e tradicional. Nascem novos Frankensteins a cada dia. Associam-se princípios de direções contrárias que satis- façam desejos pessoais e transitórios. Colocam um sapato 38 num pé 42, mas não querem que aperte os dedos. Usam perucas para não enxergar que estão carecas. O que acaba acolhendo esse espetáculo é o cenário distorcido de uma festa de carnaval grotesca, na qual reinam as máscaras e se escondem os verdadeiros rostos.

“Contudo, se vos desagrada servir ao Senhor, escolhei a quem quereis servir (...) Quanto a mim e à minha família, nós serviremos ao Senhor” (Josué 24,15). Bem diz o ditado: ou você se esforça por viver, por comportar-se, de acordo com aquilo que acredita; ou se renderá a acreditar naquilo que está vivendo. É urgente que essa afirmação seja levada aos quatro cantos. Seja falada, lida e relida, analisada, avaliada e, principalmente, confiada, diante da enxurrada dos acontecimentos mencionados acima. É preciso voltar a valer a fé, ato de confiança e esperança que se manifesta no Amor a Quem se acredita. A quem você está seguindo? Porque a vida não para, e para alguma direção você está andando, ou sendo empurrado. É preciso escolher.

 

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