Liturgia e Vida

Produzir frutos e entregá-los

A Palavra que o Senhor nos dirige nesta liturgia nos leva, mais uma vez, a uma plantação de uvas. Dirigindo-se aos sumos sacerdotes e aos anciãos do povo, Jesus lhes conta uma história, que é a sua própria história e a história do povo liderado por aqueles chefes religiosos. Jesus fala da sua morte e de um novo povo que produz frutos. Realiza-se, assim, a palavra do salmista, segundo a qual os construtores, que são os sacerdotes e os anciãos, rejeitam uma pedra, que é Jesus Cristo, e ela se torna a pedra principal de uma nova construção. Por causa dessa rejeição, o Reino de Deus é tirado do povo que esses homens lideram e é entregue a um povo que produz frutos. Não se trata simplesmente de um novo povo detentor de uma doutrina correta, e sim de um novo povo caracterizado pela sua prática. A identidade desse novo povo se verifica nos frutos que produz e entrega. 

Na história de Jesus, há três momentos com uma conclusão. Um proprietário de terra planta uma vinha e cuida que não lhe falte nada para seu bom desenvolvimento. Arrenda-a e viaja. Depois, na época da colheita, manda empregados receberem os frutos, mas em vez de frutos, recebem pancadas até a morte. O proprietário envia, então, o seu próprio filho, que os vinhateiros jogam fora da vinha e matam para ficar com a herança. Conclusão: os vinhateiros serão punidos e a vinha arrendada a outros que entregarão os frutos no tempo certo. 

Conclusões para nós: Os vinhateiros queriam a herança, e a morte do Filho deu a eles a possibilidade de possuí-la, não sozinhos, mas com todos os que quisessem participar do novo povo. O novo povo, por sua vez, é formado por quem produz os frutos que o proprietário deseja. 

No Cântico da Vinha do profeta Isaías, o povo de Israel foi a amada plantação de Deus, que não produziu frutos de justiça, mas injustiça; não produziu obras de bondade, mas de iniquidade. O Evangelho falava do comportamento dos trabalhadores da vinha. O profeta Isaías fala da uva produzida. Em torno da vinha, tudo era bom, exato e correto. O fruto, porém, foram uvas selvagens. E o profeta pergunta: “Onde foi que eu falhei?”. 

Não podemos nem devemos dizer que o povo judeu foi rejeitado por Deus. Tal povo rejeitou Jesus de Nazaré, o Cristo enviado por Deus, mas ele mesmo não foi rejeitado. Deve, porém, aceitar que, pela morte do Herdeiro, jogado fora da vinha, que é Jerusalém, todos os povos da terra se tornaram, com Israel, o povo eleito e amado por Deus. Que todos os filhos de Abraão produzam e entreguem frutos benditos de justiça e paz.

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