Editorial

Por que marchar pela Vida – #salvemosasduasvidas

Nos últimos anos, assistimos ao surgimento de movimentos sociais articulados em torno de uma causa: a defesa da vida do nascituro. Nascidos em países do primeiro mundo, sobretudo naqueles em que há décadas o aborto é legalizado e, portanto, onde se presumia uma questão resolvida no âmbito legal e da opinião pública, como é o caso dos Estados Unidos e da Itália, esses movimentos logo se espalharam por diversas regiões, incluindo a América Latina, e têm levado às ruas milhares de pessoas de todas as idades, sexo e crenças, em manifestações contra uma anticultura que São João Paulo II cunhou com a expressão “cultura da morte”.

Em boa parte, os movimentos pró- -vida ganharam força graças ao desenvolvimento das ciências e de novas tecnologias. O mapeamento do genoma humano e sofisticados exames de imagens, como a ultrassonografia em três dimensões, permitem acompanhar a gestação de um ser humano semana a semana, e colocaram um ponto final a qualquer dúvida sobre quando a vida humana começa.

Imagens de fetos abortados em latas de lixo e a descrição a respeito dos métodos usados e de como o aborto é realizado, somadas às denúncias de venda de órgãos dos fetos para pesquisadores que atuam onde o aborto é livremente praticado, têm chocado a opinião pública e revelado toda a crueldade de uma proeminente “indústria da morte”, montada à custa de mulheres em situação vulnerável e de milhares de crianças que tiveram suas vidas ceifadas.

Em contraposição às ideologias propagadas por movimentos feministas e abortistas, que procuram, a todo custo mascarar com as expressões “direito da mulher” e “questão de saúde pública” o que o aborto realmente é – um genocídio de crianças –, os movimentos pró-vida reclamam o mais fundamental de todos os direitos: o da vida do nascituro. Vida para a criança e vida para a mãe. Sem aborto, ninguém morre. Médicos e médicas cientes da missão para a qual se formaram têm advertido o universo feminino para o fato de que não existe aborto seguro.

No Brasil, o esforço de abortistas para legalizar a prática do aborto até o terceiro mês de gestação ganhou contorno obsessivo e antidemocrático: na impossibilidade de aprová-lo por meio do Poder Legislativo, que atende a vontade da esmagadora maioria dos brasileiros, o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) entrou com uma ação no STF com o intuito de que sejam declarados inconstitu c i onais os artigos do Código Penal Brasileiro que proíbem essa prática e a criminalizam. Em audiências públicas recentemente ocorridas no STF, entidades pró e contra a legalização do aborto apresentaram seus argumentos em um debate que não deveria estar acontecendo naquela instância, uma vez que ao STF não cabe a competência de legislar.

Em São Paulo, um grupo expressivo de entidades está organizando uma grande Marcha pela Vida, agendada para o próximo dia 30, com início previsto na Avenida Paulista e término na Praça da Sé. Não se trata de uma manifestação religiosa, mas, sim, civil. Trata-se da defesa de um direito humano com fundamentos no direito natural.

Em reconhecimento à legitimidade da causa, que vai ao encontro da preocupação constante da Igreja Católica com a defesa dos mais fracos e da própria democracia, a Arquidiocese de São Paulo apoia a Marcha pela Vida e exorta a todos os homens e mulheres de boa vontade que saiam às ruas em defesa da vida. Pois, como ensina o Papa Francisco, “no ser humano frágil, cada um de nós é convidado a reconhecer o rosto do Senhor, que na sua carne humana experimentou a indiferença e a solidão, às quais frequentemente condenamos os mais pobres, tanto nos países em fase de desenvolvimento, como nas sociedades abastadas. Cada criança não nascida, mas condenada injustamente a ser abortada, tem o rosto de Jesus Cristo, tem a face do Senhor, que ainda antes de nascer e depois, recém-nascido, experimentou a rejeição do mundo”. (Discurso a ginecologistas católicos, 20.09.2013).

 

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