Editorial

Patriotismo

O cristão leigo não pode ser indiferente à política, pois, como ensina o Papa Francisco, ela é uma das mais fortes expressões da caridade, sempre e quando os que a exercem têm como fim a busca do bem. 

As más notícias que nos últimos meses são veiculadas diariamente na imprensa - que cumprindo com o seu dever, torna  públicas as mazelas e atos espúrios de políticos e personalidades cujas ações impactam diretamente a sociedade como um todo - podem levar o cidadão brasileiro a um estado de desânimo, de descrédito e mesmo de indiferença com relação à política, considerando-a suja ou um espaço social em que uma pessoa de bem não pode nem deve entrar. Com relação a tal juízo, o Santo Padre responde: “Está suja por quê? Por que os cristãos não se envolveram nela com o espírito evangélico?”. E conclui: “É fácil colocar a culpa nos outros, mas eu, o que eu faço?”.

A pergunta do Papa Francisco procede. É comum encontrar pessoas que, em conversas entre amigos ou postagens em mídia social, manifestam grande indignação contra atos de corrupção – o que é justo e bom, pois não se pode perder a capacidade de indignar-se com o que é objetivamente mau –, mas que, em suas vidas privadas, cometem as mesmas ações em menor proporção. Quando propõe a pergunta sobre “o que eu faço”, o Papa recorda que são as ações humanas que tornam a política suja, e que atos individuais sempre impactam a coletividade. Recorda, também, que a inércia e a indiferença com relação à política é omissão. Há, portanto, um chamado à conversão. A política será limpa sempre quando os homens e mulheres que a exercem são limpos e buscam a verdade e o bem comum. 

No Brasil, as eleições se aproximam. O brasileiro terá que ir às urnas e decidir a quem delegar, por meio do voto, poderes para governar, no caso do Poder Executivo, e quem o representará na assembleia legislativa, cuja uma das funções é elaborar as leis que regem a nação.  

Votar e votar bem é uma questão de patriotismo, entendido não apenas como amor às características geográficas e culturais de seu país de origem, mas como comprometimento com o bem comum de todos os compatriotas. O verdadeiro patriotismo impulsiona o cidadão a defender a pátria e seus cidadãos contra injustiças e opressões e a se opor a governos que se desviaram dos fins para os quais foram estabelecidos, para que retomem o caminho da justiça, da promoção humana, da família, da defesa da vida, da liberdade religiosa e de expressão e da democracia. 

Esse conjunto de valores são precisamente aqueles que devem servir de critério de avaliação e de decisão na hora da escolha do candidato em quem votar. Não fazem assim aqueles que nas urnas perseguem apenas interesses próprios em detrimento ao bem comum.
 

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