Comportamento

Os vestibulares chegaram!

Entramos na reta final. O Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) é de fundamental importância para a pontuação e, em alguns cursos, é o parâmetro de avaliação para a aprovação ou não. A tensão se apodera de jovens cansados, após tanto estudo, no caso daqueles que se prepararam responsavelmente. São conscientes que numa fração pequena conseguirão a tão desejada vaga. O número insuficiente nas faculdades públicas e muitas vezes, os valores inacessíveis nas instituições particulares impossibilitam o sonho para muitos, já em sua segunda, terceira ou quarta tentativa... 

A situação não é indiferente aos pais. A aprovação é alegria para a família. No entanto, é preciso saber conviver com os insucessos, avaliá-los adequadamente e tomar decisões. São diversos os fatores que levam à não aprovação. Desde as dificuldades próprias da concorrência pela área escolhida, até doenças que afastam o jovem de um melhor estudo, bem como condições emocionais pela ruptura de relacionamentos, ou mesmo a ausência de tempo disponível para estudo, por trabalhar para a ajuda da casa. Existem os que não fizeram por merecer pela falta de empenho pessoal, apesar de todas as circunstâncias favoráveis. Em situação mais delicada de avaliação, estão aqueles que não apresentam, por diversos motivos, condições de capacidade para enfrentar a “guerra do vestibular”. 

A complexidade do tema não permite uma proposta fácil sobre como abordar este período na vida desses jovens. Cada um deles merece uma atenção individualizada, que se poderá obter mediante o diálogo sincero e acolhedor entre os pais e irmãos. Vale a pena apontar dois aspectos. O primeiro diz respeito ao período pré-exames.  A fragilidade pela tensão emocional, o descontrole em casa, o isolamento, ou mesmo certo desânimo e cansaço, devem ser enfrentados pelos familiares com solidariedade, sem invasão da intimidade, salvo seja o desejo do filho (a). Atenção em ouvir, sem falar muito, pode ser uma grande ajuda. Não é hora de profundas avaliações e críticas, ainda que merecidas, mas que nada colaborarão agora. O segundo aspecto referese ao clima após a liberação das listas. Muitos já o saberão às portas das festas de fim de ano. Outros somente depois de janeiro. Ninguém gosta de passar o Natal sem este “presente”. Nessa realidade, o ambiente familiar torna-se fundamental. Saber superar os resultados, fazer uma pausa para esses dias de festejos, sem se deter em muitos comentários de lamentações é muito importante. Para os aprovados, vida nova! Para os que ficam, é necessário, após as festas, uma avaliação sincera sobre o que fazer. 

Gostaríamos de mencionar que a sociedade atravessa, nas últimas décadas, uma transição enorme em relação aos caminhos de educação e profissionalização. Muitas profissões de grande sucesso atualmente sequer existiam há menos de 20 ou 30 anos. O profissional cada vez necessita de uma formação mais eclética, que o permita se desempenhar em áreas que conversem entre si, apesar de naturezas distintas. Cursos, não necessariamente faculdades, abrem portas para atividades técnicas de significativa importância para o profissional, para sua família e toda a sociedade. 

Criou-se no Brasil um mito no qual “todos devem ser universitários”. Sem dúvida, não se pode desmerecer as portas que se abrem mediante um título nesta ou naquela área. Porém, o trabalho digno que se realiza em tantos outros serviços pode resultar em sucesso pessoal, econômico e social, superiores aos dos universitários. Encontramos jovens que forçados pela família, ou teimosamente na sua obstinação, permanecem por anos em vestibulares, sem alcançar o resultado desejado. Não é o caso de reavaliar? Sonhar e seguir seus sonhos é um desejo de grande valor, sem que isso possa se tornar um pesadelo. Devemos estar abertos a novos caminhos, e nisso o apoio e orientação de professores, pais ou psicólogos, quanto às potencialidades individuais, exerce papel fundamental. O importante é que cada um possa desenvolverse dentro das suas possibilidades e com o melhor do seu esforço, como uma pessoa digna, cujo mérito e realização estão além dos resultados de concursos. 

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