Liturgia e Vida

‘Os seus olhos não mais podiam vê-lo’ (At 1,9)

Solenidade da Ascensão do Senhor – 2 DE JUNHO de 2019

A Ascensão do Senhor inaugura um novo tipo de relacionamento entre os discípulos e Jesus. Até então, eles viam, tocavam e falavam com o Senhor, olhando-o nos olhos. A partir da Ascensão, a Igreja será privada da presença visível de Cristo. Isso, porém, não quer dizer que Ele estará ausente. Jesus continua presente e atuante, porém de um modo invisível aos olhos corporais. Afinal, o Senhor mesmo havia prometido: “Eis que estarei convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28,20).

O livro dos Atos dos Apóstolos exprime assim esse mistério: “Uma nuvem o encobriu, de forma que seus olhos não mais podiam vê-lo” (At 1,9). Nossos olhos não podem vê-lo, contudo Ele está conosco. Está substancialmente presente na Eucaristia e continua agindo por meio dos sacramentos. Quando a Igreja batiza, é Ele quem batiza; quando oferece a missa, é Ele quem renova sobre o altar o Sacrifício da Cruz; quando perdoa os pecados na Confissão, é Ele quem diz: “Eu te absolvo dos teus pecados”. Para nós que o seguimos depois da Ascensão, valem as palavras de Cristo a Tomé: “Felizes os que acreditaram sem ter visto” (Jo 20, 29).

É verdade que se cumpriu aquilo que confessamos todos os domingos no Creio: “E subiu aos céus, onde está sentado à direita do Pai”… Seria um erro, porém, pensar que isso significa que, depois da Ascensão, Jesus se encontra distante, lá longe nas alturas! Paradoxalmente, depois de subir ao Céu, o Senhor, de certo modo, encontra-se ainda mais perto! Afinal, o seu Corpo ressuscitado não tem limitações espaciais; Ele vive e age não somente na Judeia e na Galileia, mas em todo o mundo e por todos os tempos.

Isso acontece por meio da ação do Espírito Santo, que o Pai enviaria à Igreja dez dias depois da Ascensão. O divino Paráclito torna Cristo presente entre os seus discípulos, que devem levá-lo por todo o mundo. Por essa razão, no Evangelho deste domingo, o Senhor diz: “Eu enviarei sobre vós Aquele que meu Pai prometeu. Por isso, permanecei na cidade, até que sejais revestidos da força do alto” (Lc 24,49).

Ele não nos deixou órfãos! A sua Ascensão era necessária para a vinda do Espírito Santo em Pentecostes. Por isso, assim que Ele subiu, os discípulos não se entristeceram. Ao contrário, segundo São Lucas, “voltaram para Jerusalém, com grande alegria” (Lc 24,52)! Sabiam que o Senhor desaparecia de seus olhos, mas não os abandonaria.

A partir da solenidade da Ascensão do Senhor, faremos vigília com os apóstolos e com Maria Santíssima, pela vinda do Espírito Santo! Rezaremos unidos a eles para que Deus derrame o Seu Espírito abundantemente sobre a Igreja, como em Pentecostes. Nós nos disporemos a recebê-lo com docilidade, implorando os seus sete dons e que se manifeste em nossa alma os seus 12 frutos.

Na espera por Pentecostes, fazemos por nossos irmãos de fé a oração de São Paulo: “Que Deus abra o vosso coração à sua luz, para que saibais qual a esperança que o seu chamamento vos dá” (Ef 1,18).

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