Fé e Cidadania

Objetivos do Desenvolvimento Sustentável

Na histórica Cúpula das Nações Unidas, de 2015, foram aprovados os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), também conhecidos como Agenda 2030. 
A erradicação da pobreza, da fome, a oferta de saneamento básico para todos, o pleno emprego, a saúde e o bem-estar, entre outros, são as metas a serem cumpridas até 2030.  
Trata-se, naturalmente, de projeto extremamente ambicioso que já adentra no primeiro quinquênio e, como se sabe, 2030 está logo aí.
A pauta que está em jogo, aliás, já fora fixada por São Paulo VI na Populorum Progressio, de 1967: o desenvolvimento do homem todo e de todos os homens. 
Essa pauta, terapia de choque rumo ao humanismo integral, exige compromissos concretos com mudança social e com a redução do abismo que separa os povos da fome dos povos da opulência, na precisa expressão da Gaudium et Spes.  
Aqui está a se tratar da “casa comum”, tão degradada, a que se refere incansavelmente o Papa Francisco e que, ainda agora, foi objeto do Sínodo para a Amazônia, esse lugar no qual a ecologia integral – vida sobre a terra, vida debaixo da terra e alterações climáticas, três dos ODS – parece criar disputas entre a cobiça e a solidariedade. 
A vitória dos Objetivos não depende tão somente de recursos financeiros, que são de magnitude, mas inferiores ao que se dispendeu, em 2008, para manter intacto o “imperialismo internacional bancário” a que já aludira Pio XI, insuspeito de qualquer vínculo ideológico esquerdizante, na Quadragesimo Anno (1931). Foram gastos, segundo estimativas da época, quase 5 trilhões de dólares para que a derrocada do sistema financeiro fosse evitada.  Portanto, haverá dinheiro, mas o respectivo deslocamento depende, sobretudo, da vontade política dos homens que nem sempre têm boa vontade. 
Urge que tenhamos na pauta os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Que sejamos capazes de interpelar, oportuna e inoportunamente, os detentores dos poderes do Estado e mesmo aqueles gigantes da economia que também são chamados a operar em favor do bem de todos. 
O que tem acontecido, afinal, para que a sustentabilidade ambiental tenha assumido essa importância transcendental? A brutal distorção no curso das riquezas, na advertência do mesmo Pio XI – 1931! –,   que não promove igualdade, não outorga justiça social e, agora, na crise mais recente, denega acolhida aos irmãos que querem se refugiar em todas as partes. 
As Nações Unidas estão devendo, desde os anos 1970, a discussão séria sobre uma verdadeira nova ordem econômica internacional que seja norteada pelos valores da justiça social e do desenvolvimento, novo nome da paz, consoante a lembrada tese da encíclica de 1967. 
Independentemente de instrumentalizações e manipulações ideológicas, que podem acontecer tanto à esquerda quanto à direita, os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável são um guião capaz de solucionar os mais destacados problemas que a pauta do terceiro milênio apresenta. Vistos a partir da contribuição positiva que podem dar, são um campo de diálogo e encontro entre aspirações legítimas do mundo laico e a Doutrina Social da Igreja. E é nessa perspectiva que devem ser assumidos e purificados, quando necessário. 
Uma boa pauta de reflexão para este começo de ano. 
 

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